Pandemia veio com incertezas, mas cafeicultura se superou e comemora safra recorde

Com o surgimento da Pandemia do Novo Coronavírus o mundo se viu diante de um cenário de incertezas e o impacto na economia mundial foi imediato. Com o isolamento proposto pelas autoridades de saúde veio primeiro a necessidade de evitar a disseminação do vírus, depois a preocupação do que o período de inatividade poderia trazer de consequência.

Diante desse cenário de dúvidas a agricultura acabou sendo o alicerce de muitos países, de forma especial no Brasil, onde o setor agrário permitiu que o impacto econômico foi reduzido sistematicamente. A cafeicultura, por exemplo, foi fundamental para que regiões produtoras mantivessem a giro de capital e o desemprego e a falência de empresas tivessem índices suportáveis.

É o caso de Manhuaçu, que apesar de sentir “efeitos da pandemia”, tem números bem mais animadores que outros municípios do mesmo porte. Por aqui a cafeicultura sempre se impôs e nesse momento de crise não foi diferente. Ednilson Dutra é produtor e nas fazendas que administra junto com seu irmão colheu cerca de 20 mil sacas de café na safra desse ano. Apesar da grande estrutura que possuem, disse que no primeiro semestre algumas dificuldades surgiram, principalmente na preparação da colheita. “O impacto na região foi principalmente emocional. No início a gente se preocupava se a gente teria mão de obra suficiente, se teria como colher o café como nos anos anteriores. A nossa sorte é que o povo brasileiro tem uma maneira de se adaptar às situações que é um diferencial. Normalmente a gente tinha que buscar o apanhador de café em veículos coletivos. Com a pandemia pelo menos 60% dos nossos colaboradores preferiram deslocar por conta própria, seja em motocicleta, carros menores com menos pessoas, enfim, deram um jeito de aparecer. Além disso, com essa safra tão promissora, essas pessoas puderam colher mais e ganhar mais. Acredito que isso foi determinante para aquecer o nosso comércio, mesmo em tempos de pandemia”, explicou o agricultor.

A safra ainda nem terminou e Minas Gerais deve alcançar novo recorde na produção de café com o volume estimado de 33,5 milhões de sacas esse ano. Caso se confirme, a produção vai superar as 33,4 milhões de sacas de 2018, consideradas recorde da produção mineira.

A estimativa faz parte do 3º Levantamento de Safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que apontou, ainda, o crescimento de 36,3% no volume produzido e ganho de produtividade de 28,7% em relação à safra de 2019.De acordo com Thiago Braga de Oliveira, extensionista EMATER de Manhuaçu, alguns fatores justificam esse crescimento. “Primeiro temos que destacar a bienalidade. Como no ano passado produziu menos já era previsto que esse ano seria de produção maior. Temos que considerar que foi bem acima do esperado e as chuvas que cairam em abundância em 2019 e outros fatores climáticos que influenciaram na floração do café também fizeram a diferença”, destacou Thiago.

Segundo Companhia Nacional de Abastecimento, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a colheita no estado está em fase final, com previsão de encerramento das atividades em outubro.  Segundo Thiago Braga o volume recorde da produção mineira não deve causar impactos em termos de redução significativa de preço.

O setor cafeeiro já está de olho em 2021, mas ainda comemorando o ano altamente produtivo de 2020. Como mostramos, esse ano foi de superação para a cafeicultura a zona da mata, mas os números positivos também foram animadores em outras regiões do estado.

O Sul de Minas (Sul e Centro-Oeste) é a principal região produtora, representando 54,4% do total de café produzido no estado. A produção da região, nesta safra, deve alcançar 18,2 milhões de sacas, com crescimento de 30,3% em relação à safra anterior.

O Cerrado Mineiro (Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste) vai alcançar 5,9 milhões de sacas, com crescimento de 29,1% em relação à safra anterior.

Para o Norte de Minas (Norte, Jequitinhonha e Mucuri) o volume deve alcançar 716 mil toneladas, 13,9% superior à safra passada. Segundo a Conab, a colheita no estado está em fase final, com previsão de encerramento das atividades em outubro.

Klayrton de Souza 

Postado originalmente por: Tribuna do Leste – Manhuaçu

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