Assoreamento e mau cheiro do Rio Paraibuna voltam a incomodar a população

Foto: Fernando Priamo

O baixo volume do Rio Paraibuna é tradicional nesta época do ano, bem como as consequências que atingem quem tem a passagem pelo cartão-postal juiz-forano como rotina: o mau cheiro e o notório assoreamento. Moradores de bairros do entorno, sobretudo nas localidades próximas à Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Barbosa Lage, sofrem, principalmente, com o mau cheiro que invade as residências e solicitam intervenção do Poder Público para diminuir o recorrente incômodo. A Companhia de Saneamento Municipal (Cesama), por outro lado, garante que adota as medidas necessárias para mitigar os problemas.

As situações incômodas se agravam com a estiagem que assola Juiz de Fora ao longo dos últimos meses. Já são mais de 30 dias desde a última chuva que atingiu o município, no dia 30 de junho. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), tampouco há previsão de mudança no paradigma ao longo dos próximos dias. Apesar das temperaturas mais amenas, a chuva não deve se fazer presente na cidade, o que tende a agravar a situação do Rio Paraibuna.

A seca e a consequente queda do volume do Rio Paraibuna expõem o lixo irregularmente depositado no curso d’água, causando também o adensamento da água, que ganha uma coloração mais escura, dificultando a diluição do esgoto. A estiagem atual oferece o contraponto ao que foi observado no início deste ano, quando, em março, violentas chuvas causaram alagamentos em diversos pontos da cidade e, inclusive, o transbordamento do Rio Paraibuna.

Foto: Fernando Priamo

População solicita medidas de mitigação

Para moradores de bairros no entorno do Paraibuna, que corta da região Norte à Sudeste de Juiz de Fora, o mau cheiro passou a fazer parte de uma rotina indesejável. Síndico de um prédio no Bairro Industrial, na Zona Norte, Rafael Ávila conta que, invariavelmente, todas as noites, o mau cheiro alcança os apartamentos do edifício. “De início, a gente não sabia onde era, até que pedi para uma empresa vir fazer a limpeza do esgoto. Eles fizeram um laudo, disseram que o nosso esgoto está certo, não tem problema nenhum”, relata.

O foco do odor só foi localizado em uma caminhada realizada pelo síndico durante a noite, quando Ávila notou que o cheiro se tornava mais forte quanto mais se aproximava da ETE Barbosa Lage.”Eu não sei como as pessoas vivem nos bairros mais próximos da estação”, afirma.

Este é justamente o caso do padre Expedito Lopes de Castro, administrador da Paróquia N. Sra de Fátima, que passou a morar no Bairro Barbosa Lage, também na Zona Norte, desde dezembro de 2019. “O problema começou a ficar mais sério há cerca de cinco meses”, conta. “O mau cheiro começa geralmente à tarde, por volta das 16h, e vai noite adentro. Os moradores mais antigos relatam que este ano está bem pior”, afirma.

Segundo o pároco, o problema chega a causar dor de cabeça e mal estar. Nas últimas semanas, a comunidade se mobilizou para registrar reclamação junto à Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). “Mês passado fizemos uma abaixo-assinado e este foi encaminhado para a Cesama. Estamos aguardando que o problema seja resolvido”, diz.

Já a administradora Mônica Apolinário passa pelas margens do Rio Paraibuna diariamente ao realizar sua corrida matinal pela Avenida Brasil. Antes, quando ela trabalhava em um estabelecimento próximo ao rio, a situação incomodava pela recorrência. Mas, até mesmo para quem utiliza as margens do local para se exercitar, o mau cheiro se torna um impeditivo. “Com certeza (deveria haver mais atenção com o problema), conheço muita gente que não caminha às margens do Paraibuna por causa do mau cheiro”, constata.

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Foto: Fernando Priamo

Cesama garante intervenção

Em contato com a reportagem, a Cesama assegura que toma medidas para diminuir os efeitos da estiagem e também afirma que a pandemia de coronavírus não interfere nas intervenções realizadas pela companhia. “A Cesama mantém níveis de descarga em Chapéu d’Uvas, para garantir um fluxo mínimo do rio na região central da cidade, compensando assim a queda de vazão característica desta época de estiagem”, afirma, por meio de nota. O alto volume de chuva ocorrido no início do ano contribuiu para aumentar o nível dos mananciais e, agora, é aliado na perenização do rio, segundo a empresa.

De acordo com a Cesama, também foi iniciada a captação do esgoto da comunidade do Bairro Vila Ideal, na Zona Sudeste, agora encaminhado para a ETE União-Indústria. “A ação será estendida para outros bairros, impedindo o lançamento de esgoto no Rio Paraibuna.” A medida é possibilitada pela unidade de tratamento que, após sete anos em obras, começou a operar, finalmente, em junho. A ampliação no percentual de esgoto tratado em Juiz de Fora, e a consequente despoluição do Rio Paraibuna, são sonhos antigos e fatores cruciais para encerrar o ciclo de mau cheiro e assoreamento do cartão-postal juiz-forano.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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