Isolamento social pode levar ao aumento de casos de violência infantil, alerta promotor

A imposição de medidas restritivas para combater a proliferação do coronavírus em Uberaba, estabeleceu a concreta convivência familiar, de acordo com a determinação do isolamento social. Em consequência, a permanência em lar pode acarretar maiores discussões familiares, e tomar proporções violentas.

O Coordenador Regional das Promotorias de Defesa da Educação e Defesa da Criança e Adolescente do Triângulo Mineiro, promotor de Justiça André Tuma, confirmou que as restrições podem sim estar relacionadas com o possível aumento de casos de violência domiciliar.

“Tudo acontece conforme o ambiente. Se o ambiente é acolhedor, de convivência harmoniosa, o fato das crianças e dos pais permanecerem mais em casa propicia mais momentos afetuosos, e isso é altamente positivo. Ao passo que, se a gente tem um núcleo familiar violento, de colapso, isso também vai se potencializar. Tudo que é bom, fica melhor; tudo que é ruim, fica pior”, analisa o promotor.

Contudo, apesar da análise, o acompanhamento de casos pelo Conselho Tutelar e órgãos responsáveis está minado pela impossibilidade de atualização em tempo real. Segundo André Tuma, as restrições dificultam, também, a averiguação integral dos casos.

“Muitos dos nossos olhares, de todos os órgãos que atuam na proteção e defesa de crianças e adolescentes, com a pandemia, acabaram tendo um olhar diminuído a essas situações de risco. Nas situações mais agudas, os vizinhos devem colaborar para que os responsáveis possam atuar em socorro a essa criança e a esse adolescente. A gente, tendo uma capacidade diminuída, terá um efeito rebote, com situações de violência que acontecem e não conseguimos ver. Às vezes a criança não tem como falar, avisar, e acaba ficando subnotificado”, declara Tuma.

O Promotor de Justiça orienta que qualquer cidadão, ao se deparar com um possível caso de violência domiciliar, informe a Polícia Militar e o Conselho Tutelar de imediato, para prevenir possíveis consequências. Ainda, o magistrado orienta sobre situações comuns que podem ser mal detectadas.

“Não é o fato da criança estar chorando que ela está sendo espancada, mas eu costumo prevenir que remediar. Ainda que seja uma situação a ser averiguada, eu prefiro que nós possamos ser mais protetivos que reativos. A gente corre o risco de achar que a criança só está chorando quando, na verdade, ela está sendo vítima de alguma violência. Em situações de crime, deve-se chamar a Polícia Militar e também o Conselho Tutelar, que é órgão da primazia da proteção da criança e adolescente”, finaliza André Tuma.

Postado originalmente por: JM Online – Uberaba

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