ExpoZebu do centenário da ABCZ colocará Uberaba no “Guinness”

Fotos/Jairo Chagas

 

Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges, presidente da ABCZ, diz que desde o ano passado a ExpoZebu de 2019 tem sido preparada

Em maio, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) promove a 84ª ExpoZebu, com 33 leilões já programados, cinco a mais que no ano passado. Para a festa ainda estão confirmadas a ABCZ EquiShow, com provas e exposição com cavalos e muares, uma nova mostra do Museu do Zebu e diferentes opções gastronômicas, além de uma agenda de shows. O presidente da entidade, Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges, adota um tom otimista para a realização do evento, que deve contar com a presença do presidente da República, Jair Bolsonaro. Ele acredita que o governo federal dará forte apoio ao setor, o qual – Borges ressalta – é a moeda forte do Brasil.

Jornal da Manhã – Estamos a pouco menos de dois meses para a abertura oficial da ExpoZebu. Prestes a completar seu centenário, o que a ABCZ está preparando para tornar esta feira diferente ou mais atraente em relação às edições anteriores?

Arnaldo Manuel – Sem dúvida alguma, será uma feira histórica, e que tem trazido muita expectativa, inclusive para nós! Desde o ano passado, antes mesmo de encerrarmos a 84ª ExpoZebu, já trabalhávamos no desenvolvimento desta edição. O público pode esperar uma feira maior em todos os sentidos, onde, mais uma vez, a qualidade genética dos zebuínos será evidenciada e, claro, com ainda mais opções de entretenimento para a população. Desenvolvemos uma agenda de shows ainda maior, além de muitas outras atrações no Parque, incluindo um evento inédito na feira que irá colocar a ExpoZebu e Uberaba no livro dos recordes [Guinness Book].

JM – O número de leilões oficiais de gado na ExpoZebu 2019 já bateu recorde. No entanto, é possível prever recorde também de preço dos animais, tendo em vista que há anos isso não acontece em Uberaba?

Arnaldo – A quantidade de eventos comerciais para esta edição é justamente um dos termômetros que temos para esperar uma grande feira. Faltando ainda dois meses para a abertura da ExpoZebu, já temos 33 eventos confirmados, incluindo leilões e shoppings de animais. São cinco a mais que no ano passado. Sobre recordes em preços de animais, esse, realmente, é um ponto que sempre evidenciou a ExpoZebu. E criou-se uma cultura de que o sucesso da temporada está diretamente ligado a um único animal, extremamente valorizado. Nós entendemos justamente o contrário. A falta de recordes nesse sentido demonstra que estamos tendo, cada vez mais, a oferta de animais de extrema qualidade genética. Reflexo do trabalho de melhoramento desenvolvido nos grandes criatórios do país. Então, se antes era preciso disputar em um leilão um único animal, hoje temos a oferta de muitos outros que também despontam como referência em padrão genético. E todos eles são extremamente valorizados.

JM – Para o público em geral, o que a ABCZ já definiu na programação da ExpoZebu?

Arnaldo – Além de uma agenda de shows ainda maior e um grande evento gastronômico que irá colocar a feira e a cidade no livro dos recordes, que já foi citado, estamos desenvolvendo uma grande programação de entretenimento ao público, repetindo o sucesso do ano passado. Entre as atividades já confirmadas estão a ABCZ EquiShow, com provas e exposição com cavalos e muares, uma nova mostra do Museu do Zebu e diferentes opções gastronômicas. Mas, todos os detalhes dessa programação serão apresentados na segunda semana de março, quando será realizado um lançamento oficial da feira para a imprensa, autoridades e formadores de opinião.

JM – O senhor esteve recentemente em Brasília para convidar o presidente da República para a ExpoZebu, e percorreu ministérios, Embrapa, etc. Com qual sentimento retornou a Uberaba?

Arnaldo – Com o sentimento de que, mais do que nunca, o trabalho desenvolvido pela ABCZ é reconhecido pelas principais autoridades políticas do país e pelas grandes entidades do setor. Tivemos uma reunião de quase uma hora com o presidente Jair Bolsonaro e todos devem imaginar como uma agenda do presidente é concorrida. E não é só isso! O tom da conversa em todos os lugares que passamos foi de extremo otimismo e apoio ao trabalho que estamos desenvolvendo em prol do agronegócio brasileiro, que, sem dúvida nenhuma, é a moeda forte desse país.

JM – Aproximadamente 61% do território ainda é coberto por matas originais e 30% destinados à agropecuária. A seu ver, para a consolidação e desenvolvimento do agronegócio brasileiro, quais as metas que o governo federal deve perseguir? A ABCZ apresentou sugestões ao governo nesta sua primeira visita ao Palácio do Planalto?

Arnaldo – Essa primeira visita teve como objetivo principal apresentar e oficializar o convite para que o nosso presidente esteja conosco na cerimônia de abertura oficial da ExpoZebu. Mas, obviamente que aproveitamos a oportunidade para falarmos dos desafios do setor e também o que esperamos desse novo governo. Bolsonaro foi muito incisivo ao dizer do apoio que o governo dará ao setor, no desenvolvimento de políticas públicas e mais diálogo com as lideranças do agro. E isso realmente tem acontecido de forma bastante efetiva com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

JM – A nova titular do Mapa, ministra Tereza Cristina, já liderou a Frente Parlamentar da Agricultura e vem do meio rural. A seu ver, isso poderá facilitar o relacionamento com as entidades de classe ligadas ao setor?

