Segurança do Diamond expulsa garoto levado ao shopping para comprar chinelo

Quem esteve no segundo piso do Diamond Mall, localizado na região Centro-Sul da capital, no sábado (6), por volta das 15h, presenciou uma cena que tem repercutido, principalmente entre belo-horizontinos, ao longo dos últimos dias. Um garoto que aparenta ter cerca de 13 anos foi expulso do shopping por um segurança. Ele foi levado ao estabelecimento por uma senhora que o avistou do lado de fora, fazendo malabares na rua, para comprar um par de chinelos.

Um casal que passeava com a família envolveu-se na confusão e relatou como tudo ocorreu por meio do Facebook. Um dia antes, na sexta (5), o Diamond virou assunto nas redes sociais por conta de uma manifestação pró-Bolsonaro. Apoiadores do presidenciável desfilaram pelas dependências do shopping depois de uma reunião para organizar o ato. O encontro contou com a participação de frequentadores, do chefe de segurança do local e da Polícia Militar (PM).

A advogada Aline Braga, de 26 anos, e o namorado, Brunello Amorim, jornalista, de 25, estavam em uma sorveteria com a família do rapaz quando se depararam com o menino chorando e gritando no segundo andar do shopping. Era um segurança que o encaminhava para fora do local.

https://www.facebook.com/plugins/post.php?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2Fbrunello.amorim%2Fposts%2F10215406230527055&width=500

Depois que o garoto foi expulso, Aline aproximou-se do funcionário para saber o que tinha ocorrido. Ela conta, por meio do relato publicado no Facebook, que o colaborador do shopping justificou a ação dizendo que foi xingado pelo garoto. No entanto, a advogada explicou ter presenciado a cena e que, diante disso, o segurança passou a tratá-la diferente.

“Ele mudou o tom na mesma hora e começou me agredir. Disse que não me devia satisfações, que não era obrigado a ver o menino xingar o segurança e não fazer nada”, escreveu. “O azar dele foi que eu estava lá e disse que nada disso aconteceu. Que ele estava ao lado de uma senhora e que só tinham ido comprar um chinelo”, explicou antes. A jovem também conta que o segurança questionou se ela estava “com dó” do menino e que sugeriu que ela o levasse “para casa”.

A advogada disse ter confrontado o funcionário e que, depois de um breve bate-boca, resolveu ir até a administração para fazer uma reclamação formal. Quando deu as costas, ouviu a expressão “vá caçar um macho”. Ela e o namorado falaram ao site Bhaz nesta segunda-feira (8) sobre o ocorrido. Eles consideram que houve racismo e machismo por parte do segurança.

https://www.facebook.com/plugins/post.php?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2Faline.brm%2Fposts%2F10157088535842697&width=500

“O menino estava descalço fazendo malabares com limões no sinal. A gente o viu antes de entrar no shopping e depois, mais tarde, quando já estava com a idosa. Percebi que os seguranças adotaram uma movimentação diferente diante dele, até mesmo os olhares”, explicou Brunello. “Eu fiquei sem reação quando o vi sendo expulso, foi uma cena de cortar o coração. Resolvemos denunciar nas redes sociais depois que a Aline foi ao SAC do shopping reclamar do ocorrido e o responsável da equipe de segurança se negou a falar com ela”, detalha o jornalista.

“O segurança conseguiu ser o pacote completo: racista e machista. Não denunciamos na polícia por estar com minha família, que veio passear com a gente e por acreditar que não daria em nada. Postar o caso foi a nossa forma de tentar contribuir com a Justiça, precisamos do máximo de empatia. Eu cheguei a fazer um comentário em uma postagem na página do shopping. Eles apagaram e eu fiz de novo, mas não sei se continua lá”, conta o mineiro da cidade de Cláudio.

Casal flagrou segurança expulsando garoto de shopping na Zona Sul (Reprodução/StreetView)
Casal flagrou segurança expulsando garoto de shopping na Zona Sul (Reprodução/StreetView)

Aline, por sua vez, explica ter ficado indignada com a situação. “Eu abordei o segurança como quem não queria nada e foi pior. Difícil imaginar que alguém que lida com o público tenha uma conduta como a do segurança. Uma pena eu não estar com meu celular para filmar”, disse.

“Quando fui ao SAC, a atendente ficou surpresa ao ouvir o que o segurança me disse. Ela ligou para a equipe de segurança e informou que o responsável não poderia descer para falar comigo e que dariam o retorno depois. Denunciamos não por querer que o segurança seja demitido, mas para entender qual é a postura do shopping em relação ao ocorrido, como orientam os funcionários”, conta. “Enquanto consumidores, o que podemos fazer é evitar frequentar, deixar de comprar. Foi uma situação muito ruim de presenciar”, explicou.

Nos posts, Aline e Brunello ainda contam que depois de toda a confusão avistaram o menino novamente do lado de fora. “Fui até lá, dei R$ 5 e a Aline um chocolate. Pedi pra ele ser forte e ele chorou de novo. Travei com os olhos marejados mais uma vez”, escreveu o jornalista.

“Eu não estou nem aí pro que EU vivi, embora digno de um boletim de ocorrência e medidas judiciais cabíveis. Sei me defender e a pequeneza daquele segurança não poderia resultar em uma frase menos machista (para quem acha que isso não existe)”, ponderou a advogada. “O mais triste foi ter presenciado aquela cena, sem nenhuma razão e sem poder fazer nada. Jamais poderia deixar de registrar a minha indignação e a certeza que não frequentaremos mais esse estabelecimento”, finalizou.

O que diz o Diamond Mall

Procurado o shopping explicou por meio de sua assessoria que “não pactua com nenhum tipo de preconceito ou discriminação”. Disse ainda que “a atitude relatada não condiz com as orientações de segurança, relacionamento e atendimento passadas aos seus funcionários e prestadores de serviço. O shopping constantemente reforça sua postura através de treinamentos com toda sua equipe”.

Postado originalmente por: Portal Sete

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar