Infectologista diz que vida volta ao quase normal com 70% imunizados

A médica infectologista Cristina da Cunha Hueb Barata de Oliveira, que integrou o Comitê Técnico de Enfrentamento ao Covid-19 na gestão do prefeito Paulo Piau, defende o retorno às aulas e acredita que pode haver uma retomada das atividades escolares, desde que com responsabilidade. Ela conta que foi voto vencido sobre a questão em 2020, e destaca que é preferível deixar as crianças na escola do que em casa. Ao mesmo tempo, a profissional é contra a extensão do horário de funcionamento dos bares até duas horas da manhã e alerta que os números de casos de coronavírus voltaram a subir em Uberaba.

Jornal da Manhã – Na última campanha eleitoral a senhora apoiou algum candidato, seja a prefeito ou a vereador?
Cristina –
Eu tenho uma regra em minha vida: política e saúde nunca devem andar juntas. Sou totalmente apartidária. Não faço campanha e não peço voto para ninguém. O que me conduz é a parte da saúde. Faço aquilo que sei fazer de melhor, que é cuidar das pessoas para que elas tenham boa saúde. Em relação à política, sou um zero à esquerda, totalmente alienada desse processo.

JM – O reitor da Universidade Federal de Pelotas, Pedro Hallal, disse ao programa Fantástico que após uma semana das festas de fim de ano teríamos uma explosão de casos de Covid-19. Duas semanas após as festas, teríamos uma explosão de internações e, depois, de óbitos. A senhora concorda com esta projeção?
Cristina –
Sim. É isto que vai acontecer. Depois da aglomeração, há o aumento dos casos. E já temos visto isso, desde o início da semana do Natal. Na primeira semana da pós-exposição há aumento de casos. Na segunda, o aumento das internações e, consequentemente, na terceira, o aumento de óbitos. Em Uberaba, tínhamos uma taxa de ocupação baixa, em torno de 15% a 20% e, agora, já estamos em torno de 40% a 45%. 

JM – Hoje se fala que depois de três dias de contaminação o paciente já começa a sentir os sintomas, não sendo preciso aguardar aqueles 14 dias para confirmar a infecção pelo coronavírus. Considerando que o Réveillon ocorreu há uma semana, já podemos perceber este crescimento?
Cristina –
O período de incubação é amplo. É aquele período em que a pessoa foi exposta até a apresentação dos primeiros sintomas. O estudo é feito a partir do terceiro até o 14º dia. Mas, entre cinco e sete dias, se você tiver contato com alguém que esteja transmitindo, já pode ter sido infectado e estar manifestando sintomas. Existe um dado mais agravante, que é a transmissão antes dos sintomas, pelo pré-sintomático, que pode ocorrer de dois a três dias antes.

JM – Como a pessoa vai saber que está contaminada e transmitindo o vírus, então?
Cristina –
Quando vemos um período muito curto entre a exposição e a apresentação dos sintomas, a pessoa não se contaminou naquele dia que ela imaginou, mas, sim, dois a três dias antes dos sintomas aparecerem. Este é um dos grandes gargalos da transmissão interpessoal do coronavírus.

JM – Neste caso, como devemos fazer para nos precaver?
Cristina –
Manter as medidas de prevenção: evitar aglomeração, manter o distanciamento e usar máscara. Infelizmente, apesar de tudo que já se aprendeu nestes últimos dez, doze meses de pandemia, as medidas de prevenção são ainda as mais eficazes.

Infectologista Cristina Hueb Barata defende a volta às aulas de forma gradativa e com todos os cuidados de prevenção

JM – Quando vierem as vacinas, nós teremos que continuar usando máscara?
Cristina –
Sim. Nós precisamos garantir que 70% da população esteja imunizada, para o vírus cortar sua cadeia de transmissão. E todos os estudos que foram publicados até o momento indicam a necessidade de duas doses da vacina por pessoa para imunizá-la. Mas, eu fiquei assustadíssima porque assisti a uma entrevista de um secretário de Saúde na TV Cultura, na qual ele defendia a aplicação de uma dose da vacina para todas as pessoas, independentemente da idade, grupo de risco, etc. Seria uma tentativa para diminuir a circulação do vírus na população. Considero essa medida muito arriscada, pois vão fazer uma vacinação meia-boca numa população que pode ser de alto risco.

