Com órgãos captados em Muriaé, Santa Casa de Juiz de Fora realiza seu 1º transplante simultâneo

Com órgãos captados em Muriaé, Santa Casa de Juiz de Fora realiza seu 1º transplante simultâneo
Paciente que recebeu os órgãos e a equipe que realizou o transplante (Foto: Felipe Couri/Tribuna de Minas)

Dois órgãos de um doador de Muriaé, de 36 anos foram utilizados no primeiro transplante simultâneo de órgãos da região, realizado pela Santa Casa de Misericórdia, de Juiz de Fora. Um juiz-forano de 30 anos recebeu um rim e o pâncreas captados em Muriaé.

Confira abaixo a reportagem produzida pelo site Tribuna de Minas, de Juiz de Fora.

A cirurgia foi realizada no dia 12 de junho, e os detalhes sobre o procedimento foram repassados à imprensa na manhã desta quarta-feira (20).

O transplante de pâncreas foi o primeiro a ser realizado pela instituição na região, somando-se aos demais procedimentos já existentes desde a década de 1980, como de rins e córneas, desde 2008, e de fígado, que é realizado na instituição desde 2017.

Segundo o coordenador da Unidade de Prática Integrada de Transplante da Santa Casa, Gustavo Fernandes Ferreira, o paciente transplantado foi diagnosticado com diabetes tipo 1 quando completou um ano de idade. “Em 2013, o diabetes dele evoluiu para a falência dos rins, fazendo com que ele passasse a realizar a hemodiálise. Mas, devido à gravidade da diabetes, ele precisou entrar na fila do transplante de rim. Mas, como em 2017, a Santa Casa foi credenciada para realizar o transplante de pâncreas e rim, foi possível ofertar a este paciente o transplante simultâneo de órgãos, oferecendo maior qualidade de vida e sobrevida a este paciente”, destacou.

A duração entre a captação dos órgãos em Muriaé, realização de exames de compatibilidade entre o doador e o receptor e a implantação dos mesmos no paciente em Juiz de Fora foi de nove horas e 50 minutos. O transporte dos órgãos e da equipe médica entre as duas cidades foi realizado pelo Pégasus, helicóptero da Polícia Militar, que prestou apoio aos trabalhos. A cirurgia na Santa Casa teve duração de cinco horas e meia. O cirurgião de transplante da Santa Casa, Gláucio Souza, avaliou o tempo como hábil e adequado para o procedimento. “O tempo é decisivo. O tempo entre a retirada do órgão no doador e a implantação dele no receptor tem que durar até, no máximo, 12 horas. Se isto ocorrer em menos horas, melhor. Nós corremos contra o tempo, que é a nossa maior preocupação. Depois começam as outras, como as alterações no pós-operatório, mas, felizmente, este paciente está evoluindo bem e estamos muito felizes com o resultado”, comentou o cirurgião.

Transplante de pâncreas em três modalidades

Com a certificação da Santa Casa para a realização do transplante de pâncreas, a instituição passa a oferecer o procedimento em três modalidades. De acordo com Gustavo, a primeira e a principal delas é o simultâneo, indicado para pacientes que tiveram a falência dos rins provocada pelo diabetes tipo 1. “A segunda opção é o transplante de pâncreas após o rim, ou seja, para pacientes com diabetes que tenham sido submetidos primeiramente ao transplante de rim para controlar a doença, mas alguns pacientes não têm capacidade de manter o controle glicêmico, e a hipoglicemia que eleva o risco de morte e é a principal indicação. Inclusive, já temos um paciente aguardando na fila neste modelo. Por último, e mais restrito, é o transplante isolado do pâncreas, para pacientes que ainda têm o rim funcionando, mas que que não conseguem controlar. Estes casos são mais raros em função do avanço das terapias medicamentosas”, explicou.

O coordenador acrescentou que agora, com a Santa Casa, Minas Gerais passa a contar com dois hospitais credenciados para realizar este tipo de transplante muito específico. O outro fica em Belo Horizonte. “Fechamos um ciclo importante dentro dos transplantes de órgãos abdominais dentro da Santa Casa. Isto é fruto de um trabalho desenhado há alguns anos e feito por um grupo muito robusto. A gente não conseguiria fazer isso sem a estrutura que o hospital nos forneceu e o grupo multidisciplinar, que nos oferece segurança para realizar esse procedimento”, ressalta Gustavo.

No quarto, em plena recuperação e cheio de expectativas, está Diogo de Souza Bernardes, 30 anos, morador do Bairro Marilândia, na Cidade Alta, e o primeiro paciente na região a receber órgãos em um transplante simultâneo. Para ele, será uma oportunidade para começar uma vida nova, já que convive desde seu primeiro ano de vida com o diabetes tipo 1, que em 2013 evoluiu para a falência renal, obrigando o ex-cobrador de ônibus a realizar sessões de hemodiálise. “Foram quatro anos e sete meses sofrendo com a insuficiência renal. Hoje eu sinto como se fosse um bebê, que vai ter que aprender a fazer tudo de novo, mais regrado e certinho”, ressalta ele, que é pai do pequeno Gabriel, 6 anos.

Diante de novas possibilidades, o maior desejo de Diogo é simples: beber uma garrafa de água, algo que não pode fazer por conta da hemodiálise. “Eu sempre soube que a minha chance de cura era o transplante, por isso, sempre tive esperanças. Agora quero aproveitar ao máximo cada instante e agradecer bastante a Deus. Sei que não poderei abusar, pois os transplantes não me deixam livre para fazer qualquer coisa. Pelo contrário, preciso ter mais cuidados para não regredir e ter complicações futuras”, comenta ele, que espera ter alta médica até o final desta semana, ir para a casa e matar a saudade do filho.

 

Fonte : Tribuna de Minas

Postado originalmente por: Rádio Muriaé

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