Quebra da cartelização de postos de combustíveis em Uberaba foi o principal reflexo da Conexu$, diz Procon

Operação Conexu$ em Uberaba tem levado valores dos combustíveis à variação  nos postos de combustíveis da cidade. A operação foi deflagrada no dia 3 de setembro após denúncia do Ministério Público, que aponta existência de organização criminosa para a realização do crime de cartel em Uberaba, composta pela maioria dos empresários ou gestores do setor. Foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão e 11 mandados de prisão. Mesmo com baixo impacto inicial no bolso do consumidor, o principal reflexo da operação é o rompimento da prática criminosa de cartelização, na avaliação do presidente da Fundação Procon, Marcelo Venturoso. Para deixarem a prisão, os presos desembolsaram R$ 305 mil de fiança e têm dez dias para apresentarem defesa. 

Segundo o Procon Uberaba, o monitoramento de valores dos combustíveis nos postos de Uberaba está ocorrendo semanalmente. A última pesquisa de preços realizada no dia 14 de setembro aponta variação de 10,78% no preço do litro da gasolina, sendo R$ 4,46 o menor valor encontrado (Posto W1) e R$ 4,99 o maior (Posto Joia). A grande maioria dos demais postos comercializa o litro da gasolina a R$ 4,69. 

Já para o litro do etanol, a pesquisa aponta R$ 2,74 como o menor valor de comercialização (Posto Mantissa) e R$ 3,94 o maior (Posto Automan 3). O combustível tem grande variação de preços nas bombas de Uberaba, chegando a 30,39%. 

Ainda de acordo com a Fundação Procon, entre as pesquisas de 9 de setembro e 14 de setembro, o etanol foi o único combustível que registrou aumento no preço de comercialização do litro, passando de R$ 2,961 a R$ 2,963 (valor médio). Confira as demais variações:

Na avaliação do presidente do Procon Uberaba, Marcelo Venturoso, a variação ainda é pouco significativa para o consumidor, apesar de ser reflexo da operação Conexu$. “Ao realizar o acompanhamento dos preços após a deflagração da Operação Conexu$, a gente acabou constatando que ainda não há uma alteração expressiva. Houve sim uma alteração, mas uma alteração pequena, mas nós já sabíamos que seria esse o movimento normal. O grande êxito da operação é exatamente quebrar a situação de combinação dos preços”, explica Venturoso. 

Apesar de ser ligeira a variação, o presidente do Procon Uberaba acredita que a operação cumpriu sua principal função, que é romper a cartelização e promover o livre comércio. “A partir do momento que o mercado se ver livre para estipular o seu próprio preço, a gente tem a impressão de que esses valores irão diminuir de forma automática. Então, a consequência principal da operação e o principal benefício trazido para os consumidores de Uberaba é a liberação da concorrência. A partir do momento que passar o choque da operação, o mercado vai se normalizar e a consequência natural do aumento da concorrência será a diminuição. Essa diminuição, como dito, ainda não foi verificada de forma expressiva, mas ela já começa a acontecer em alguns postos e se espalhará com certeza quando o mercado se ver livre das amarras da combinação dos preços”, finaliza. 

Confira as pesquisas realizadas pelo Procon Uberaba

Após a formalização da denúncia pelo Ministério Público, acatada pelo juiz Fabiano Veronez, os presos na Operação Conexu$ se tornaram réus e agora têm dez dias para apresentarem defesa. A fiança foi fixada em R$ 305 mil. Segundo informações obtidas pelo jornalista Wellington Cardoso, a denúncia do MP aponta que a última combinação de preços entre empresários do setor antes da prisão ocorreu no dia 31 de agosto. No dia 1º de setembro, os preços foram corrigidos em aproximadamente R$ 0,30. 

Um dos diálogos a que tiveram acesso os promotores dizem que o etanol seria vendido a R$2,99 e a gasolina a R$4,59. Na prática houve uma variação de preços de dois ou três centavos em litro para cima ou para baixo. Uns aumentaram os preços imediatamente, outros o fizeram dois ou três dias depois. Na busca de adesão aos preços combinados, eles trocavam mensagens, às vezes usando o argumento que “todo mundo iria quebrar”. Um deles se encarregava de fotografar e mandar para colegas as placas de postos mostrando os preços em vigor.

Postado originalmente por: JM Online – Uberaba

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