Criação de “piscinão” na Mata do Ipê para escoamento de água não é viável, aponta especialista

Em entrevista à Rádio JM nesta semana, o engenheiro e ex-presidente da Codau José Elias Miziara analisou a situação dos alagamentos na cidade e as opções de escoamento. Miziara explicou que o atual Parque das Acácias, o Piscinão, colabora com o escoamento das cheias que atingem a cidade, principalmente, da região central. 

Questionado sobre a viabilidade de construir um “piscinão” na Mata do Ipê para ajudar no escoamento da Guilherme Ferreira e ruas do entorno para resolver os alagamentos da região, o engenheiro se posicionou contrário. 

“Para fazer esse piscinão seria preciso escavar sete metros de terra preta, e escavar nesta profundidade mataria a Mata do Ipê. Se você drena as águas e abaixa o lençol freático, aquela mata não vai mais existir”, pontuou, alertando sobre problema ambiental que derivaria da medida.

“Na época que a criação do novo piscinão foi sugerida, os comerciantes não aceitaram, porque consideraram que piscinão é lugar de jogar lixo, entulho e que ninguém cuida, mas esses conceitos estão mudando um pouco”, complementou Miziara.

Ainda segundo o especialista, o atual piscinão representa 11% das cheias que Uberaba tem como um todo na região central, serve para manter o nível baixo no período de chuva para que retenha as águas, contudo já houve época em que o piscinão estava cheio, ou seja, não serviu para nada.

Em 2017, o engenheiro Nagib Galdino Facury, ex-secretário de Planejamento também se posicionou contra a ideia de criar um piscinão

“Quanto aos piscinões, fazem parte da concepção do projeto Água Viva, da qual não participei, mas entendo que, em um evento dessa natureza, acredito que nem os piscinões nos ajudariam muito. Em outros momentos, acredito que ajudaria, sim, mas diferentemente do piscinão existente hoje, os piscinões na avenida Santos Dumont e na Guilherme Ferreira seriam obras caríssimas para ser executadas, que teriam de ser feitas na concepção de parques, e neste momento o município não tem condições de executá-los. Mesmo que façam parte do projeto inicial, poderiam, no futuro, ser repensados, mas volto a repetir que são obras caríssimas”, 

Bem antes disso, em 2010, a criação do piscinão já era contestada e foi descartada pelo governo municipal, que apostou no projeto Água Viva. “Outros piscinões não estão em estudo. A opção é o Água Viva. Estamos trabalhando para ampliar os canais subterrâneos na região central”, afirmou o secretário de Planejamento da época, Karim Abud Maud.


 

Postado originalmente por: JM Online – Uberaba

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