Covid-19 provoca suspensão de cirurgias eletivas na rede privada de viçosa e algumas cidades da zona da mata

Cirurgias eletivas realizadas na rede privada de saúde foram suspensas temporariamente em Viçosa, Muriaé e Ubá após a publicação de uma orientação do Governo de Minas no fim de junho.

O motivo foi um parecer do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES) que constata a dificuldade de compra de medicamentos sedativos, anestésicos e bloqueadores neuromusculares em todo o Estado.

Os medicamentos que estão em falta são utilizados em pacientes durante cirurgias e também naqueles que estão na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), inclusive em casos de Covid-19 e coloca em risco a realização de procedimentos invasivos, admissão de pacientes em terapia intensiva e a realização de entubação para receber a ventilação mecânica.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), as cirurgias eletivas foram suspensas na rede pública desde março, no início da pandemia de Covid-19 em Minas.

Entretanto, o COES informou em junho que mesmo com a suspensão desses procedimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a dificuldade de obtenção de substâncias anestésicas no mercado pode afetar a realização dos procedimentos cirúrgicos indispensáveis e por isso foi orientado, através de uma recomendação, que a interrupção das cirurgias eletivas fossem ampliadas também para a rede privada.

A reportagem realizou um levantamento junto às prefeituras de Viçosa, Barbacena, Juiz de Fora, Muriaé e Ubá para saber o que foi adotado.

O que são cirurgias eletivas?

Roberto Heleno Lopes - cirurgião oncológico de Juiz de Fora — Foto: Roberto Heleno Lopes/ Arquivo Pessoal

Roberto Heleno Lopes – cirurgião oncológico de Juiz de Fora — Foto: Roberto Heleno Lopes/ Arquivo Pessoal

De acordo com o médico cirurgião de Juiz de Fora, Roberto Heleno Lopes, as cirurgias eletivas que deveriam ser suspensas são as não essenciais, aquelas com data marcada pelo paciente ou pelo cirurgião, e que não se enquadrem em nenhuma da classificação definida pela Anvisa em 29 de maio de 2020:

  • emergência: devem ser realizadas em até uma hora;
  • urgência: devem ser realizadas em até 24 horas;
  • urgência eletiva: devem ser realizadas dentro de duas semanas;
  • eletiva essencial: devem ser realizadas entre 3 a 8 semanas;

“As cirurgias eletivas não essenciais têm como exemplo as cirurgias plásticas com finalidade estética. Praticamente todas as especialidades têm cirurgias que podem ser adiadas. São patologias em que a probabilidade de haver alguma complicação para o paciente nos próximos três meses é muito baixa”, explicou o médico.

Ainda segundo o especialista, cada caso precisa de avaliação direta de um profissional especializado, mas algumas patologias que podem ser consideradas como procedimentos eletivos não essenciais e podem ser adiadas.

Um exemplo são as de cálculo de vesícula não complicados, varizes, algumas cirurgias oftalmológicas, desvio de septo e até oncológicas, quando trata-se tipos de câncer de baixa gravidade. Um exemplo são as de câncer de pele não melanoma e a maioria de câncer de tireoide. Mas é preciso uma avaliação do especialista.

Porém, o médico ressalta que a longa espera espera pode sim, causar complicações para alguns pacientes, dependendo do tempo que esperam pelo procedimento.

“Tudo tem que ser bem avaliado, porque o adiamento para se proteger do coronavírus não pode gerar um prejuízo maior para o paciente. Grande parte dos casos oncológicos, o adiamento da cirurgia pode levar a uma evolução da doença. O mesmo pode ocorrer com aqueles que estão na fila de espera de transplante ou cirurgia cardíaca que o quadro pode agravar”, avaliou o cirurgião.

É preciso entender ainda, que mesmo as patologias que podem ser consideradas para cirurgias não essenciais, podem apresentar alguma complicação.

Suspensão na rede privada

Viçosa

Em Viçosa, a Prefeitura informou que recomendou a não realização de cirurgias eletivas nas instituições públicas e privadas da cidade, seguindo a recomendação do COES e do Ministério da Saúde. De acordo com o Executivo, na cidade estão sendo realizados apenas casos de urgência ou que podem gerar danos pacientes ao futuro caso não sejam realizadas.

O município tem dois grandes hospitais, o Hospital São João Batista, que é referência para os casos de Covid-19 e o Hospital São Sebastião. No fim de junho, o São Sebastião enfrentava dificuldade para compra de sedativos como o Fentanil, que estava com o estoque quase zerado.

Muriaé

Já em Muriaé, a determinação da suspensão dos procedimentos eletivos ocorreu através da publicação de um decreto que estabeleceu medidas de distanciamento social ampliado. Na cidade, os hospitais São Paulo e a Fundação Cristiano Varella sinalizaram problemas para compra das susbstâncias necessárias para pacientes de UTI.

O decreto determinou que todos os hospitais e clínicas em funcionamento em Muriaé, incluindo a rede privada, suspenda a realização de cirurgias eletivas, observadas as determinações dos Conselhos Federal e Regional de Medicina e do Ministério da Saúde, sob pena de cassação dos alvarás de funcionamento concedidos pelo Poder Público.

Barbacena

A situação é semelhante em Barbacena. A Prefeitura confirmou ao G1 que acatou a orientação do Governo de Minas e suspendeu os procedimentos eletivos na rede privada. Os hospitais da cidade informaram que também enfrentam falta de alguns sedativos.

O Hospital Ibiapaba afirmou que todas as cirurgias eletivas estão suspensas, independente da fonte pagadora.

Já o Hospital Regional da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) informou que não está realizando procedimentos, exames, consultas e cirurgias eletivas e ambulatoriais temporariamente, tanto por convênio quanto pelo SUS, por cusa do contingenciamento de leitos destinados a possíveis casos da Covid-19.

Ubá

A Prefeitura de Ubá informou por nota que o Governo do Estado já comunicou os hospitais e o município sobre a recomendação. O Executivo informou que estão seguindo a recomendação estadual da suspensão das cirurgias eletivas.

Na cidade, os hospitais Santa Isabel e São Vicente também relataram no fim de junho dificuldades para comprar os sedativos e bloqueadores neuromusculares.

Fonte: G1.

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Postado originalmente por: Rádio Montanhesa

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