Arnaldo – Sem dúvida! E isso, inclusive, já está acontecendo. Além de ser extremamente capacitada para o cargo, a ministra Tereza Cristina é bastante aberta ao diálogo e nos atendeu todas as vezes que recorremos a ela, desde que foi nomeada. E não apenas ela. A nomeação de Marcos Montes como secretário-executivo do Mapa, que é o cargo mais importante da pasta abaixo da ministra, também facilita muito esse relacionamento. Estamos muito bem representados no governo federal.

JM – No ano passado houve uma polêmica enorme com relação às exportações de gado em pé, vivo. Essa questão está definitivamente resolvida?

Arnaldo –
Esse é mais um exemplo claro de como a falta de informação e de conhecimento técnico de um processo pode prejudicar um trabalho extremamente importante para a economia nacional. Para se ter ideia, só no ano passado foram exportadas 810 mil cabeças de bovinos vivos do Brasil, e isso representa um impacto positivo muito grande para nosso país, que ainda se recupera de uma crise. O que aconteceu naquela ocasião foi um movimento liderado por ativistas, e, claro, não estamos aqui criticando nenhum tipo de posicionamento social, mas que ganhou uma força muito grande e acabou sendo mais prejudicial aos animais que a própria exportação, já que esses bovinos ficaram presos no navio por alguns dias. Uma operação de exportação como essa, claro, segue todos os requisitos para garantir o bem-estar e a saúde dos animais. São requisitos, inclusive, assegurados em protocolos sanitários. Mas, felizmente, o impacto negativo não foi tão grande, tanto que o faturamento com esse tipo de comércio mais do que dobrou entre 2018 e 2017.

JM – Muito se fala em revisão dos critérios da reforma agrária no país, especialmente dos assentamentos, ocupação de terras indígenas e quilombolas, etc. A seu ver, há necessidade de mudanças?

Arnaldo – Toda mudança que irá trazer mais segurança jurídica ao produtor rural, ao mesmo tempo em que promova a preservação ambiental e social, é necessária. Por muitos anos o agronegócio foi apontado como o vilão do meio ambiente e, até mesmo, dos indígenas e quilombolas. Mas não é mais assim. A preservação faz parte da lista de preocupações do setor, inclusive com campanhas para o incentivo da expansão vertical das fazendas e investimento em áreas de integração lavoura/pecuária/floresta. Sabemos que historicamente todas as discussões que envolvem a reforma agrária, a demarcação de terras e a preservação ambiental são bastante acaloradas. Isso é cultural e por muitas vezes atrapalha o avanço dos debates. Por isso a nossa defesa é sempre pelo diálogo, pois só assim conseguiremos chegar a um senso comum.

JM – A proposta de reforma da Previdência afetará diretamente o setor rural, especialmente em relação à idade mínima para a aposentadoria dos trabalhadores rurais. Qual a sua opinião sobre a proposta, especificamente em relação ao setor rural?

Arnaldo – Sabemos da situação financeira do país e da necessidade de que algo seja feito. A reforma da Previdência, em especial, é algo que temos acompanhado muito de perto, até porque os trabalhadores rurais serão bastante impactados com relação à idade mínima e tempo de contribuição. Como disse, estamos acompanhando de perto as propostas, da mesma forma que fizemos com o Funrural. Até porque não temos uma qualificação técnica para apontar o que está certo ou errado, sem entender corretamente quais são as propostas e quais serão efetivamente os impactos. Esse é debate bastante profundo, tanto que tem se estendido por todo esse tempo. O que temos cobrado dos órgãos competentes é um melhor diálogo para que tanto nós, enquanto entidade, como todos os associados que representamos consigamos entender perfeitamente o impacto de tudo que está sendo proposto e, claro, sem ser prejudicados.

JM – Em agosto haverá eleição na ABCZ. O senhor pretende continuar atuando na entidade?

Arnaldo – Encerro minha gestão esse ano com o sentimento de missão cumprida e de ter feito muito para o setor e para a comunidade. Ver o Parque Fernando Costa novamente cheio, com a presença de famílias e escolas, ao mesmo tempo em que conseguimos muitos avanços para o setor, incluindo o início das avaliações genômicas para as raças zebuínas e a ampliação do nosso melhoramento genético com o PMGZ Internacional, me deixa muito feliz. Deixo a presidência, mas não deixo essa casa. Até porque estou na ABCZ há mais de 40 anos. E como forma de continuidade desse trabalho já indicamos o empresário e pecuarista Rivaldo Machado Borges Jr., que é membro dessa diretoria e tem feito um excelente trabalho à frente do Pró-Genética, que é o nosso grande programa de democratização da pecuária melhoradora, levando touros de alta qualidade genética a pequenos e médios produtores rurais do país inteiro. 

Postado originalmente por: JM Online – Uberaba

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