Shows do Bicentenário aconteceram sem alvará do Corpo de Bombeiros

Com previsão para reunir 30 mil pessoas no Estádio Engenheiro João Guido – Uberabão, os shows em homenagem ao Bicentenário de Uberaba aconteceram sem a autorização do Corpo de Bombeiros. Antes que o evento começasse, o tenente-coronel Anderson Passos, comandante do 8º Batalhão de Bombeiros Militares, informou que não havia sido emitido o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). A reportagem acionou a assessoria de imprensa da Prefeitura de Uberaba, que confirmou a realização dos shows, uma vez que as determinações dos militares seriam cumpridas a tempo. Contudo, segundo o capitão Grazianni Cápolli, chefe da 3ª Companhia de Prevenção e Vistoria (3ª Cia PV) do Corpo de Bombeiros, o evento aconteceu à revelia das determinações da corporação.

“O evento entrou com PET (Projeto de evento temporário) no Corpo de Bombeiros, conseguiu a aprovação, mas num segundo momento de vistoria de liberação, não tinha todos os meios executados, conforme o projeto que foi aprovado. Então os militares tiveram que fazer modificações e voltar essas orientações para os organizadores para que eles pudessem sanar essas modificações, para que obtivessem o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros”, explica o capitão Cápolli.

Segundo o militar, a determinação não cumprida diz respeito às barras que delimitam a setorização, o acesso de pessoas ao campo. “Quando o público é superior a 10 mil pessoas, (o evento) necessita dessa setorização, para dividir o público e evitar uma aglomeração muito intensa. E se necessitar de dispersão, que as pessoas possam sair por dois ou mais caminhos”, diz. As barras usadas pela Prefeitura não são as corretas para evento da magnitude do ocorrido na noite de ontem (1º).

“A gente considera as barras anti-pânico e anti-esmagamento. São barras que evitam, como o próprio nome diz, o tumulto. Temos barras comuns em todo o evento aqui (no Uberabão), que não proporcionam essa segurança, conforme está na nossa Norma de Prevenção de Combate ao Incêndio do Estado. Mesmo assim foi passado para os organizadores que não vai ter a liberação (do alvará) pelo Corpo de Bombeiros. Mesmo assim nós nos fazemos presentes para mitigar algum risco que possa acontecer. Orientamos os brigadistas quanto à situação, fizemos algumas orientações no microfone, no palco, para tentar reduzir (o pânico) em caso de sinistro”, afirmou Capitão Cápolli.

As barras presentes no evento são chamadas de disciplinadoras. “Elas delimitam por onde as pessoas podem caminhar, mas não têm essa propriedade (para evitar tumulto). Se elas caírem, em caso de pânico, elas podem virar uma outra arma ou até mesmo aumentar o risco de a pessoa prender o pé ou cair em cima dessas barras”, explica.

Assim, o evento aconteceu sem a autorização do Corpo de Bombeiros, o que não é proibido. Contudo, o capitão Cápolli informa que não se tratava de caso passível de interdição do local. “O evento pode funcionar sem o AVCB. Contudo, funcionando sem a autorização do Corpo de Bombeiros, a Prefeitura acaba assumindo todos os danos, as situações que possam vir a ocorrer. Isso está previsto na nossa norma também, que cabe ao organizador. Não configura interdição do local porque eles têm os meios preventivos – eles têm saídas de emergência, brigadistas, seguranças e extintores”, o que já desconfigura a interdição do evento, segundo o militar.

“Essa documentação vai ser encaminhada posteriormente ao Ministério Público. Relatada a situação, possivelmente vamos estar nos reunindo para repassar o que aconteceu nessa situação”, finaliza capitão Cápolli.

Acionada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Uberaba afirmou que se posicionará oficialmente assim que se inteirar dos fatos junto ao Ministério Público. O espaço está aberto à manifestação.

Postado originalmente por: JM Online – Uberaba

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