Caso Backer: mais 30 supostas vítimas de intoxicação serão submetidas à perícia

De acordo com a Polícia Civil, essas pessoas serão ouvidas e submetidas a exames médicos para que sejam incluídas em um procedimento preliminar

Apesar da Polícia Civil ter concluído na semana passada o inquérito que apurou a intoxicação de clientes da Backer após ingestão de cervejas contaminadas, nos próximos dias serão ouvidas outras vítimas que inicialmente não constavam nos relatórios da investigação.

Trata-se de um grupo composto por 30 pessoas que apresentaram os sintomas da intoxicação nefroneural após consumo de cervejas produzidas pela empresa mineira. De acordo com a polícia, essas vítimas ainda não tinham sido incluídas na lista de contaminados feita pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde e, em função disso, não puderam constar no inquérito.

Aqueles que reclamaram ter apresentado os sintomas após consumo de cervejas da Backer serão submetidos a perícias médicas no Instituto Médico Legal (IML) e prestarão depoimento para que sejam incluídos em um procedimento preliminar. A polícia não informou a partir de quando começa a nova série de exames nos pacientes supostamente infectados, declarou apenas que os trabalhos serão iniciados nos próximos dias. Segundo um grupo que reúne as famílias afetadas pelos casos de intoxicação, estão sob investigação exatos 30 casos suspeitos de pessoas que também teriam se contaminado após ingerir a bebida com dietilenoglicol.

Há cerca de uma semana, na terça-feira passada (9), os delegados à frente do inquérito apresentaram as conclusões da investigação e indiciaram 11 funcionários ligados à Backer, entre químicos e engenheiros, pelos crimes de homicídio, lesão corporal e contaminação de produto alimentício. Em contrapartida, os três sócios que são proprietários da cervejaria poderão responder judicialmente por descumprimento das ordens de retirada de lotes da cerveja do mercado, por intoxicação de produto alimentício com dolo e por não alertar os consumidores dos riscos de contaminação.

A investigação que durou cinco meses concluiu que um erro em um dos tanques de fabricação das cervejas causou a intoxicação de, pelo menos, 29 pessoas e a morte de sete outros consumidores da marca. O dietilenoglicol, substância tóxica encontrada nos organismos das vítimas que ingeriram as bebidas, vazou por um furo no tanque. Em cada cerveja contaminada, a polícia encontrou aproximadamente seis milímetros de dietilenoglicol. Segundo Thalles Bittencourt de Vasconcelos, superintendente da perícia do IML, uma garrafa da bebida seria suficiente para matar uma pessoa.

Advogados da cervejaria Backer declararam na quarta-feira passada (10) que discordam das conclusões do inquérito da Polícia Civil e que a empresa não pode ser acionada criminalmente. Marco Aurélio de Souza Santos, um dos advogados contratados pela cervejaria, declarou que a Backer nunca comprou dietilenoglicol e “não tem culpa pelo vício de fabricação do tanque”. Ainda na conclusão do inquérito, o delegado Flávio Grossi esclareceu que não importo se a cervejaria comprava dietilenoglicol ou monoetilenoglicol, uma vez que os dois produtos são tóxicos.

O Tempo

Postado originalmente por: Portal Sete

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