Para resolver alagamentos em Uberaba é preciso refazer tubulações de água pluvial, explica engenheiro

Os alagamentos são problemas encarados pelos uberabenses durante os períodos de chuva. Quase crônica, a situação se repete com frequência em locais como a avenida Leopoldino de Oliveira. Contudo, outras regiões em locais mais altos, como é o caso das avenidas Deputado José Marcus Cherem e Prudente de Morais, também vêm sofrendo com essas inundações. 

Em entrevista à Rádio JM e com o intuito de explicar o porquê desses alagamentos em um bairro alto, o engenheiro e ex-presidente da Codau, José Elias Miziara, analisou a situação. Miziara destaca que, quanto às condições climáticas, não há chuvas uniformes e sim pancadas de chuva como a desta terça-feira (12). "Os projetos de engenharia, desde as bocas de lobo até os canais, tudo isso é feito para uma média de precipitação por minuto ou por hora”, explica o engenheiro. Dessa forma, os projetos não contemplam volumes excessivos de água de uma vez. Entendimento semelhante tem o também engenheiro Luiz Guaritá Neto, ex-presidente da Codau, que defendeu o Água Viva, ponderando que chuva intensa em pequeno espaço de tempo é atípica. 

Partindo deste entendimento, uma chuva rápida, porém intensa, pode facilmente criar estragos. No caso do bairro Abadia, o problema está interligado à Leopoldino de Oliveira e, segundo José Elias Miziara, uma obra em um pequeno trecho da principal avenida da cidade poderia colaborar para minimizar o problema, que seria o cruzamento da avenida com a Barão de Ituberaba. Ali tem um afunilamento onde há um rompimento no cruzamento quando há fortes chuvas, porque a pressão da água joga o asfalto para cima. 

“Existe um aspecto interessante. A Prudente joga água lá na Leopoldino perto do Piscinão, porém existe um trecho da Leopoldino, um canal que o Água Viva não contemplou. Há uma obstrução. Esse trecho é desde a Barão de Ituberaba até a praça do Mercadão, são 180 metros de canal que precisam ser demolidos e refeitos”, sugere, afirmando que esse canal foi feito em um formato antigo e desatualizado.

“Os canais de uberaba eram uma lateral chanfrada, um canal lá embaixo, fininho e com os taludes concretados ou às vezes até em grama. Esse trecho é desse jeito ainda, só jogaram uma laje por cima. E ele vem afunilando. A altura dele vem diminuindo lá da Barão até chegar na praça do Mercado. Depois de lá é ótimo”, avalia Miziara. 

O engenheiro ainda pontua que quando a água é jogada dentro da tubulação, seja na Prudente de Morais ou mesmo no ponto dessa obstrução na Leopoldino, o montante não é suportado pelo canal antigo, logo a água passa por cima do asfalto, ultrapassa o Mercado Municipal e não consegue entrar nas outras bocas de lobo da avenida, porque elas foram projetadas apenas para a precipitação local e não para essa grande quantidade de água.  

Segundo Miziara, já foram feitas algumas galerias nos últimos anos, mas insuficientes. Ele destaca também que antes não se exigia a execução de tubulações e redes de águas pluviais dos novos loteadores, o que também colaborou para os problemas de hoje. 

José Elias Miziara ainda aponta outro local cuja situação é crítica em termos de inundações, que é o cruzamento da avenida Odilon Fernandes com a rua Artur Machado. “Ali tem um estrangulamento pequeno. Uma obra de R$ 400 mil resolve. Mas é preciso atacar esses pontos”. 

Questionado sobre a inclusão desses pontos considerados críticos no projeto inicial, o engenheiro informa que não foram contemplados e mas por falta de verba, mesmo que a gestão Anderson Adauto, da qual foi vice-prefeito, tenha atraído mais recursos do que previamente se calculava necessário junto ao Banco Mundial. “O Anderson conseguiu muito dinheiro além da previsão inicial do Banco Mundial. O que foi feito: Guilherme Ferreira para baixo. A Fidélis Reis não tinha nada no Água Viva, porque o canal já tinha sido consertado anos atrás no governo Hugo”, explica. 

“Em que pese o projeto Água Viva contemplar apenas a região central é necessário fazer intervenções em vários locais. A Prudente de Morais descarrega as águas na Leopoldino de Oliveira. Já foram feitas nos últimos anos algumas galerias, mas o que foi que aconteceu ao longo dos anos: não se exigia dos loteadores a execução de tubulações de águas pluviais. Ainda hoje, se bobear, o loteador enrola nisso. Ele enrola porque é caro, fala que não vai funcionar, porque a rua está de terra, não asfaltou ainda, sempre há embromação em torno das redes de águas pluviais”, sugere. 

Mas o engenheiro é positivo ao avaliar que o problema pode ter solução mais fácil do que se imagina. “Hoje nosso secretário de Serviços Urbanos e Obras reconhece isso aí porque ele era do Água Viva. Nos bairros, aquelas ruas que chegam na Odilon Fernandes inundam também. Inclusive tem uma que tem bacias. Tudo aquilo ali fica comprometido. É preciso que se confira todos os projetos aprovados na época de loteamentos e confira o que foi executado de águas pluviais. O que não foi exigido vai precisar ser feito agora. E infelizmente o lançamento disso é nas avenidas que estamos comentando. É preciso que essas avenidas estejam prontas para receber esse volume”, recomenda. 

Miziara ainda reafirma que “é poesia” esperar e cobrar desses loteadores a execução dessas obras tanto tempo depois. “A prefeitura vai ter que engolir esse ônus e fazer, não pode ficar esperando ali a vida toda”, finaliza. 

 

Postado originalmente por: JM Online – Uberaba

Pesquisar