JM – O ideal são duas doses da vacina para cada grupo de pessoas, de acordo com a lista de prioridades?
Cristina –
Sim! O ideal é vacinar primeiro os idosos e profissionais de Saúde. É o que todos os estudos científicos indicam. Ou fazer diferente: dar uma dose para um grande volume de pessoas, para protegê-las em cerca de 30% a 50%, de modo a reduzir a transmissibilidade do vírus e, depois, dar a segunda dose. É um risco. Não existe estudo nenhum mostrando a eficácia dessa alternativa. Eu fiquei mais assustada porque, na Índia, onde estão produzindo a vacina de Oxford, já falaram que não vão liberar vacinas para o Brasil enquanto não vacinarem toda sua população vulnerável, que é de mais de um bilhão de pessoas.

JM – Então, nós seremos os últimos da fila à espera da vacina?
Cristina –
Ou vamos ter de ir a Buenos Aires, porque lá já tem vacina.

JM – Até o dia 31 de dezembro, a senhora fazia parte do Comitê de Enfrentamento à Covid-19, e tinha dados do que estava ocorrendo em Uberaba e região. A senhora tem conhecimento de algum aumento de casos a partir do dia 1º de janeiro?
Cristina –
Como médica, as pessoas me procuram muito. Por dia, estou recebendo de doze a vinte ligações, de famílias distintas, que tiveram contato com algum caso e que pedem orientação. Este é o maior número que eu vi, desde o início da pandemia. Recentemente teve uma família que recebeu uma pessoa assintomática vinda de São Paulo. Ela encontrou a turma de amigos e agora já são oito casos confirmados, inclusive idosos, acima de 60 anos.

JM – Os boletins epidemiológicos não estão mostrando estes números. Por quê?
Cristina –
Com a transição e a mudança da administração pode estar havendo dificuldade de atualização de dados, pois os laboratórios, até o momento em que eu estava mais próxima, informam os resultados dos testes realizados em tempo real. Isso ocorre até com os testes de farmácia.

JM – Por que os infectologistas dizem que não existe remédio para tratamento da Covid-19?
Cristina –
Não existe um tratamento específico. Existem vários estudos, uma série de evidências e trabalhos em andamento. No Brasil há vários estudos, agora mostrando o braço ambulatorial da hidroxicloroquina, para mostrar sua utilidade, mas, nada ainda conclusivo. Temos visto bons estudos e bem delineados voltados para o tratamento de pacientes graves. Hoje sabemos que temos uma doença e que 80% das pessoas vão tê-la de formas brandas. Já vi prescrição de 10 a 15 tipos de medicamentos para pacientes sem sintomas, praticamente. O que nós orientamos: tome os cuidados, observe, pois é muito importante este automonitoramento. Percebeu que está com febre ou a febre aumentou ou não cedeu, mudou a tosse, a falta de ar ficou persistente, está com cansaço diferente: a indicação é procurar assistência médica de imediato.

JM – Então, aquela ideia do presidente Jair Bolsonaro, de levar a vida e esquecer o resto, porque algum dia todo mundo vai ter essa doença, está correta?
Crsitina –
Seria muito bom se tivéssemos uma estrutura hospitalar para atender todos os casos graves. O único problema é esse. Eu não tenho uma estrutura hospitalar com esta capacidade no país inteiro.

JM – Muito se falou na associação entre azitromicina e corticoides, mas hoje há estudos que condenam esses medicamentos…
Cristina –
Tem muita gente dizendo que a azitromicina não serve para tratar a Covid-19, mas tem gente que continua prescrevendo esse medicamento. Eu mesma já prescrevi muito, porque, pelo menos, impede o surgimento de uma infecção secundária das vias aéreas superiores. Já os corticoides têm um momento certo para entrar com eles. Eu não posso entrar na fase de replicação viral, porque vai aumentar a chance de o vírus progredir. Há o momento certo para o corticoide. Geralmente você espera de 72 horas até cinco dias, que é a fase de imunidade. Agora, há trabalhos apontando que não se deve usar corticoide de jeito nenhum, nem na fase branda; só em pacientes graves, internados. Mas, entendo a angústia das pessoas e dos médicos em deixar o paciente sem nenhuma medicação. Pessoas que são de risco, que têm uma comorbidade, e uma doença que pode evoluir desfavoravelmente têm que ficar próximas da assistência médica, justamente para não passar da hora ideal de entrar com a medicação.

