18 estados já têm mais de 80% de UTIs lotadas, e secretários querem lockdown

Dezoito dos 26 Estados estão com mais de 80% dos leitos de UTI destinados ao tratamento da Covid-19 ocupados, o que indica a iminência de um colapso generalizado do sistema de saúde do país. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) defende a adoção imediata de lockdown (fechamento do maior número possível de atividades, liberando apenas o essencial) em locais acima de 85% e um toque de recolher nacional, das 20h às 6h.

O alerta de ocupação e risco de falta de leitos é da pesquisadora Margareth Portela, do Observatório Fiocruz Covid-19, que faz o levantamento para o boletim quinzenal da instituição. O novo boletim completo só sairá na semana que vem. Mas a pesquisadora adiantou a informação ao Estadão, diante da gravidade da situação. No relatório da semana passada, eram 12 os Estados em alerta. Segundo a Fiocruz, trata-se da pior situação registrada desde o início da pandemia.

Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão, Pará, Tocantins, Amazonas, Rondônia, Acre e Roraima têm situação mais crítica. “Sem dúvida, este é o pior momento”, afirmou Margareth Portela. “Houve momentos em que tivemos até 7 Estados na zona crítica. Com exceção dos Estados do Sudeste, do Amapá, Sergipe, Alagoas e Paraíba, todos os demais estão em vermelho.”

No primeiro momento da epidemia, como lembra a pesquisadora, a situação mais grave estava restrita a Rio, São Paulo e, logo depois, ao Amazonas. “Em um segundo momento, a epidemia deu um alívio no Norte, no Nordeste e até no Sudeste, mas complicou nas Regiões Centro-Oeste e Sul”, avaliou a pesquisadora. “No momento atual, a coisa está bem mais generalizada.”

Alternativa

O Conass defendeu a adoção imediata de lockdown nos estados em que a ocupação dos leitos de Covid-19 tenha alcançado mais de 85% e um toque de recolher nacional, das 20h às 6h, em todo o país, incluindo fins de semana, além da suspensão do funcionamento das escolas para aulas presenciais. Na carta, os gestores também dizem que o Brasil enfrenta o pior momento da epidemia e criticam a falta “de uma condução nacional unificada e coerente” para a crise.

Os secretários de saúde pedem o recrudescimento das medidas de distanciamento social, levando em consideração “a situação epidemiológica e a capacidade de atendimento de cada região, avaliadas semanalmente a partir de critérios técnicos”. No caso dos estados onde a ocupação dos leitos de Covid-19 ultrapasse 85%, os secretários pedem a adoção do nível máximo de restrição.

“O recrudescimento da epidemia em diversos Estados leva ao colapso de suas redes assistenciais públicas e privadas e ao risco iminente de se propagar a todas as regiões do Brasil”, escreveram os secretários. “Infelizmente, a baixa cobertura vacinal e a lentidão na oferta de vacinas ainda não permitem que esse quadro possa ser revertido a curto prazo. O atual cenário de crise sanitária vivida pelo País agrava o estado de emergência nacional e exige medidas adequadas para a superação.”

No comunicado, os gestores citam a proibição de eventos presenciais, como shows, cerimônias religiosas e eventos esportivos, a suspensão das atividades presenciais de educação no País, a adoção de trabalho remoto sempre que possível, a instituição de barreiras sanitárias nacionais e internacionais (considerando até o fechamento de aeroportos e a suspensão do transporte interestadual), a adoção de medidas para a redução da superlotação dos transportes, além do toque de recolher nacional

“Entendemos que o conjunto de medidas propostas somente poderá ser executado pelos governadores e prefeitos se for estabelecido um ‘pacto nacional pela vida’, que reúna todos os poderes, a sociedade civil, representantes da indústria e do comércio, das grandes instituições religiosas e acadêmicas do país, mediante explícita autorização e determinação legislativa do Congresso Nacional.

Média é recorde pelo 3º dia consecutivo

A média móvel de mortes pela Covid-19, de acordo com o consórcio de veículos de imprensa, ficou em 1.223 nesta segunda-feira (1º) e bateu recorde pelo terceiro dia consecutivo. O boletim somou mais 818 mortes e 40.479 casos pela doença em 24 horas.

No domingo, a média de mortes referente aos dados dos últimos sete dias havia ficado em 1.208, até então o recorde da pandemia. No sábado, o registro foi de 1.180, segundo o balanço feito por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL em parceria com as 27 secretarias estaduais de Saúde.

Ainda de acordo com os dados, o país superou a marca de 255 mil vítimas e chegou aos 10.589.608 casos confirmados da doença.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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