Fábricas de carros devem voltar ao trabalho em junho

Empresas irão adotar novos processos, como medição de febre, higienização dos ônibus fretados e até mudanças no refeitório 

Todas as montadoras devem voltar a produzir carros até o começo de junho. A informação foi dada pelo presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Carlos Moraes, que conversou com jornalistas sobre o momento do setor automotivo em uma live promovida pela Automotive Business.

Para o executivo, que também é diretor de comunicação da Mercedes-Benz, este é um momento dramático com grande risco de recessão profunda em um futuro próximo.

Como o setor teve uma queda de receita de 80%, as empresas decidiram postergar os gastos e redefinir as prioridades. A grande preocupação é com o capital de giro das empresas (o caixa), já que não tem como pedir socorro para as matrizes, que também estão sofrendo com os impactos da Covid-19. “A nossa prioridade é pagar o boleto do mês e proteger o caixa”.

Mas a indústria já está pensando em como será a volta da produção e o que é possível fazer para incentivar o consumo.

“Não é algo simples voltar a produzir. Estamos trabalhando muito forte para preparar a volta das fábricas do ponto de vista de segurança da saúde. Outro tema que já estamos discutindo é o que é possível fazer para estimular o consumidor. […] Se a gente não pensar na economia, vamos ter uma depressão muito grande e muita gente vai morrer pelo caminho. Nós também precisamos ‘achatar’ a curva da recessão do país”, afirma.

Questionado se será preciso estender a redução salarial, Luiz Carlos diz que a MP 936 evitou demissões, mas que a extensão “irá depender de quanto tempo vai demorar para retomar a produção em volumes no mínimo aceitáveis. A medida é boa, estamos usando e por enquanto estamos conseguindo evitar demissões no setor”, afirma.

O executivo listou algumas das medidas que devem ser tomadas para que as fábricas voltem a operar até junho. São elas: medição de febre dentro da fábrica, higienização dos ônibus, escritórios, banheiros, vestiários, fábricas, máquinas e ferramentas. Mudança no restaurante, na maneira como são feitas as refeições. “A indústria automotiva está num padrão de segurança do trabalho que pode ser referência para outros setores também”.

Questionado sobre o investimento que as montadoras terão de fazer para cumprir a lei de emissões e o Rota 2030, por exemplo, Luiz Carlos diz que esses investimentos serão adiados ou cancelados.

“Eles estão congelados. Ninguém pode gastar, mas ele não está cancelado. Na prática, a lei é: proteja o seu caixa. As empresas cortaram todas as despesas não prioritárias. Com uma queda de 80% da receita, não dá pra continuar investindo da mesma forma” afirma.

E o carro elétrico?

“Eu acho que vai atrasar. Não é que a gente vai negar esse novo futuro. A gente já estava trabalhando que ele viria numa velocidade menor que dos outros países e agora ele vai vir mais tarde, sim. O dólar também dificulta. Eu vejo, sim, um distanciamento do carro elétrico no Brasil”.

Auto Esporte

Postado originalmente por: Portal Sete

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