Jornal da Manhã: Aos 48 anos, é hora de se reinventar

Reinventar-se é a nova ordem do mundo diante de um momento de pandemia, em que diversos setores passam por grandes transformações, e o Jornal da Manhã, ao completar 48 anos de circulação ininterrupta, também está inserido neste contexto e busca alternativas para seguir presente na vida dos uberabenses e na história da cidade, ampliando os canais de comunicação e interagindo cada vez mais com o leitor/internauta/ouvinte.

O que nos reserva o próximo ano? Essa é a pergunta que não quer calar e está martelando a cabeça de todos, principalmente dos brasileiros que hoje estão no “olho do furacão”. Um mundo diferente, sem precedentes, onde não se pode abraçar o outro. Até mesmo conversar exige o uso de barreiras, como máscara ou tela de celular ou de computador. O mundo mudou, não há úvida. Estamos aprendendo novos hábitos, novos comportamentos.

“Estamos experimentando uma situação mundial e não havia nenhuma espécie de previsão para se lidar com isso. Fomos pegos desprevenidos”, afirma o presidente da Abert (Associação Emissoras Rádio e TV), Paulo Tonet Camargo. Ele ressalta que a pandemia impactou fortemente o jornalismo, uma vez que a busca desenfreada por informação acabou facilitando o surgimento das fake news. “Por isso, o papel da imprensa passou a ser mais relevante, em função da necessidade de informação confi ável, checada e de credibilidade”, pontua. 

De acordo com Tonet, o rádio, o jornal e a TV têm atributo fundamental, de responsabilidade sobre o conteúdo que Brasileira de distribuem. Já as plataformas digitais avulsas não têm esse mesmo compromisso, o que as torna uma porta aberta para as fake news. Nesse momento, no Congresso Nacional está se discutindo projeto de lei para enquadrar as gigantes mundiais.

“Veículos de comunicaçãosão distribuidores de notícias, vendemos publicidade, geramos receita. Então, as gigantes da internet precisam se submeter à legislação, como o direito de resposta, a transparência.

Como formadores de opinião, têm que ser disciplinados também. As mídias têm que ser solução para não ser problema”, afirma, acrescentando que, “pela Abert, temos a crença  inquebrantável que o jornalismo sério, de qualidade e profissional é o único antídoto para as fake news”.

Quanto às mídias impressas,o presidente da Abert é categórico ao afi rmar que têm sobrevida, sim, no mundo de hoje. “Sem dúvida nenhuma. Eu acredito que tem muita, mas será diferente do que ela foi. A mídia impressa foi a primeira janela de entrada de informação. Hoje perde em alguns sentidos, mas ganha algo que as redes sociais não podem ter: o aprofundamento das notícias, de fatos políticos, sociais e econômicos”, destaca, ressaltando que “a pandemia está atingindo todos os setores, e os veículos de comunicação têm papel fundamental de retratar a verdade, com credibilidade”, encerra Paulo Tonet.

Para ABI, a mídia impressa terá de se reinventar

Uma tendência que deve permanecer. Assim pensa o vice -presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), o jornalista e escritor Cid Benjamin. “A democracia nos impõe novos desafi os a cada dia. Cabe aos democratas enfrentá-los”, diz, explicando que qualquer sociedade moderna busca a informação. Mais ainda se ela é uma democracia. “As pessoas precisam estar informadas para que possam tomar posição, seja nos processos eleitorais, seja no seu dia a dia. Isso não vai desaparecer.”

Cid Benjamin também acredita que as chamadas “fake news” nada mais são do que mentiras propagadas de forma massiva, com o intuito de obtenção de vantagens políticas. Elas sempre existiram, mas ganharam nova dimensão com as redes sociais, até porque a vítima de uma informação mentirosa nem sempre toma consciência dela imediatamente.
“Por isso, a criação de mecanismos para coibir as fake news e punir seus propagadores é um assunto da maior importância nos dias de hoje. A ABI está participando ativamente desse esforço”, afi rma.

Na opinião do vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa, em breve deverão surgir mecanismos para medição do alcance das divulgações feitas pelas mídias digitais, tal
e qual existem com rádio, TV e jornais impressos. Com a projeção que as mídias digitais estão ganhando e a necessidade de sua regulamentação, serão necessários mecanismos também para evitar que sejam usadas cada vez mais em ações criminosas, em especial para a prática de crimes contra a honra. 

Sobre mudanças na forma de nos comunicarmos, ainda que não tenha números à mão, Cid diz que é sabido que caiu a circulação dos veículos impressos e aumentou o interesse pelas
publicações online. Mas, com o fi m da pandemia o quadro permanecerá o mesmo? Para ele, a resposta é “sim e não”. Sim, porque nem todas as assinaturas de impressos serão recuperadas.

Não, porque algo fi cará dessa experiência de mudança dos tempos de pandemia. Quanto à mídia impressa, o jornalista compara ao que aconteceu quando a televisão surgiu.
Muitos previram que o rádio iria “morrer”, o que não aconteceu. Ao contrário: continuam coexistindo até hoje. Porém, a programação do rádio teve que ser adaptada. O mesmo pode
ser dito em relação aos veículos impressos e à própria TV com o advento da internet. “Eles terão que se reinventar, mas não creio que caminhem para o fi m. A informação é uma necessidade vital numa sociedade moderna e há lugar para múltiplas formas em que ela seja levada aos consumidores”, finaliza.

Postado originalmente por: JM Online – Uberaba

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