JM – Muitos pacientes se queixam que tiveram poucos ou nenhum sintoma da Covid, mas, depois, começaram a apresentar uma série de complicações, como tosse intermitente, dor de cabeça, cansaço, inchaço nas pernas, manchas vermelhas pelo corpo etc. Por que isso acontece?
Cristina –
Não podemos nos esquecer do pós-Covid, que é o que estamos assistindo hoje. O pós-Covid tem deixado sequelas, às vezes, muito graves, deixando pessoas altamente debilitadas e nós não temos dado a atenção devida a essas sequelas… Como essa é uma doença nova, para a qual não temos muitas explicações, costumo fazer um paralelo com a dengue, onde há os sintomas persistentes e que perduram, às vezes, anos. E sabemos que isto está relacionado à resposta imunológica do paciente. Sabemos que essa resposta imunológica é individualizada. Nós conhecemos o sistema como um todo. Mas, como aquele sistema vai interagir com o vírus ninguém sabe ainda. Então, esses sintomas persistentes do pós-dengue nós estamos extrapolando para o pós-Covid. Nós ficamos muito preocupados com o pulmão do paciente que tem o coronavírus, mas sabemos que ela [a Covid] dá lesão no coração, no sistema nervoso e dá lesão hepática, intestinal, hematológica… Nós tivemos recentemente uma pessoa da sociedade local, que estava bem, já havia se recuperado da Covid, estava de alta hospitalar em São Paulo e apresentou uma alteração de coagulação, vindo a óbito. Então, as coisas não são como parecem, ou seja, podem ainda acontecer essas intercorrências depois dos 14 dias de isolamento do paciente. Há também casos de trombofilia, que é a capacidade que o organismo tem de começar a coagular o sangue dentro do organismo, dentro das artérias. Temos que pensar que estamos vivendo uma doença muito nova.

JM – Então, como vamos fazer? Ficaremos fechados dentro de casa para o resto da vida?
Cristina –
Não. Vai chegar a vacina. Nós teremos em breve uma situação semelhante à H1N1, à Influenza. Não sabemos se teremos de tomar uma dose anual da vacina, ou se bastará uma dose para o resto da vida. Porém, tudo isso poderia ter sido evitado. Nós poderíamos já ter desenvolvido uma vacina antes mesmo da pandemia da Covid-19. As pessoas que eram capazes de mudar a perspectiva dessa pandemia foram alertadas, mas, do ponto de vista governamental não fizeram nada, nem do ponto de vista de saúde.

JM – E o que teriam de fazer de diferente?
Cristina –
Uma plataforma de vacina, primeiramente. Temos que ter uma plataforma, com tecnologia que produza uma vacina praticamente pronta. Aí, quando aparecer um vírus, bastará pegar a sequência genética e colocar no imunizante e começar a vacinação da população. Além disso, bloqueios e medidas restritivas são fundamentais.

JM – Esses kits de testes e também as vacinas que estão sendo colocadas no mercado conseguem detectar e combater essa variante da Covid-19 que surgiu no Reino Unido?
Cristina –
A Fiocruz confirmou essa nova variante em São Paulo e o laboratório Adolfo Lutz está fazendo a retestagem desse novo sorotipo B117, que já está circulando. É preciso ressaltar que há mais de 800 variações e mutações de coronavírus no Brasil. Essa variante, porém, teve mais impacto pela sua alta transmissibilidade – o que ocorreu na Inglaterra. Acredita-se que a variante nem surgiu lá. É como a gripe espanhola. Todos acham que surgiu na Espanha, mas na realidade surgiu nos Estados Unidos. As vacinas, até onde sabemos, seriam capazes de bloquear essas variações. Agora, o que vai acontecer de mutação daqui para frente, só Deus sabe.

JM – Acredita que é possível que essa nova variante se espalhe rapidamente, chegando aqui em Uberaba, devido à proximidade da cidade com São Paulo?
Cristina –
O que tem de certeza dessa nova variante do vírus é a maior transmissibilidade. Ele transmite muito mais facilmente do que a primeira variante que tivemos no Brasil. No primeiro, a proporção era um para 3, e este é de até um para 17. A capacidade de sobrevivência dessa variante também é maior. Então, pode sim. Uberaba e São Paulo têm um vínculo muito grande. Vale dizer que aqui não fazemos genotipagem e nem a identificação do sequenciamento genético do vírus. Por isso, essa variante já pode estar até entre nós e nem sabermos.

