Moradores de ramos pedem interrupção de reforma na praça para evitar a presença de mendigos

Uma campanha nas redes sociais está chamando a atenção de moradores de Viçosa, na Zona da Mata. Um documento assinado por um grupo de vizinhos de uma praça no Bairro Ramos pede a reformulação de um projeto de revitalização do local, alegando que a proposta da Prefeitura poderia trazer transtornos.

Dentre as insatisfações relatadas no documento, que tem como destinatário a Secretária de Obras do Executivo, está o fato de que o local poderia se tornar um “abrigo para moradores de rua”. No texto, os moradores da Rua Alberto Pacheco afirmam que não aceitam o projeto na Praça Alice Loureiro e solicitam “com urgência” a retirada de uma mesa e de bancos que foram instalados no local.

A imprensa regional entrou em contato com a Prefeitura de Viçosa para saber se o documento foi recebido e qual o posicionamento do Executivo sobre as solicitações e aguarda retorno.

O abaixo-assinado aponta outros possíveis problemas que o projeto traria, como a realização de festas com consumo de bebidas alcoólicas e drogas, que trariam “perigo para o bairro” e também a colocação de carrinhos de lanche ou outro tipo de comércio ambulante “descaracterizando o que seja uma praça”, ainda conforme o texto dos moradores.

Em abril deste ano, um outro post nas redes sociais causou polêmica na cidade. Uma página postou na internet uma imagem pedindo que cada pessoa cuidasse bem de sua casa. Em uma das frases, a mensagem diz para o morador “não deixar sua casa parecer um a favela”.

Segundo o historiador Rômulo Marcolino, que denunciou os dois posts, a mensagem teria sido publicada em um site de classificados. Assim como o abaixo-assinado, ele também critica a ação.

“Acho que a gente tem se deparado com uma sequência de manifestações abertas de cunho higienista em Viçosa”, declarou.

O professor contou que o local fica próximo a uma clínica particular, o que atrai pessoas de toda a cidade e até de municípios vizinhos.

“Imagina exigir a retirada de mesa e bancos por temer a presença de mendigos e ambulantes… Os bancos, inclusive, poderiam ajudar a acomodar essas pessoas ou seus familiares, enquanto aguardam suas consultas e exames”, ressaltou.

Associação dos Moradores se posiciona

A Associação dos Moradores do Bairro Ramos (Amar) publicou uma nota repudiando o conteúdo do abaixo-assinado. No texto, a presidente da Associação, Luana Fontenelle, diz que é inconcebível que ainda existam pensamentos como os que foram expressos no documento.

“Essas pessoas nunca fazem nada pelo bairro e só sabem reclamar. Eu não sou engenheira, mas lutei pela reforma e ela já esta em fase de conclusão”, afirmou na publicação.

Em entrevista, Fontenelle reafirmou ser totalmente contra o documento e negou qualquer relação da Associação com a pessoa que mandou o pedido à Prefeitura.

“Este abaixo-assinado vem em total desconexão com as reais necessidades do bairro, visto que a praça precisa ser revitalizada, para que não só moradores do Ramos, como quaisquer cidadãos, possam usufruir de um bem que é público”, alegou.

A representante do bairro disse ainda que a obra deve ser finalizada em breve. “Este abaixo-assinado não passa de uma intenção desastrosa de coibir uma reforma que estamos lutando há mais de quatro anos. Portanto, não há nenhum valor legal neste esdrúxulo documento”, reiterou.

Fonte: G1 Zona da Mata

Postado originalmente por: Rádio Montanhesa

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