Aglomeração na Morais e Castro preocupa moradores

A aglomeração de pessoas nas noites de sexta-feira e sábado na Rua Morais e Castro, entre os bairros Alto dos Passos e São Mateus, na Zona Sul, tem gerado a preocupação dos moradores do entorno no que diz respeito à proliferação do coronavírus. O medo se agrava, porque Juiz de Fora teve uma piora nos seus índices epidemiológicos, nas últimas duas semanas. Fato que levou o Comitê Municipal de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19, na quinta-feira (12), a decidir pela regressão do município para a onda amarela do programa Minas Consciente. O decreto que oficializa o retorno à onda mais restritiva e determina as mudanças que serão adotadas será publicado no Atos do Governo, neste sábado.

De acordo com os residentes, o motivo da grande concentração de pessoas naquele trecho seria a presença de um bar que não estaria respeitando o distanciamento entre mesas para seus frequentadores e estaria permanecendo em funcionamento depois da meia-noite, descumprindo o decreto municipal que regula medidas de prevenção e enfrentamento à Covid-19.

Todavia, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou que os estabelecimentos localizados na área já foram notificados e seguem sendo monitorados pelo seu setor de fiscalização. Inclusive, segundo a Administração municipal, no estabelecimento apontado pelos moradores não houve constatação de irregularidades.

Mesmo assim, segundo os relatos de quem mora nas imediações, a aglomeração gerada em torno do bar estaria migrando para outros pontos do Altos dos Passos e do vizinho Bairro São Mateus. “Sabemos que a Polícia Militar pode agir no que está acontecendo na rua, a fim de evitar a perturbação do sossego, som alto, aglomeração, mas o que está acontecendo dentro bar, a fiscalização deve ser da Prefeitura, como por exemplo, a questão de excesso de mesas, venda de bebida na rua e desrespeito ao horário de fechamento”, denuncia mais um residente.

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Em outro relato colhido pela Tribuna, a moradora diz que a comunidade não é contra o funcionamento dos bares. “Pelo contrário, queremos que nosso bairro tenha vida, queremos, inclusive, frequentar esses bares, mas é preciso ter segurança, principalmente no que diz respeito à pandemia. Infelizmente, a juventude não tem juízo e quer se divertir, mas essa diversão precisa ser responsável”, argumenta.

Como aponta quem mora na Morais e Castro, além da questão da proliferação do coronavírus, a perturbação do sossego é um desafio para quem está dentro de casa. “A área tem muitos moradores que trabalham no setor de saúde e cumprem plantão, além de muitos idosos. Essas pessoas não conseguem descansar dentro de casa por causa do tumulto que está na rua”, denunciam.

“Os proprietários dos bares precisam entender que eles têm uma responsabilidade social e comunitária. Também é preciso saber por que a Prefeitura libera alvará para esse tipo de bar em plena área residencial?”

O problema foi levado pelos residentes à Associação de Moradores do Alto das Passos. A entidade informou à Tribuna que, na última terça-feira (10), estava agendada uma reunião entre representantes da Associação e da Polícia Militar com a finalidade de discutir a questão. “Inclusive, estamos tomando essa medida com o objetivo de evitar que esse problema migre para o restante dos bares, como os que funcionam na Rua Dom Viçoso e seu entorno, que estão permanecendo abertos até meia-noite, como determinada o decreto, dentro de uma certa ordem”, ressaltou a Associação.

Proprietário diz que bar funciona dentro das regras

Leonardo de Almeida Olímpio, proprietário do bar apontado pelos moradores, afirma que seu estabelecimento não vem funcionando depois do horário permitido pelo decreto municipal. Além disso, segundo ele, todas as medidas preventivas estão sendo tomadas, como controle de entrada de clientes, álcool em gel na porta, uso de máscara e distanciamento das mesas.

“A informação de que estaríamos funcionando depois do horário permitido não é verdadeira. Inclusive, nas sextas e nos sábados, que são os dias de mais movimento, estamos funcionando com segurança na porta para fazer o controle de entrada de nossos clientes; e estamos fechando entre 22h e 23h, deixando de vender e de atender nosso cliente, para fechar mais cedo pelo motivo dessa aglomeração na rua”.