JM – E como vamos saber que já está circulando entre nós?
Cristina –
Já tem uma nota técnica da Secretaria Estadual de Minas Gerais pedindo que, nos casos de reinfecção, ou seja, nos casos daquelas pessoas que já tiveram detectado por PCR e, agora novamente, colher outro PCR, e essa amostra será analisada na Funed [Fundação Ezequiel Dias] e, depois na Fiocruz. Mas até agora não tem nenhuma informação desse tipo. Não é como a dengue, que tem quatro sorotipos. Aqui, nós tivemos pequenas mudanças. Nós vemos isto na Influenza.

JM – Na sua opinião, a testagem em massa da população seria uma opção para identificar a presença dessa nova variante?
Cristina –
A sorologia, para ver anticorpos, mesmo que tenha IGG, não é passaporte de imunidade para ninguém. Não sabemos quanto esse IGG protege, até quando e se vai proteger destas mutações que o vírus tem. A testagem por PCR, que é padrão ouro, é complicada, porque um teste negativo não quer dizer que daqui a dois, três dias, a pessoa não poderá testar positivo. Então, eu tenho que testar e ter garantia. Tenho que testar todo mundo a cada dois, três dias. Isso nenhum país do mundo tem condição de fazer. Minas Gerais já está sem insumos para testes do PCR. E já voltou à época do início da pandemia, onde eram testados apenas alguns grupos. Não será testada pelo PCR, pelo Estado, toda a população. Acabaram os testes para pacientes com qualquer síndrome gripal, como estava sendo feito. Agora, só pessoas específicas, com síndrome gripal aguda.

JM – E em relação à volta às aulas? Como especialista, a senhora é favorável ao retorno das aulas presenciais nas escolas, antes mesmo da vacinação em massa?
Cristina –
No início ficamos muito apreensivos, porque havia a crença de que as crianças seriam as grandes transmissoras do vírus. Mas vimos que isso não aconteceu. Por isso, desde outubro, estávamos tentando retomar as aulas presenciais, porque nesse período de isolamento a saúde mental e nutricional das crianças foi um desastre. Eu sou a favor das escolas, pois são lugares onde as pessoas são bem-educadas e mais preparadas do que em um bar. Na época da dengue, os filhos ensinavam os pais a adotar as medidas preventivas em casa. As crianças são melhores educadores para a família, e a escola dá essa oportunidade de as crianças participarem ativamente. Eu sou radicalmente a favor da volta às aulas presenciais. Se eu vou para uma escola que tem regra e sei me comportar dentro da escola, e tem um educador me orientando, é muito melhor que ir para um bar e ficar lá o dia inteiro bebendo, comendo… Mas, na época, fui voto vencido nestas discussões dentro do Comitê Técnico de Enfrentamento ao Coronavírus. Eu sempre batalhei muito para as escolas voltarem, desde agosto. As escolas particulares tentaram muito e nós vimos toda essa dificuldade do retorno.

JM – As escolas não têm só crianças. Há os adultos também. E qual a possibilidade de um adulto passar para outro, de um professor para o outro, ocasionando um surto na própria escola?
Cristina –
É só ir, manter as medidas preventivas mesmo que tenha a fase pré-sintomática e as pessoas se automonitorarem. E na primeira manifestação de sintomas, mesmo que seja inespecífico, já se deve afastar a pessoa por 72 horas e fazer o PCR. É gerenciável. Dentro de hospital nós não vimos surtos, com muitos adultos ali. Até em hospital, que era porta aberta para Covid-19, não tivemos surtos da doença. É uma questão de gerenciamento. As questões sanitárias precisam ser muito bem controladas. Vírus respiratórios sempre serão problema em nossas vidas. E quando é vírus respiratório de animais, que pula da espécie e vem para o humano, aí sim vai dar problema, como é o caso do coronavírus.

