Pesquisadores buscam prever o risco de coronavírus evoluir para quadro grave

Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) uniram-se para desenvolver um teste rápido com baixo custo para diagnosticar os casos de coronavírus e identificar os pacientes com risco de evoluir para quadros de insuficiência respiratória. O método se baseia na análise do padrão de moléculas encontrado em fluidos corporais e tem custo previsto entre R$ 40 e R$ 45 por paciente.

Eles desenvolvem uma linha de pesquisa que combina ferramentas de metabolômica e inteligência artificial para buscar biomarcadores que ajudem no diagnóstico e na avaliação do prognóstico de diversas doenças, entre elas síndrome metabólica, infecções virais e fibrose cística. As amostras dos pacientes serão inicialmente analisadas em um espectrômetro de massas, equipamento capaz de revelar todos os metabólitos presentes no fluido corporal. Esse conjunto de moléculas indica aos cientistas os diversos processos metabólicos ativos no organismo.

O próximo passo será feito no Instituto de Computação da Unicamp, sob a coordenação do professor Anderson Rezende Rocha, é usar ferramentas de aprendizado de máquinas para analisar tanto os resultados das amostras de indivíduos com coronavírus quanto das amostras de pessoas saudáveis, que servirão de controle. Dessa forma espera-se “treinar” o programa de computador para reconhecer o padrão saudável, o padrão do paciente infectado pelo novo coronavírus e também o padrão associado aos casos graves da doença.

A captação dos participantes e a coleta de amostras estão sob a coordenação do professor colaborador da Faculdade de Medicina (FM) da USP, Rinaldo Focaccia Siciliano, médico assistente da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP) e da Unidade de Controle de Infecção Hospitalar do InCor (Instituto do Coração). Siciliano explica que a seleção dos participantes será feita entre os pacientes admitidos no HC-FMUSP e do Hospital Municipal da Lapa, com sintomas de síndrome gripal, que incluem febre, tosse, coriza e dor de garganta.

Serão coletadas amostras de três grupos diferentes: pacientes com diagnóstico confirmado de coronavírus pelas técnicas moleculares hoje usadas na rotina, pacientes com diagnóstico confirmado de influenza (um dos vírus da gripe) e pacientes com sintomas gripais e resultado negativo para os dois patógenos. A vantagem do teste rápido é poder tirar o paciente de circulação, impedindo que transmita o vírus para mais pessoas, avaliou o pesquisador.

De acordo com Rodrigo Ramos Catharino, coordenador do Laboratório Innovare de Biomarcadores da Unicamp, depois que o conjunto de procedimentos e o software estiverem prontos e validados, será possível fazer mais de mil testes em um único dia. “Além de mais rápido que o método hoje usado, seria mais barato e ofereceria mais informações para ajudar o profissional de saúde no momento de decisão por hospitalizações e tratamentos”, pontuou.

Ester Sabino, professora da FMUSP e uma das idealizadoras do estudo, será responsável pelo armazenamento do material biológico coletado no Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP. O professor José Carlos Nicolau da FMUSP, que dirige a Unidade Clínica de Coronariopatia Aguda do InCor, está à frente de outro objetivo do projeto: entender de que modo o novo coronavírus altera a capacidade de agregação das plaquetas e a coagulação sanguínea, e as implicações clínicas desses processos.

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Postado originalmente por: Portal Onda Sul – Carmo do Rio Claro

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