Rui Costa dá detalhes de reunião para acerto do Atlético com Dudamel e diz que Sampaoli fez muitos pedidos ao clube

Galo conversou com os dois treinadores e optou por fechar com venezuelano

O Atlético demorou quase um mês para anunciar a contratação de um novo treinador. Depois da saída de Vagner Mancini, o alvinegro tinha duas opções em mente: o argentino Jorge Sampaoli e o venezuelano Rafael Dudamel. No último sábado, dia 4 de janeiro, a diretoria oficializou a contratação do segundo. O novo técnico já iniciou os trabalhos na Cidade do Galo.

O que poucos sabem é sobre os bastidores das duas negociações. As reuniões entre eles aconteceram em dias seguidos. Primeiro, o Galo conversou com Dudamel. O encontro durou cerca de quatro horas e deixou dirigentes do clube empolgados. No dia seguinte, Sampaoli veio a Belo Horizonte para as tratativas. Apesar de demonstrar muito conhecimento sobre o elenco alvinegro, o treinador argentino fez uma série de pedidos (clique aqui e leia sobre reforços desejados por ele) e incomodou a diretoria.

O Atlético, que já havia mostrado muito interesse em contratar Dudamel, teve ainda mais certeza depois da reunião com os dois treinadores. As negociações foram fechadas, mas o anúncio demorou alguns dias para ser feito. O clube tomou todas as precauções para não perder a oportunidade de contar com o venezuelano.

“Vou falar tudo. Vou ser muito transparente. Nós nos encontramos com o Dudamel numa quarta-feira, e nos encontramos com o Sampaoli na quinta. E eu não posso, como diretor de futebol, ser convocado para uma reunião com um treinador como o Sampaoli e não ir. Fui, ouvi, ponderei, falei, ouvi projetos e me impressionei, como havia me impressionado com o Dudamel. Mas no meu íntimo – e creio que para o presidente também – tinha uma tendência muito forte de ser o Dudamel, por uma série de fatores que eu não posso dizer aqui, porque seria deselegante da minha parte. Agora, você trabalha numa empresa importante e é convocado para uma reunião para tratar do maior comunicador ou de um grande comunicador que vai ser contratado. Você tem que ir. Se você não for… Eu estive lá, prestei muita atenção, fiquei impressionado com o nível de conhecimento que ele tinha da nossa equipe. Mas também fiquei impressionado com o nível de pedidos que ele nos fez”, disse Rui Costa, completando.

“E acho que se você perguntar isso para o Anderson Barros, do Palmeiras, ele vai te dizer a mesma coisa. Se você perguntar para o presidente Peres (José Carlos Peres, do Santos), ele vai te dizer a mesma coisa. Então, te digo com muita clareza. A gente não foi aqui para ir ali. Nós fizemos uma reunião de trabalho, profissional, com o Dudamel. Quatro horas. E, depois, quatro horas (com Sampaoli). E o Dudamel sabia. Porque a minha função exige isso. Eu preciso ouvir pessoas, preciso investigar. E tenho absoluta convicção que o Galo, que o presidente – e a última palavra é dele, obviamente -, que a gente fez a escolha certa”.

Escolha do presidente

Rui Costa fez questão de deixar claro que, a ideia inicial de contratar Rafael Dudamel, foi do presidente Sérgio Sette Câmara. Era um desejo do mandatário ter o treinador no comando da equipe e encerrar a troca constante de nomes no setor. O diretor de futebol do Atlético deu mais detalhes da longa reunião com o venezuelano.

“Nós sabíamos que tinha um perfil que tínhamos que buscar. Quando se encerra o ciclo do Mancini aqui, nós tínhamos claro esse perfil, e aí faça-se justiça ao presidente, que sempre foi um entusiasta da ideia de trazer o Dudamel. Me apresentou o projeto. Achei interessantíssimo, porque tinha o perfil e porque eu entendia, na condição do futebol, que era esse perfil que tínhamos que começar o ano de 2020. Nos encontramos em São Paulo, fizemos uma reunião de quatro horas. É bom dar esses detalhes ao nosso torcedor. Estávamos lá o presidente, o nosso vice-presidente Lásaro (Cândido da Cunha), um conselheiro importante do clube e o diretor de futebol. Falamos do projeto por quatro horas. Ele apresentou o que ele poderia oferecer para o Galo e nós dissemos o de que nós necessitávamos. Saímos todos dali todos convencidos de que o treinador do Atlético era o Dudamel”.

A demora para oficialização do acerto aconteceu por causa de um pedido de Dudamel. O treinador, que comandava a Seleção Venezuelana, não queria encerrar o seu ciclo no comando da equipe nacional com um telefonema. Então, o comandante foi à Venezuela, se reuniu com os dirigentes e colocou um ponto final em sua trajetória como técnico do país.

“Havia uma série de situações que eu não podia falar. Ele precisava se desligar da Venezuela, ele tinha uma relação de quatro anos. Não podia simplesmente comunicar por telefone que não era mais treinador. E o pau cantando. Faz parte. Nós ficamos, desde aquela reunião, e depois que se decidiu e se trocaram as minutas de contrato, porque tudo tem que ser com contrato assinado, nós ficamos passando material para ele”, disse o dirigente, que concluiu.

“Ele conhece profundamente o nosso elenco, porque nós estávamos trabalhando o tempo todo. Mas eu não posso dizer isso para os torcedores, não posso dizer isso para vocês (imprensa), porque o contrato não estava assinado ainda. Vai que alguém do Santos, do Flamengo, do Grêmio – e citei clubes que já têm treinador – liga e fala: ‘Olha, esse nome é bom’. Nós vínhamos desenvolvendo esse trabalho há bastante tempo. Por isso que ele deu uma entrevista muito seguro, conhecendo o elenco. Porque é assim que esse perfil de profissional trabalha. Essa é uma parte da história”.

Dudamel assinou contrato com o Atlético até o fim de 2021. Em sua coletiva de apresentação, o treinador venezuelano diz que pretende cumprir o vínculo com o clube e, até mesmo, renovar por mais tempo.

“Os treinadores vivem com malas atrás das portas. Espero que não seja nosso caso. Viemos com muito otimismo, muita ilusão e que termine meu ciclo no Atlético em dois, três, quatro anos. Só Deus sabe quando. Mas que seja com muitas satisfações e deixando sempre as portas abertas”, disse.

Fonte: Superesportes

Postado originalmente por: Portal Sete

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