JM – Mas, afastando o professor com suspeita de Covid, por exemplo, a escola precisará colocar outro para substituí-lo. Haverá um custo para as escolas…
Crsitina –
A volta deve ser gradativa. Será um estudo misto, não só presencial. As escolas terão uma ‘gordura’ para fazer essa transição. E isto até ter a vacina. Na época do H1N1, onde os professores sofreram muito, nós tivemos esse problema, mas em uma dimensão menor. Quando digo que a pandemia do coronavírus é a primeira pandemia da internet, é por conta desse pânico não produtivo, que não traz solução, só problema.

JM – Qual a sua opinião sobre a extensão do horário de funcionamento dos bares e restaurantes, como foi ventilado pela prefeita Elisa Araújo?
Cristina –
A restrição de horário de funcionamento de bares é para reduzir aglomerações. A partir do momento em que as pessoas vão ficando mais tempo nos bares, vão bebendo e ficando mais animadas, começam a se aproximar, abraçar, beijar, e vão compartilhando copos, garrafas… Pensamos, quando foi estabelecido o horário de meia-noite, e eu continuo com a mesma linha de raciocínio, que o que pudermos fazer para evitar a disseminação do vírus, temos que fazer.

JM – Então, não devemos manter os barzinhos abertos até duas horas da manhã? Meia-noite está de bom tamanho?
Cristina –
Todo mundo sobreviveu até aqui. Para que mudar o que está dando certo?

JM – Em fevereiro, além do coronavírus, há dengue, chicungunha, zika, H1N1, e síndromes respiratórias. E aí?
Cristina –
Ficamos muito apreensivos em relação à dengue, no ano passado, justamente com medo de começar uma epidemia, por conta de os sintomas serem parecidos. Tivemos poucos casos, talvez porque foi pouco investigado e os que foram conseguimos controlar muito bem. A zika foi um escândalo em 2015 e depois sumiu. Até hoje ninguém explica por que o país registrou tantos casos de bebês com microcefalia, que lugar nenhum do mundo teve. A medicina não é uma ciência exata. A gripe tem que vacinar sim e sabemos que é um risco. O Hemisfério Norte já está em pânico em pleno inverno. E se entrar um surto de gripe Influenza sério lá, será um desastre.

JM – Se houver uma explosão de casos destas outras doenças, Uberaba tem leitos para atender estes pacientes?
Cristina –
Pelo que vimos e pelo número de casos, se o Hospital Regional continuar estruturado e não for desmantelado, nós teremos uma boa retaguarda. Como o hospital é deficitário, sempre precisando de mais recursos financeiros e mão de obra, não sabemos se vai conseguir sustentar o que tem lá.

JM – Em março se falou muito no pico da Covid-19 e agora, em uma segunda onda da doença. Em que fase estamos da pandemia?
Cristina –
Na realidade não tivemos uma onda, nós tivemos uma marola. Não tivemos uma explosão de casos como em algumas cidades, com dificuldade de controlar. Mas teremos períodos cíclicos, com mais ou menos casos. Nunca, talvez, como chegamos em setembro, que foi nosso maior número de casos no mês, inclusive de óbitos. Os Estados Unidos, com certeza, estão na terceira onda, de pico.

JM – Qual a importância de um infectologista no Comitê Técnico de Enfrentamento a Covid-19? Há necessidade deste profissional.
Cristina –
É fundamental. A visão do infectologista é importante, porque tem vivência e experiência. Um infectologista é bem formado na área de clínica, é necessário, sim.

JM – Se pudesse dar um conselho, dar uma dica ou colaborar com os novos comitês municipais da Covid em Uberaba e região, qual seria?
Cristina –
A estrada foi pavimentada, mas se quiserem pegar um desvio, a opção é de cada um.

JM – Neste caso, o “desvio” é aderir ao Minas Consciente?
Cristina –
É uma opção. Sabemos que o Estado de Minas Gerais tem umas diretrizes que são muito boas, mas o regramento, o gerenciamento das diretrizes, por pessoas à distância, com dados frios, estatísticos, isso não ajuda.

JM – E o que ajudaria?
Cristina –
Conhecer o seu município e a capacidade instalada e ter o que chamamos de responsabilidade coletiva. Poder ter pessoas que vão ser disseminadoras dessa responsabilidade coletiva. Não podemos jogar para a população todas as decisões. Mas, se a população não colaborar com aquelas decisões que o comitê, em conjunto com a Prefeitura e a Secretaria, vai determinar, eu posso fazer o decreto que for, que não vai funcionar.

Postado originalmente por: JM Online – Uberaba

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