Almofadas terapêuticas ajudam pacientes em reabilitação do câncer de mama

Que diferença uma almofada pode fazer no cotidiano de uma pessoa? Em alguns casos, muita. É essa a intenção da iniciativa “Almofadas do Coração”, promovida pela organização de escoteiros Pioneiros do Distrito da Zona da Mata, em parceria com o Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF). O grupo confecciona e doa almofadas terapêuticas para mulheres em reabilitação do câncer de mama atendidas na Associação Feminina de Prevenção e Combate ao Câncer de Juiz de Fora (Ascomcer). A ação solidária funciona em via de mão dupla: leva bem estar para as pacientes e prazer para quem colabora com uma causa nobre.

A ideia surgiu há dois anos, quando cerca de 50 pessoas, com idades entre 11 e 21 anos, se reuniram na sede do Grupo Escoteiro Aimoré e ajudaram da maneira que podiam, fosse costurando ou colocando o enchimento das almofadas. Naquele ano, 255 almofadas em formato de coração foram confeccionadas, sendo doadas em maio para a Ascomcer. Com o objetivo de aumentar o número de doações, em 2019, o grupo está oferecendo oficinas para capacitar interessados em ajudar na produção das almofadas. O objetivo é proporcionar participação ainda maior da população juiz-forana.

Por isso, estão sendo realizadas oficinas para a produção dos artigos até a entrega das almofadas, prevista para o próximo dia 29, tanto no CES como na Ascomcer. Nesta data, a capacitação vai acontecer na sede da Ascomcer, na Avenida Presidente Itamar Franco 3.500, Cascatinha, das 9h às 13h, sendo gratuita e aberta ao público. Para participar, basta fazer a inscrição pelo e-mail [email protected] informando os dados e a preferência por participar da primeira turma (das 9h às 11h) ou da segunda (das 11h às 13h).

As oficinas habilitam os voluntários a realizarem o trabalho de corte dos moldes, deixando as almofadas com uma abertura pequena para o preenchimento com material específico, que será feito pelos colaboradores angariados pelos Pioneiros do Distrito da Zona da Mata.

Parceria para superar obstáculo

Mesmo tendo obtido doações de malha para a produção das almofadas, o grupo percebeu que havia um obstáculo: a falta de máquinas de costura. O problema foi transformado em apoio quando, neste ano, surgiu a parceria com o CES, que disponibilizou o equipamento e passou a participar também com a mão de obra dos alunos do curso de Design de Moda da instituição. A colaboração começou por meio do ex-aluno do CES, Jonathan Gonzaga. “O projeto precisava de uma máquina específica e de pessoas que soubessem manusear, e foi aí que eu entrei no jogo. Sou ex-aluno do CES e estou sendo o monitor das oficinas de malha realizadas lá”, conta Gonzaga. O primeiro encontro em ambiente universitário aconteceu no início do mês e contou com a participação de 12 alunos.

As oficinas realizadas no CES, ao contrário das sediadas na própria Ascomcer, são exclusivas para alunos do curso de Design de Moda, os quais desenvolvem as habilidades de modelagem e a relação de trabalho conjunto com a comunidade, aspecto valorizado pela professora Fabiana Ballesteros. “No caso de uma ação solidária especial que envolve um trabalho com impacto positivo como o da confecção das almofadas, este resultado se torna bem mais gratificante para quem o pratica. Estes produtos serão doados para mulheres acometidas por tratamentos do câncer que sofrem por dores no pós-operatório e também precisam sentir o aconchego da boa ação e de carinho ao receberem o presente”, destaca a professora, que coordena o projeto junto com a docente Fernanda Bonizol, também do curso de Design de Moda.

Alívio da dor em forma de coração

As almofadas terapêuticas em formato de coração foram projetadas em 2002 pela médica americana especialista em câncer de mama Janet Kramer Mai. O artigo auxilia no apoio do braço de pacientes no pós-cirúrgico, momento em que as dores e a dormência no local incomodam as reabilitadas. “Os principais benefícios são: alívio da dor, redução do inchaço, diminuição da tensão nos ombros e pode ser utilizada, inclusive, debaixo do cinto de segurança do carro para proteger contra eventuais golpes”, explica a coordenadora do Ramo Pioneiro Distrito Zona da Mata, Marianna Oliveira, que completa: “Para quem faz é muito gratificante saber que um gesto simples como esse pode auxiliar outras pessoas. Esperamos levar um pouco de carinho e cuidado aos pacientes no momento da recuperação”.

A expectativa é que cerca de cem pacientes sejam beneficiadas pelas almofadas, podendo chegar a um número maior dependendo da quantidade de peças produzidas. “As almofadas colaboram com o nosso atendimento, pois são terapêuticas e auxiliam o paciente (especialmente as mulheres, após retirada da mama) no processo de recuperação pós-cirúrgico, aliviando a dor. Além, claro, de ser um gesto de carinho, que é tão importante num momento como este”, afirmou a instituição, em nota.

A entidade recebe também outras iniciativas solidárias. Neste ano, o Grupo Amor também doou almofadas terapêuticas para o hospital. Além de contribuir para o bem estar de quem precisa, esse a ação sensibiliza até mesmo os próprios funcionários e outros atendidos pela Ascomcer. “Algumas pacientes e voluntários nossos estão interessados em participar da oficina e aprenderem a fazer as almofadas”, conta a instituição, no texto enviado à Tribuna.

Trabalho conjunto

A data de entrega do material confeccionado foi pensada para o Dia do Pioneiro, no dia 29 de junho, momento de celebração do ramo do escoteirismo que objetiva, justamente, o trabalho em comunidade, segundo Marianna Oliveira. Para ela, o trabalho em conjunto desenvolvido em benefício das pacientes da Ascomcer faz parte do papel social dos escoteiros.

“O escotismo proporciona um ambiente de colaboração, onde se constroem amizades e valores levados por toda a vida. É por meio das atividades oferecidas que os jovens se desenvolvem, sendo incentivados a assumir liderança, a pensar e agir de maneira coletiva e sustentável, a se envolver com a comunidade, a fim de tornarem-se independentes de forma responsável”.23

 

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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