Pesquisa revela que 36% dos consumidores usaram nome de terceiros para compras

Negar ajuda a um parente ou amigo que passa por dificuldades financeiras é uma situação que pode gerar constrangimentos. E no caso de atraso no pagamento da dívida, quem pede o nome emprestado também pode causar transtornos nas finanças de quem empresta. Dessa forma, atrapalhando inclusive a relação de amizade entre as duas partes. Um levantamento feito em diversas áreas do país pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostrou que 36% dos consumidores fizeram compras utilizando o nome de terceiros nos 12 meses anteriores à pesquisa, sendo que o hábito de pedir o nome emprestado é ainda maior entre as pessoas de mais baixa renda (38%) e entre os jovens (46%).

De acordo com o estudo, a prática é utilizada, principalmente, por quem está com dificuldades de acesso ao crédito ou enfrenta imprevistos e não conta com uma reserva de emergência.

Em cada dez pessoas que pediram o nome de alguém emprestado para realizar compras parceladas, três se encontravam com o limite estourado no cheque especial ou cartão de crédito. Outros 22% não tinham determinadas modalidades de crédito à disposição para uso, 18% estavam com o ‘nome sujo’ e 16% tiveram crédito negado.

Passos

Na realidade de Passos, o atendente Paulo Júnior Nascimento, de 26 anos, enquadra-se na pesquisa. Segundo Nascimento, por falta de educação financeira, desde que decidiu morar sozinho, teve dificuldades para pagar as dívidas contraídas no cartão de crédito, e por esta razão, precisou que recorrer a familiares. “Fui ansioso e acabei comprando todos os itens da minha casa em um único mês, com algumas dificuldades do trabalho, não consegui pagar tudo e entrei em bola de neve, acabei inadimplente. Com o tempo, alguns problemas particulares foram aparecendo, sem nenhum tipo de poupança, tive que pedir ajuda para a minha mãe, que vez ou outra acaba me socorrendo, seja para comprar remédio, ou alguma coisa no mercado”, contou.

De maneira parecida, o mototaxista Jefferson Ferreira Morais, de 37 anos, acabou tendo as contas desequilibradas, no entanto, neste cenário, preferiu solicitar o apoio de amigos próximos. “É uma situação chata, mas pedir o cartão para amigos acaba sendo, muitas das vezes, melhor do que fazer empréstimo ou comunicar algum parente. Todos passam por situações difíceis e precisam de ajuda, em um momento fui eu, mas também já colaborei muito com quem precisou de mim”, disse.

Já do lado de quem empresta, a aposentada Edvânia Maria Sousa lembrou más experiências. “A gente entende a situação de quem precisa, fica com dó e acaba emprestando. Só que tem muita gente que, depois do empréstimo, ao invés de pagar, vai dando prioridade a outras coisas e quando cobramos diz que houve um imprevisto, daí vai ficando para depois, até que você cansa de cobrar e paga para não ter o nome ‘sujo’. Hoje penso duas vezes em emprestar, depende muito da situação”, considerou.

Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o consumidor que empresta seu nome precisa refletir sobre as consequências do ato, pois a responsabilidade legal sobre a dívida é sempre de quem emprestou, já que, formalmente, ele é o titular da pendência financeira.

“Caso o tomador do nome emprestado não consiga honrar o compromisso assumido, é a pessoa que empresta o nome quem arca com as consequências financeiras e jurídicas da situação. Recusar ajuda para familiares e amigos pode parecer cruel, mas muitas vezes, essas já apresentam um histórico desfavorável de pagamentos e há um risco real de que a dívida não seja paga e quem emprestou o nome será obrigado a arcar com o pagamento da quantia sozinho”, lembrou.

Via Folha da Manhã

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Postado originalmente por: Portal Onda Sul – Carmo do Rio Claro

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