Fibromiálgicos buscam melhorias em prol de uma vida melhor

“Tenho fibromialgia. Conviver com essa síndrome é como acordar todo dia sem saber como vou me sentir. Dor que migra pelo corpo todo, as vezes nem sendo possível saber onde dói, mais acordar sempre cansada, pois o sono me foge. Saio para trabalhar e volto como se tivesse carregado o mundo nas costas. Ficar sentada dói. Ficar em pé dói. Meu intestino fica irritado. Ir ao médico é doloroso, os exames físicos me machucam. Não existe dias sem dor. Da cabeça aos pés, meu emocional se abala, meu humor muda e isso é constrangedor. Não há cura para fibromialgia. Há tratamentos medicamentosos e meios alternativos como exercícios físicos para aliviar a dor. A fibromialgia é real, e não é coisa da minha cabeça. Não quero que minha condição determine quem eu sou. A fibromialgia faz parte de mim, mas estou determinada a não deixar que isso me controle”. Esse é o relato da Líder Voluntária e Delegada da Associação Nacional dos Fibromialgicos e Doenças correlacionadas (ANFIBRRO), Lessandra Silva, sobre a fibromialgia e o quanto a síndrome pode afetar a sua vida.

A Fibromialgia caracteriza-se por dor crônica que migra por vários pontos do corpo e se manifesta especialmente nos tendões e nas articulações. Trata-se de uma patologia relacionada com o funcionamento do sistema nervoso central e o mecanismo de supressão da dor que atinge, em 90% dos casos, mulheres entre 35 e 50 anos, mas também pode ocorrer em crianças, adolescentes e idosos. A dor da fibromialgia pode ser intensa e incapacitante, mas não provoca inflamações nem deformidades físicas. Entretanto, pode estar associada a outras doenças reumatológicas, o que pode confundir o diagnóstico, conforme explica o médico Drauzio Varella em sua página na Internet.

Em Manhuaçu, cerca de trezentas pessoas possuem fibromialgia e a Lei Municipal 3.940/2019, sancionada no dia 6 de maio, instituiu o Dia Municipal da Fibromialgia para o dia 12 de maio. A lei prevê a realização de palestras, debates, aulas e seminários de discussão durante a comemoração da data. O objetivo é conscientizar a população sobre a Fibromialgia, seja empresas públicas, concessionárias de serviços públicos e empresas privadas que devem dispensar, durante todo o horário de expediente, atendimento preferencial aos portadores de Fibromialgia. Já as empresas que recebem pagamentos de contas e bancos deverão incluir os portadores da doença nas filas destinadas aos idosos, gestantes e deficientes. Em tese a Lei também deve permitir que os portadores de Fibromialgia estacionem em vagas destinadas aos idosos, gestantes e deficientes. Os veículos devem estar devidamente identificados com adesivo municipal após comprovação médica. Para este benefício, o fibromiálgico deve se dirigir até a Delegacia de Polícia Civil. O atendimento é realizado todas as quartas-feiras. “E quem tiver Fibromialgia e quiser fazer a carteirinha deve se dirigir até a sede da Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social, que fica à rua Monsenhor Gonzalez, 484, Centro, portando os seguintes documentos: xerox da identidade e CPF laudo médico ou atestado com CID 10. M79-7, comprovante de residência atualizado, foto 3×4 e título de eleitor”, explica Lessandra Silva.

De cada 10 pacientes com fibromialgia, sete a nove são mulheres. Não se sabe a razão porque isto acontece. Não parece haver uma relação com hormônios, pois a fibromialgia afeta as mulheres tanto antes quanto depois da menopausa. Talvez os critérios utilizados hoje no diagnóstico da síndrome tendem a incluir mais mulheres. A idade de aparecimento da fibromialgia é geralmente entre os 30 e 60 anos. Porém, existem casos em pessoas mais velhas e também em crianças e adolescentes. O diagnóstico da fibromialgia é clínico, isto é, não se necessitam de exames para comprovar que ela está presente. Se o médico fizer uma boa entrevista clínica, pode fazer o diagnóstico de fibromialgia na primeira consulta e descartar outros problemas.

A Líder Voluntária, Lessandra Silva, relata que começou a buscar ajuda para sua situação. E foi quando ela conheceu os trabalhos promovidos pela ANFIBRO que lhe apresentou um projeto de lei que garantem direitos para os fibromiálgicos. “É uma Associação que me deu apoio, atenção e ajuda. Hoje, nosso projeto foi sancionado tendo direitos a fila preferencial e estacionamento privativo. Assim, como o dia 12 de maio ser o dia da conscientização sobre a doença em Manhuaçu. Hoje, faço parte da ANFIBRO como delegada e líder voluntária da região Sudeste e convivo com a doença. E minha maior luta é garantir e defender os direitos dos fibromiálgicos”, salienta.

“E por isso, lutamos e continuamos a lutar para que todos tomem consciência de que a Fibromialgia é uma doença incapacitante que impõe limitações, tanto na vida pessoal como na social e profissional. Temos conhecimento de aproximadamente 200 sintomas que podem ocorrer na Síndrome Fibromiálgica. Além das questões trabalhistas não podemos deixar de mencionar que parte importante do tratamento visando a qualidade de vida para o portador da Fibromialgia inclui fisioterapia, hidroterapia e acupuntura”, reitera Lessandra Silva.

Danilo Alves

Postado originalmente por: Tribuna do Leste – Manhuaçu

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