Psicólogo demonstra preocupação com aumento de casos de transtorno de ansiedade

O Jornal Tribuna do Leste trouxe em suas últimas edições as orientações de alguns especialistas das mais variadas áreas de atuação da medicina, relacionando as doenças que tratam com o momento de Pandemia em que o mundo enfrenta. Esses profissionais lembraram dos cuidados que seus pacientes devem ter para evitar a contaminação por coronavírus, que pode resultar em um agravamento se associado a outras patologias. O que mais chama a atenção é que apesar atuarem em áreas como geriatria, Oncologia, Urologia e outras especializações da medicina, todos demonstraram grande preocupação com a saúde mental das pessoas.

 O isolamento social, o futuro incerto e o medo de contaminação podem ser, para algumas pessoas, o estopim para desencadear uma crise de ansiedade. Esses elementos contribuem para o adoecimento psíquico e preocupam especialistas da área de saúde mental. É o que aponta uma pesquisa realizada pelo professor Alberto Filgueiras, do Instituto de Psicologia da Universidade do Rio de Janeiro. De acordo com o estudo, que entrevistou 1.460 pessoas em 23 Estados do Brasil em março e abril, as ocorrências de ansiedade e estresse aumentaram 80% entre os entrevistados nesse período.

Nossa reportagem procurou um profissional da área para entender esse aumento assustados de casos de pessoas com transtorno de ansiedade. Com larga experiência e saúde pública e atendimento a esse tipo de caso no seu consultório, o Psicólogo Márcio Rocha Machado começou destacando o estresse do momento. “É uma fase muito difícil onde maioria das pessoas está muito estressada. De um modo geral, houve uma piora na saúde mental das pessoas. Existem certos elementos que estão apontando para um possível adoecimento diante da situação de pandemia” – explica o psicólogo.

Manter a saúde mental em equilíbrio é um desafio em meio às medidas restritivas impostas para a contenção da pandemia. Pensando nisso, o estudo também buscou levantar atitudes que podem ser adotadas para reduzir os impactos psicológicos do atual período de crise.

 O acompanhamento de um profissional especializado, a alimentação saudável e a prática de exercícios físicos são capazes de dar esse bem-estar à mente, segundo o psicólogo. Mas a preocupação em se preservar de algumas notícias também vale como recomendação. “Para preservar a saúde mental, muitos tentam se blindar do noticiário relacionado à pandemia. A ansiedade que a acompanhava algumas pessoas anteriormente ao Coronavírus se agravou no período de isolamento social, graças aos relatos de casos da doença” – alertou Márcio.

O especialista ressalta ainda que o isolamento social durante a pandemia traz elementos que podem desencadear patologias relacionadas à ansiedade. “A pandemia pode agravar esse transtorno devido às preocupações que surgem com o amanhã (escola, emprego, relacionamentos etc.) e as consequências. Não sabemos quando vai acabar e não temos o controle da situação” –  analisa o psicólogo e vai mais além. ““Evitar fazer compras desnecessárias e dívidas. E preencher o dia de atividades para não deixar que os pensamentos negativos se instalem e ruminem a ponto de atrapalhar o cotidiano” – recomendou.

Márcio Rocha Damasceno termina falando da importância do estreitamento dos laços familiares. “O ambiente familiar deve ser o reduto de bons sentimentos. Apesar das dificuldades que possam surgir no cotidiano dessa relação, temos que entender que ela é o nosso alicerce. Nesse momento de crise temos a certeza que é o lugar ideal para buscar o apoio e também nos colocar à disposição para oferecer o nosso apoio. Muitos familiares podem estar distantes e o isolamento social dificultou bastante esse contato, mas eu recomendo que a tecnológica, tão usada nesse momento, seja também utilizada para transmitir mensagens de afeto. Seja por meio de uma live, uma mensagem de áudio ou vídeo, ou mesmo com a tradicional ligação, que as pessoas se mantenham em contato e transmitam boas energias e bons sentimentos” – finalizou.

Os transtornos de ansiedade se diferenciam do medo ou da ansiedade normais, adaptativos, por serem excessivos ou persistirem além de períodos apropriados ao nível de desenvolvimento. Assim, eles diferem do medo ou da ansiedade provisórios, com frequência induzidos por estresse, por serem persistentes. A ansiedade é um estado emocional de apreensão, uma expectativa de que algo ruim aconteça. Enquanto o medo tem um objeto definido, a ansiedade é uma emoção difusa, voltada para o futuro. No estado de ansiedade a mente cria vários pensamentos negativos e fantasia diversas cenas temidas, O estado de ansiedade é acompanhado por reações físicas desconfortáveis.

Os principais Transtornos de Ansiedade são: Síndrome do Pânico, Fobia Específica, Fobia Social, Estresse Pós-Traumático, Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Distúrbio de Ansiedade Generalizada.

É comum que haja comorbidade e assim uma pessoa pode apresentar sintomas de mais de um tipo de transtorno de ansiedade ao mesmo tempo ou ter ao mesmo tempo um Transtorno de Ansiedade e outro como depressão.

No geral, os transtornos de ansiedade respondem muito bem ao tratamento psicológico especializado.

Klayrton de Souza

Postado originalmente por: Tribuna do Leste – Manhuaçu

Pesquisar