Aldeia SOS mantém apoio a refugiados venezuelanos

Cerca de sete famílias de refugiados da Venezuela, com 28 pessoas no total, inclusive sete crianças e três adolescentes, acolhidas pela Aldeia SOS, no Bairro Grama, Zona Nordeste de Juiz de Fora, estariam com seus destinos incertos no que se referem a subsistência e a um local para morar. Isso porque o prazo de permanência delas na instituição teria expirado no início do mês.

A situação dos venezuelanos foi denunciada aos vereadores Vagner de Oliveira (PSB) e sargento Mello Casal (PTB) por moradores do bairro, no entorno de onde fica a sede da instituição, e o assunto foi apresentado na Câmara, em reunião realizada no dia 28 de abril. Na tarde da última segunda-feira (4), os parlamentares visitaram a Aldeia SOS a fim de verificar a situação, uma vez que, segundo eles, havia preocupação com o futuro dessas pessoas, já que o período de estadia delas na instituição teria expirado em 1º de maio.

“Essas famílias começaram a chegar em janeiro, trazidas pelo Exército, segundo a coordenação da Aldeia. Aqui, elas têm um prazo de três meses para ficar e tentar arrumar emprego, encontrar uma casa para alugar e deixar a instituição”, afirmou Vagner, ressaltando que a preocupação é com o que pode acontecer a essas pessoas, caso não consigam se estabelecer no prazo determinado. “Se nesses três meses eles não conseguem serviço, para aonde vão, para a rua?”, questiona.

Nesta quarta-feira (6), o vereador informou que havia sido agendada, no dia anterior, uma reunião, na Câmara Municipal, com os coordenadores da Aldeia. Contudo, eles não puderam comparecer. Novo encontro será agendado, mas a data ainda não foi definida. Porém, conforme Vagner, a coordenação da instituição assegurou que as famílias permanecerão abrigadas e contando com o apoio necessário. “Vamos acompanhar esse processo. Nossa preocupação era de que essas pessoas ficassem desamparadas, mas a própria instituição garantiu que as famílias continuarão a receber todo o apoio que necessitarem”, ressaltou o parlamentar.

Preparação para busca de autonomia

O subgestor nacional das Aldeias Infantis SOS, Sérgio Marques, afirmou à Tribuna, por e-mail, que o prazo de acolhimento para essas famílias é de até três meses, mas é avaliado pela equipe técnica de acordo com o desenvolvimento de cada grupo familiar dentro do seu plano de desenvolvimento. “Todas são preparadas para buscar esta autonomia financeira, e a organização as apoia, buscando incluí-las nos serviços de transferência de renda, encaminhamento para empregabilidade ou preparando-as para a geração de renda”, informou, acrescentando que das sete famílias recebidas pela instituição, uma já foi desacolhida. “Essa está residindo em uma casa no entorno do projeto e com renda para sua autonomia. As seis famílias que continuam acolhidas, dentro de uma programação estabelecida, serão desacolhidas de acordo com o planejamento realizado com elas”, assegurou.

Programa de Interiorização

Segundo Marques, os venezuelanos estão em situação de solicitação de refúgio regular e aderiram, voluntariamente, ao Programa de Interiorização do Governo Federal para saírem dos abrigos em Boa Vista (RR) e irem para outros estados e municípios brasileiros. “Salientamos que a situação da Covid faz com que seja reavaliada cada situação, para que as famílias não sejam desacolhidas sem a segurança de que vão conseguir se manter, dentro do seu orçamento”, disse, informando ainda que esses grupos que saem recebem um apoio financeiro, para pagamento de aluguel ou compra de móveis e utensílios de acordo com a necessidade apresentada.

Ainda conforme Marques, essas famílias chegaram a Juiz de Fora no dia 26 de janeiro, dentro do Programa de Interiorização. “Todas estão referenciadas, no CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), que atende ao bairro onde estamos, e também estão inscritas no Cadastro Único da Assistência Social e no Sistema Único de Saúde para terem acesso a serviços e benefícios”, informou.

O subgestor também ressaltou que todas as crianças e os adolescentes foram encaminhados para a rede regular de ensino e, das sete crianças, quatro têm idade de creche e estão aguardando a segunda chamada. “As outras três crianças e os três adolescentes estão matriculados e já frequentando as aulas (suspensas pela situação da Covid). Todos os adultos foram encaminhados para serviços de empregabilidade e, dos 18 adultos, nove conseguiram emprego”, afirmou.

De acordo com ele, a equipe realiza com as famílias um plano de desenvolvimento nas áreas de educação, saúde, trabalho, autonomia e orçamento familiar. “Elas são apresentadas a toda a rede de serviços, equipamentos sociais e de lazer no território onde estão inseridas.”

Conforme apontou Sérgio Marques, as Aldeias Infantis SOS vêm, desde julho de 2018, executando esse projeto e conseguindo a inclusão sociocomunitária e autonomia das famílias que lhes foram encaminhadas. “Após a autonomia desta família, continuamos acompanhando-a na comunidade”, enfatizou.

Brasil sem Fronteiras
De acordo com as Aldeias Infantis SOS, o Projeto “Brasil sem Fronteiras” tem como objetivo acolher famílias venezuelanas com crianças e adolescentes, famílias monoparentais (principalmente chefiadas por mulheres) e mulheres sozinhas. Elas são acolhidas em casas e, durante este período, recebem apoio para abrigo, alimentação, higiene e inserção nas redes locais.

Os acolhidos contam com o apoio de uma equipe técnica que auxilia no processo de inserção na comunidade. Essas ações, pontuou a instituição, estão presentes em nove estados (São Paulo (São Paulo), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Distrito Federal (Brasília), Pernambuco (Igarassu), Paraíba (João Pessoa), Rio Grande do Norte (Caicó), Rio Grande do Sul (Porto Alegre), Paraná (Goioerê) e Minas Gerais (Juiz de Fora), disponibilizando 500 vagas.
Desde o início, mais de dois mil venezuelanos foram acolhidos nestes espaços e inseridos na comunidade que elegeram para residir. O projeto tem financiamento do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

A instituição ainda destaca que as famílias recebem todas as informações da localidade para onde escolheram residir, sobre como o projeto funciona e do período de permanência. Todos os venezuelanos têm que estar com a documentação de refúgio e com as vacinas em dia. O Programa de Interiorização coordena a vinda das famílias selecionadas e faz o translado.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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