Mães de vítimas de abuso infantil cobram ações do MP

Mães que integram o grupo de apoio “Mãos que Protegem”, em Uberaba, visitaram o Ministério Público para entregar uma carta aberta à promotora da Infância e Juventude, Maila Aparecida Barbosa de Souza. O objetivo das 12 mães é chamar a atenção do órgão para a necessidade da adoção de medidas para orientação da sociedade sobre onde procurar atendimento adequado para crianças e adolescentes vítimas de violência sexual.
A carta menciona que o índice de vítimas dessa violência aumenta cada vez mais no país e o enfrentamento se torna também desafiador. “Na maioria das vezes, a violência infantil é praticada por membros familiares conhecidos e dotados de confiança da criança, não importando qual seja o nível de parentesco, o que gera sentimentos de confusão, indignação, revolta, ódio, repressão e traumas psicológicos, contrariando parte da sociedade.”
As mães citam ainda a dificuldade na busca por informações para encontrar orientações claras e soluções rápidas, o que nem sempre ocorre e deixa quem procura proteger as crianças em condição de desamparo e potencial ameaça por longo período. Há casos em que quem denuncia desconhece o direito a dispositivos de proteção, como é o caso da medida protetiva, que afasta o agressor da vítima em casos de violência no âmbito doméstico.
Isto porque “quando buscam esclarecimentos sobre o caso na área da infância e juventude, Conselho Tutelar, Defensoria Pública e em núcleos jurídicos universitários, têm dificuldades para encontrar orientações claras, precisas e respaldo que auxiliem no enfrentamento da violência e do processo jurídico em curso”, reforça o documento.
A carta ressalta que os protetores, em geral as mães, se deparam com a falta de profissionais adequados para colher depoimentos de envolvidos e testemunhas, e são convocados a estarem com a criança em diversos órgãos para dar sequência a uma série de atendimentos em saúde e a repetitivas entrevistas no Fórum. “Na busca por ajuda, protetores são vistos com olhar de repúdio, nos casos em que não há prova material disponível, como quando não ocorre penetração com lesões físicas”, o que gera receio em procurar justiça por causa das ameaças, preconceitos e outros medos.
As mães também pediram agilidade na solução de processos que ainda julgam abusos contra menores em Uberaba. O grupo Mãos que Protegem se reúne quinzenalmente e é assistido pelo Serviço de Assistência Social e Psicologia, ligado ao Ambulatório de Atenção Integral à Vida do Hospital de Clínicas da UFTM, para que outras pessoas não tenham medo de procurar ajuda e de denunciar violências desse tipo. Em caso de abuso sexual, a primeira medida até 72 horas é buscar diretamente o Hospital de Clínicas para a profilaxia e, após esse período, o Conselho Tutelar pelos telefones 3312-6929, 3322-6347 e/ou 99994-2756.

Postado originalmente por: JM Online

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