Conforme Leonardo, a grande concentração de pessoas na via não é gerada em razão do funcionamento do bar do qual é proprietário. “Mesmo porque existem outros bares na rua e, se não existíssemos, ainda assim haveria essa aglomeração, porque ela é formada por pessoas que não consomem no nosso bar e ainda geram prejuízo para o nosso faturamento. Esse pessoal ocupa a rua, liga carro de som, traz a própria bebida, nem entra no interior do bar, onde realizamos a nossa venda. No último sábado, por exemplo, fechamos mais cedo, e a aglomeração continuou. Temos vídeo com a nossas portas fechadas, e a aglomeração acontecendo lá fora. Nós fechamos às 23h, sendo que poderíamos fechar à meia-noite, conforme o decreto”, ressaltou.

“Nós, proprietários, não conseguimos tirar as pessoas da rua”

Ele ainda pontua que essa aglomeração representa prejuízos para o seu negócio. “Temos uma série de normas para seguir e gastos a mais para evitar aglomeração dentro do bar. É preciso deixar claro que nós não temos controle do que acontece na rua, inclusive, tem carro de som que para em área reservada só para táxi. Então, é preciso haver fiscalização, porque, nós, proprietários, não conseguimos tirar as pessoas da rua, porque não temos gerência sobre isso. O que acontece dentro do bar cabe a nós, e a fiscalização esteve aqui e constatou que estamos trabalhando dentro do permitido”.

Leonardo denunciou que as pessoas que bebem na calçada já trazem a própria bebida, porque consomem produtos que não são vendidos no seu estabelecimento. “Elas trazem gelo, cooler de bebidas e isso, inclusive, afasta o nosso cliente, porque essas pessoas que ocupam as calçadas fazem mil coisas que não dizem respeito ao bar, espantando nossos fregueses”, reclama, acrescentando que aguarda liberação da Prefeitura para realizar o cercamento com gradil na calçada em frente ao seu bar, para que haja um controle maior. “Acredito que essa medida irá melhorar a situação, que é importante para a saúde pública e para minha saúde financeira também”.

Área em monitoramento
Sobre a situação apresentada pelos moradores, a Prefeitura, por meio da assessoria de comunicação da Secretaria de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano (Semaur), informou que os estabelecimentos localizados na Rua Morais e Castro já foram notificados pela pasta a respeito dos protocolos de segurança relacionados ao controle da pandemia de Covid-19 no Município, previstos na legislação. Ainda segundo a Prefeitura, o local está sendo monitorado constantemente pelos fiscais de posturas, que, inclusive, estiveram nos estabelecimentos da região, no último final de semana.

“Não foram encontradas irregularidades”

Durante as ações de fiscalização, com o apoio da Guarda Municipal, como aponta a Administração Municipal, “não foram encontradas irregularidades, constatando-se que as pessoas aglomeradas no local não fazem parte da clientela dos bares, principalmente por levarem suas próprias bebidas alcoólicas em sacolas de supermercados. A conclusão é que o local se transformou em um “point” para moradores de bairros vizinhos, com possível presença de usuários de drogas, o que torna o ambiente potencialmente danoso à segurança pública. Esta situação extrapola as atribuições fiscais e se incluem na esfera de ações policiais ostensivas na região”, informou.

Na última quarta-feira (11), a Tribuna entrou em contato com a assessoria de comunicação da 4ª Região de Polícia Militar (4ªRPM) a fim de que informasse como está sendo realizado o trabalho dos policiais no que diz respeito ao atendimento dessas ocorrências, já que muitas vezes essas aglomerações resultam em perturbação do sossego, com som alto na rua e consumo de álcool e drogas. Todavia, nesta sexta (13), o órgão informou que a solicitação do jornal foi encaminhada para o 27º Batalhão de Polícia Militar, para que pudesse prestar as orientações. Contudo, até o fechamento desta matéria, não houve retorno.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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