Lives de artistas promovem integração com população surda e colocam libras em destaque

Contudo, a diretora da escola Dulce de Oliveira lamenta não ter recursos para promover atividades à distância em Uberaba

As lives com transmissões de shows dos mais variados artistas já viraram tradição neste isolamento social. Mais do que as músicas e performances dos cantores, o que tem chamado atenção do público são os intérpretes de Libras. Durante os vídeos ao vivo, eles entram no clima e se divertem ao traduzirem as letras para os surdos.
Para a diretora da escola para surdos Dulce de Oliveira, Débora Lima Avelar, a iniciativa faz valer o direito de acesso à comunicação. “Quando vi na live da Marília Mendonça, avisei no grupo dos surdos que eles poderiam acompanhar o show. Ficamos felizes que os outros músicos também aderiram à iniciativa, porque sem o intérprete ou sem a legenda eles não conseguem entender o que está acontecendo”, destaca diretora.
Questionada sobre as atividades da instituição por causa da pandemia do novo coronavírus, a diretora reconhece o que o momento é de cuidados com a saúde, mas lamenta que a instituição não tenha recursos para promover atividades à distância. “Infelizmente tivemos que paralisar nossas atividades e estávamos preparando uma estrutura de ensino à distância. Temos a sala, compramos os equipamentos e isso requer um investimento muito alto, fizemos algumas parcerias e estamos buscando mais recursos para que possamos oferecer o curso de libras à distância, e percebemos com a pandemia que isso é essencial e urgente para atender o nosso público”, comenta Débora Avelar.
Ela complementa, “preparamos algumas atividades para os alunos da instituição e percebemos que se o espaço para EAD estivesse pronto, poderíamos auxiliar os responsáveis  com mais clareza, porque nem todos dominam as libras e estão passando por muitos desafios em casa”.
Segundo o IBGE de 2010, 9,7 milhões de brasileiros são surdos ou possuem deficiência auditiva. Ao contrário do que se pode imaginar, nem todos os surdos dominam a língua portuguesa. A língua de sinais possui morfologia, sintaxe e regras gramaticais próprias, o que a qualifica como um idioma completamente independente. Por conta disso, nem sempre um texto escrito será o suficiente para os surdos, muitos dos quais têm a Libras como língua materna.
A escola para surdos Dulce de Oliveira de Uberaba atende mais de 400 pessoas por mês com escolarização, projetos, cursos de libras e para comunidade.
“As libras, se o aluno perde o contato, ele tem que começar tudo do zero. Os alunos tem que ter uma rotina, um acompanhamento no desenvolvimento e esse distanciamento ressalta as dificuldades de cada um”, conclui.
Campanha. A escola para surdos Dulce de Oliveira realiza campanha para ajudar as 55 famílias que são assistidas pela instituição com arrecadação de alimentos para cesta básica. As doações podem ser realizadas na sede da escola, às terças e quintas das 8h às 12h na rua Espir Nicolau Bichuete, 230, bairro São Benedito.
Curso EAD. A USP liberou um curso online gratuito de Libras  durante a quarentena do Coronavirus. O grupo de Mídias Digitais da Pró-Reitoria de Graduação da Universidade de São Paulo (USP) criou uma plataforma exclusiva para o aprendizado da língua brasileira de sinais (Libras). O ambiente online é totalmente gratuito. Segundo a USP, a disciplina tem como objetivo apresentar os aspectos fundamentais da Língua de Sinais Brasileira (Libras).
Os interessados devem acessar a plataforma Stoa, onde é possível assistir e fazer o download das aulas, ou pelo portal e-Aulas USP, aberto para todos os públicos, também oferece a disciplina para estudo.

 

Postado originalmente por: JM Online – Uberaba

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