Outubro Rosa: encarar e vencer o câncer

Mais de 66 mil mulheres serão diagnosticadas com câncer de mama no Brasil até o final de 2020, de acordo com as estimativas. O tempo conta muito no tratamento.

O Outubro Rosa é uma campanha de conscientização que tem como objetivo alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce desse tipo de câncer e também o de colo do útero.

Dentro do processo de conscientização das mulheres, o Tribuna do Leste traz o depoimento animador de uma paciente que está enfrentando a doença com fé e esperança.

Loren Ferreira Knupp Fully é natural de Manhuaçu, atualmente mora na cidade de Vila Velha no Espírito Santo. Enfermeira, casada, mãe de dois filhos pequenos, ela conta como recebeu a notícia de que estava com Câncer de Mama aos 37 anos de idade. “Claro que a notícia foi muito impactante. Chorei muito, fiquei preocupada, mas, lá no fundo, eu sabia que era algo grave. No entanto, eu precisava reagir rápido porque também sabia que, na verdade, existia um grande preconceito em relação a esta doença. 

FALAR PRA FAMÍLIA: A PRIMEIRA SUPERAÇÃO 

“Foi aí que liguei para minha avó martena, dona Marlene, e, ao dar a notícia, ouvi dela, com muita serenidade aos 85 anos de idade , que eu não seria a primeira e nem a última a receber um diagnóstico de câncer de mama. Ela afirmava que conhecia muitas mulheres que tiveram um tratamento bem-sucedido e venceram a doença. Isso me encorajou bastante” – contou.

Passado o período de absorção da notícia, Loren disse que veio logo a preocupação com o tratamento. Segundo ela o medo da quimioterapia foi o próximo desafio que enfrentou. “O meu medo do tratamento foi imediato, mas ouvi do meu médico que o pior era receber a notícia de que estava com câncer. No primeiro momento,  eu achei que ele queria apenas amenizar. 

Todo este cenário na minha vida se apresentava com o início da pandemia do coronavírus que parou praticamente o mundo e a Grande Vitória. Câncer de mama e Covid-19 apareceram. Pensamos com com muita determinação que tínhamos um problema e era preciso resolver”, afirmou Loren.

CINCO MESES DE BATALHA 

A enfermeira se apegou a fé e ao apoio da família para não perder o foco. Passados cinco meses do início do tratamento, na semana passada, ela terminou as 16 sessões de quimioterapia. “Algumas dessas fases costumam debilitar o paciente, mas, Graças a Deus, eu passei praticamente ilesa por todas elas. No meu caso, posso dizer que os efeitos colaterais não foram nem 10% do que eu esperava” – comemorou.

Sobre a campanha Outubro Rosa, Loren foi enfática ao destacar a importância dos exames. “Até os meus 36 anos de idade eu não tinha feito nenhuma ultrassonografia de mama por achar que esse exame era importante somente para mulheres acima dos 40 anos. Minha história com o câncer começou em janeiro deste ano, quando detectei o nódulo. A minha ginecologista estava de licença maternidade, mesmo assim, ela me enviou um pedido para realizar o exame. Como eu estava com pressa de saber o que estava acontecendo e encontrei dificuldade de marcar horário em uma clínica, acabei buscando o primeiro centro radiológico que tinha vaga e foi aí que ouvi que eu deveria ficar tranquila porque aquele pequeno tumor era benigno. Só que, ao fazer o ultrassom, foi constatado que eu tinha três nódulos e não um, como eu imaginava. Isso preocupou a minha ginecologista que pediu para eu repetir o exame três meses depois, dessa vez com um médico Mastologista. Foi aí que esse profissional constatou que o meu nódulo havia crescido meio centímetro de janeiro até abril, passando a ter, então, um centímetro  e meio. Por isso que todos os especialistas, eu posso atestar, recomendam o exame para que o diagnóstico seja o mais precoce possível, o que vai fazer toda a diferença no tratamento” – relatou.

Loren Ferreira Knupp Fully é uma pessoa de muita fé, inclusive demonstra isso por meio de suas redes sociais, onde concilia dicas de alimentação saudável, de uma vida regrada e também momentos de oração. Sobre a morte, ela garante que nunca temeu. “Eu trabalhei no setor de transplante de importantes instituições de saúde do país e isso me ajudou a aprender a lidar com o assunto de uma forma mais racional. Foi lá que eu aprendi a esperar o não esperado. Foram quase cinco anos da minha vida de frente com a morte, casos  que a gente não esperava, crianças que tiveram morte encefálica, mortes súbitas, que, como ser humano me impactavam, mas fazia parte do meu ofício compreender essa situação. Tive que me preparar para conviver com essa realidade.

Isso me fez olhar a vida diferente. O certo é que assim como nascemos, vamos morrer. Eu admito que tenho meus medos, mas tenho dois filhos que são bem novinhos, o mais velho com seis anos, e é por eles que dedico meus dias mantendo minhas atividades normais. A fé para mim é manter os olhos nas coisas do “Alto” e saber que tudo isso aqui é passageiro e que Deus me deu esse lugar, esse corpo para eu ser feliz e viver bem. Me deu todas a ferramentas e tudo mais que eu preciso para poder lutar. Diante disso, eu destaco duas situações: a primeira  é que a vida vai continuar, mesmo depois da minha morte. A fé tem que nos dar essa certeza de continuar, mesmo depois da nossa passagem, através do nosso legado. O outro ponto é nunca esquecer que tem a promessa de Jesus que nos reserva um lindo céu. Como disse anteriormente, eu sou ser humano, tenho meus medos, meus momentos de fraqueza, mas luto diariamente para tornar esses sentimentos  menores e busco as virtudes, principalmente, o amor, a ordem, a virtude da doação, para assim buscar o grande objetivo que é alcançar o céu” – finalizou.

Loren comemora ao lado do esposo Fernando Fully, dos filhos Nando e Lorenzo, da enteada Myllena e de familiares o fim das sessões de quimioterapia que eles costumam chamar de “gotas de cura”. Ela vai continuar fazendo o acompanhamento e seguindo com o tratamento. O fato é que nesse momento em que muitas pessoas ficam mais frágeis e parece inevitável bater o desespero, essa família mostra um exemplo de perseverança e fé. E que essas “gotas de cura” se tornem um oceano de bênçãos na vida de todas as famílias que enfrentam a doença. Para aquelas mulheres que não vivenciaram isso, vale não descuidar da saúde e buscar sempre realizar os exames devidos. A campanha Outubro Rosa é para esse fim e também para despertar nas pessoas a alegria de viver, assim como nos mostrou por meio da sua contribuição generosa a nossa entrevistada Loren Ferreira Knupp Fully.

Klayrton de Souza

Postado originalmente por: Tribuna do Leste – Manhuaçu

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