“Efeito Felipão” pode salvar o centenário do Cruzeiro?

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A 75 dias de completar 100 anos de vida, o Cruzeiro vive seu momento mais delicado na história. Os títulos, os craques e até mesmo a estrutura referência de seu centro de treinamentos ficaram para trás. O momento é de uma crise sem igual e de um futuro recheado de incertezas.

Há dois anos, em 17 de outubro de 2018, o Cruzeiro erguia a taça da Copa do Brasil. A sexta em sua história e a segunda consecutiva, feitos inéditos na competição. O ano acabou, veio 2019, e muitos investimentos foram feitos. O time respondia em campo. Venceu o Mineiro, passava por cima dos adversários na Libertadores, até que o trem saiu do trilho.

As vitórias se tornaram raras, e as trocas de comando viraram rotina, assim como os atrasos salariais. O elenco, protegido pela direção, derrubou Rogério Ceni e, com Abel Braga e Adilson Batista, também não correspondeu. O que era inimaginável, aconteceu: dono de uma das maiores folhas salariais do Brasil, o Cruzeiro estava rebaixado à Série B do Brasileiro.

Tudo o que aconteceu em campo foi reflexo de uma desorganização sem tamanho fora dele. Uma sequência de más gestões na última década, que fizeram o clube acumular uma dívida que hoje chega a R$ 1 bilhão. Wagner Pires de Sá, Itair Machado e Sérgio Nonato, “cabeças” da gestão 2018/2019, podem até parar na cadeia por irregularidades cometidas à frente do clube.

Mergulhado em dívidas, na Série B e com uma realidade muito mais próxima da Série C do que da elite, a grande questão é: há possibilidade de o Cruzeiro fechar as portas? O presidente Sérgio Santos Rodrigues rechaça.

“A gente tem que buscar a solução adequada para o tamanho da dívida do Cruzeiro. Agora essa história de fecha e abre em outro CNPJ, falência, com todo respeito, é questão de quem não está no dia a dia e não entende o funcionamento de um clube de futebol, até pela sua natureza jurídica”.

É a mesma linha de pensamento adotada por César Grafietti, economista e consultor financeiro. Segundo ele, o Cruzeiro vai levar cinco ou seis anos para retomar o que era antes de degringolar.

“É muito difícil você falar “inviável” em um clube num clube do tamanho do Cruzeiro. Encerrar a atividade, no sentido de falir e tudo mais, é muito drástico para uma marca, para um clube que tem a força do Cruzeiro”.

“Vai levar cinco, seis anos, talvez, para o Cruzeiro voltar a ter o estágio que ele tinha antes de cair, antes dos problemas. Então, é um processo longo, muito longo, especialmente estando na Série B”

Antes mesmo da construção da Toca da Raposa 2, o Cruzeiro já era referência em termos de estrutura. O pagamento em dia e o que o centro de treinamentos oferecia aos jogadores sempre foram aspectos levados em consideração para aceitar propostas do Cruzeiro. Vários atletas falaram isso ao longo da história.

Acontece que, no início do mês, uma declaração do presidente Sérgio Rodrigues chamou atenção. Mesmo com as dificuldades financeiras do clube, que está com salários atrasados, o elenco ficaria concentrado em um hotel em Atibaia, no interior de São Paulo, para os jogos contra Oeste e Juventude.

“Descuido, incompetência, como a gente já viu antes. (…) A empresa anterior não estava sendo paga. (…) Tinha esse problema, e nós chegamos a um acordo com uma nova empresa, que já está tratando dois campos e nós estamos treinando em outros dois”.

“A gente acredita que até o fim do mês eles serão entregues no padrão oficial de estádio de futebol, bem bacana, que com certeza até o fim do ano. Depois nós vamos tratar os outros dois e fazer aquele revezamento que é normal”

Os campos que estão sendo tratados de forma mais completa são o três e o quatro, localizados na parte dos fundos da Toca. Os números um e dois voltaram a ser usados pela comissão técnica nesse sábado.

Um alento para o torcedor do Cruzeiro, nos últimos dias, foi a contratação de Luiz Felipe Scolari. Depois de receber recusas de três técnicos da Série B, a diretoria conseguiu acertar com um treinador que está entre os maiores vencedores da história do futebol brasileiro. Mas o que foi feito para convencer um campeão mundial, da Libertadores, da Copa do Brasil e do Brasileiro a pegar um time que está na vice-lanterna da Série B? Sérgio Rodrigues explica.

“Acho que foi o que falamos: não vem com aquela história de vem, se jogar mal, vai ser mandado embora. Então, quando fomos colocar a multa rescisória, eu disse: pode pôr o que você colocar porque com você vindo, a gente tem um projeto maior. Você representa muita coisa para nós. A gente faz essa discussão hoje, como por exemplo clube-empresa, e você ter uma pessoa como o Felipão atrai coisas”.

“Na hora que ele entendeu isso aí, que nós não estávamos preocupados só com o que ele vai dar de resultado, mas como ele vai ajudar a reestruturar o clube de uma forma geral, porque ele foi da seleção brasileira, seleção de Portugal, Chelsea. No Brasil também, multicampeão e fora. Eu acho que tem muito mais a dar do que só nas quatro linhas”

Apesar da colocação e do futebol ruim do Cruzeiro na Série B, Sérgio Rodrigues ainda acredita em um acesso nesta temporada.

“O campeonato de pontos corridos é jogador rodada a rodada. O CSA, por exemplo, estava abaixo da gente há seis ou sete rodadas atrás e agora está perto do G-4. Da zona de rebaixamento ao G4 são 11 pontos, três ou quatro rodadas. Esses números vão mudando de acordo com a rodada e de como o desempenho acontece. Então, há tempo sim. A gente acredita de verdade que isso pode acontecer”.

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Postado originalmente por: Minas AM/FM

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