Coronavírus: infectologista diz que chegada de nova cepa ao Brasil é ‘questão de tempo’ e que vacinas têm eficácia contra mutação

O especialista também alerta para o risco de disseminação do vírus nas festas de Réveillon

Integrante do comitê de enfrentamento à pandemia de covid-19 em Belo Horizonte, o infectologista Carlos Starling disse que é “questão de tempo” para a nova cepa do coronavírus, mutação que tem se espalhado na Europa, chegar ao Brasil. Doze países já registraram a variação que tem mostrado maior capacidade de provocar infecção.

“Ela dissemina mais rápido. Isso que temos visto na Inglaterra e em outros países. Mas não quer dizer que ela gere casos mais graves, mas uma vez disseminando mais o problema fica mais difícil de ser controlado. A chegada ao Brasil é tão certa quanto a chegada do vírus (em março)”, disse em entrevista ao Jornal da Itatiaia I Edição desta segunda-feira.

“No princípio da pandemia adotamos uma estratégia de controle de migração de passageiros, uma série de restrições, e isso não funcionou muito bem. Isso não funcionou em lugar nenhum. Porque é muito provável que a cepa já esteja circulando vários países ao mesmo tempo. E aqui não seria diferente”, explicou.

A forma de evitar o avanço da nova cepa é o mesmo do comportamento já adotado: distanciamento social, uso de máscaras e medidas de higiene.

Vacinas devem funcionar contra a nova cepa 

Apesar da preocupação com a mutação do coronavírus, as vacinas já disponíveis e que devem integrar em breve o programa de imunização nacional devem fazer efeito nas variações do vírus. “A maior parte das vacinas são dirigidas contra uma proteína, na superfície do vírus. Ela pode mudar um pouco, mas não muda completamente”, explica.

Starling também diz que, ao longo de dois, três anos, podem ser necessários ajustes nos imunizantes. “Assim como temos um ajuste contra a influenza que todo ano tem que mudar. Mas o coronavírus é mais estável que a influenza”, diz.

Festas de Revéillon em BH

O infectologista também alertou para os riscos cujo os quais estão atrelados a festas de virada de ano com aglomerações em meio à pandemia de covid-19. Na capital mineira, a prefeitura proibiu a realização de eventos.

“Elas são ilegais e criminosas à medida que geram óbitos por irresponsabilidade de quem promove e quem frequenta. É bom que as pessoas saibam que, secundariamente, elas podem matar alguém e, eventualmente, pessoas do seu convício. Pessoas com as quais ela mora. É importante que todos tenham esse tipo de consciência”, destacou.

“A preocupação é muito grande porque cada evento que reúne 100, 150 pessoas, gera um número de casos na transmissão muito acelerada. Alguns estudos feitos fora do Brasil mostram que essas festas geram, secundariamente, volume de internações altíssimos e cerca de 7, 10 óbitos para cada festa dessa. Não, necessariamente, das pessoas que estavam na festa, mas de outras pessoas vulneráveis com as quais as pessoas que estavam na festa vão se encontrar”, completa.

 

Por Itatiaia

Postado originalmente por: Portal Sete

Pesquisar