Cientistas dizem que o pior ano da história foi 536

De acordo com os cientistas, 2020 não chegou nem perto de ser o pior ano na história da humanidade

O dia amanhece escuro. Sem a luz do sol, o outono se transforma em inverno. Milhões de pessoas respiram um ar sufocante e espesso e perdem quase todas as safras que esperavam colher. A peste se espalha. Este cenário assustador e distópico parece ter sido tirado de alguma produção hollywoodiana. Mas não foi. Ele realmente aconteceu em 536, ano que os cientistas consideram o pior para se estar vivo na história. Os efeitos devastadores se estenderam por longos 18 meses.

Tudo ocorreu por causa de uma drástica mudança climática. No inverno de 536 um vulcão na Islândia entrou em erupção, espalhando uma nuvem de fumaça da Europa à China que demorou a se dissipar, provocando redução de temperatura. Não havia distinção entre dia e noite. Chegou a nevar no verão chinês.

“Aerossóis das grandes erupções vulcânicas bloquearam a radiação solar, diminuindo o aquecimento da superfície da Terra”, afirmou Michael McCormick, historiador da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

“O sol deixou de brilhar por até 18 meses. O resultado foram colheitas fracassadas, fome, migrações e turbulência por toda a Eurásia”, completou ele.

Para McCormick, o cenário foi ideal para a disseminação da peste bubônica. Numerosos grupos de famintos decidiram migrar para outras regiões, levando com eles a doença transmitida pelos ratos.

Em comparação com as dificuldades modernas enfrentadas por causa da Covid-19, as diferenças são chocantes.

“É preciso considerar o período como um todo”, explicou ele, acrescentando que “536 foi apenas o início de um período muito difícil. A pandemia de peste, além do resfriamento abrupto, deve ter sido muito difícil. Hoje a Covid-19 é terrível , mas compare a taxa de mortalidade para a peste bubônica”, continuou ele, chamando a atenção para a taxa de letalidade do coronavírus de 1,8% nos EUA em comparação com a taxa de mortalidade de 40% a 60% para a peste bubônica não tratada.

De acordo com os estudiosos, o drama voltou a ocorrer com erupções nos anos de 540 e 547.

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