Astransp cobra das autoridades medidas para retomada do transporte púbico em JF

Motoristas e cobradores estão de braços cruzados desde as 7h de terça-feira (Foto: Leonardo Costa)

Pelo segundo dia consecutivo, motoristas e cobradores do transporte público em Juiz de Fora permanecem com as atividades totalmente interrompidas. Até as 11h30 desta quarta-feira (22), 28 horas após o início da paralisação, não havia qualquer perspectiva de retomada dos serviços, dado o imbróglio entre trabalhadores e empresários envolvendo o não pagamento de tíquete alimentação aos funcionários da Goretti Irmãos Ltda (Gil). O ato permanece, inclusive, apesar de a Justiça determinar a retomada parcial das atividades, através do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região. Astransp e PJF informam, em nota, que buscam medidas para que serviço seja retomado.

Em contato na manhã desta quarta-feira, a categoria informou que ainda não há previsão para o término da paralisação. Segundo o sindicato, não há nem mesmo reunião marcada para negociação entre as partes envolvidas no imbróglio, de modo que a tendência é pela manutenção da manifestação por mais tempo.

Também por meio de assessoria, a Secretaria de Transportes e Trânsito da Prefeitura de Juiz de Fora (Settra) afirmou que “está tomando todas as medidas jurídicas cabíveis, juntamente com a Procuradoria Geral do Município (PGM), para o retorno do transporte coletivo urbano”. Ainda conforme a Settra, “já há duas liminares solicitando o retorno das operações”.

Em uma delas, inclusive, o desembargador Fernando Luiz Gonçalves Rios Neto, do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, determinou o retorno da circulação de, no mínimo, 80% da frota. A medida também previa que a Settra o Comando da Polícia Militar fossem oficiados da decisão para garantir o cumprimento da ordem, sob alegação de“abusividade e ilegalidade da greve”. Entretanto, de acordo com a Polícia Militar, a comunicação oficial ainda não foi feita.

‘Paralisação desumana’, acusa Astransp

A Associação Profissional das Empresas de Transportes de Passageiros de Juiz de Fora (Astransp), grupo que representa as empresas Gil, Tusmil e São Francisco, emitiu nova nota negando haver práticas diferentes de pagamentos entre as empresas representadas pela associação. “A decisão em relação aos 198 vínculos em questionamento, incluindo-se os benefícios, já estão sendo definidos em processo, em discussão na Justiça, onde acontece segunda audiência amanhã (quinta-feira, 23), não cabe antecipar esta discussão em outro fórum”, argumenta a Astransp. “O Sindicato está usando de argumentos falsos para referendar uma paralisação totalmente ilegal”, afirma.

A Astransp informou que voltou a comunicar às autoridades sobre o descumprimento das ordens judiciais, o que pode configurar crime, segundo o grupo. A associação voltou a criticar a “falta de compreensão e colaboração, em especial do Sindicato”, que seriam necessárias diante do prolongamento da crise, a qual provoca prejuízo mensal em torno de R$ 7 milhões às empresas, segundo a Astransp.

Entenda a situação

O grupo também informou que, além do ticket e da cesta básica, os trabalhadores têm outros benefícios que podem corresponder a um adicional de 30% sobre os salários, citando como exemplos a gratificação por antiguidade, o abono de férias e o plano de saúde. “Que outras categorias têm tantos benefícios?”, questiona a Astransp, argumentando também que todos os segmentos da sociedade precisam dar sua contribuição em meio à grave crise econômica que se apresenta. “Esta paralisação é mais que abusiva, é desumana com quem precisa do transporte para continuar enfrentando a pandemia, em especial nos hospitais”, encerra.

Trânsito lento

Como consequência, o trânsito de veículos é intenso na manhã desta quarta e, de acordo com a plataforma Waze, os juiz-foranos que saem de carro enfrentam lentidão nos principais corredores de tráfego do município, como as avenidas Rio Branco, Brasil, Getúlio Vargas, Olegário Maciel e Andradas. Os ônibus, embora parados nos corredores de tráfego, não interrompem o fluxo.

Aumento do fluxo de veículos particulares é flagrante na manhã desta quarta-feira (Foto: Leonardo Costa)

 

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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