Atropelamento é segunda maior causa de atendimento pelo Samu para idosos

O atropelamento foi a segunda maior causa das necessidades de socorro dos idosos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) entre os anos de 2014 e 2018, ficando atrás apenas das quedas. Durante o período, o serviço atendeu 381 ocorrências de atropelamento com pessoas a partir de 60 anos. O levantamento foi realizado pela mestra Danielle Braga Pena Franck, para pesquisa do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da UFJF. Nesta quarta-feira (17), a Tribuna publicou reportagem apontando que a Polícia Militar registra, em média, um atropelamento por dia em Juiz de Fora.

Em seu estudo, a enfermeira analisou 6.633 fichas de atendimento do Samu. Os atropelamentos integram uma categoria que a pesquisadora classifica como violência no trânsito, juntamente com os demais acidentes nas vias da cidade. Os fatores que compõem a violência no trânsito somam 693 ocorrências, correspondentes a 10,4% dos atendimentos realizados pelo Samu. A pesquisa ainda aponta que a região central é onde há mais incidência de acidentes envolvendo idosos, com 279 ocorrências, seguida pela Zona Norte, com 141.

De acordo com Danielle, também enfermeira pelo Samu há nove anos, grande parte dos estudos relacionados à ocorrência de traumas em idosos é voltado às quedas. Mesmo com o número alto desta causa, apontada, inclusive, em sua pesquisa, com 4.967 casos, o número de ocorrências de atropelamentos e acidentes de trânsito envolvendo essa faixa da população chamou a atenção.

Os fatores que influenciam os atropelamentos, segundo a pesquisadora, podem se relacionar às questões envolvendo a mobilidade para pessoas acima de 60 anos. “Tanto pesquisas nacionais quanto internacionais mostram muito a questão da acessibilidade. Na maioria das faixas de pedestre, o tempo é pouco para o idoso conseguir atravessar a rua. Os idosos vão perdendo a visão ao longo da vida, aí a questão da luminosidade aumenta o risco de acidente de trânsito, tanto para um atropelamento quanto para uma colisão”, exemplifica.

Além disso, a acessibilidade pode estar associada a uma maior presença da faixa etária no cotidiano. “Os idosos hoje em dia estão muito mais ativos do que alguns anos atrás. Nós temos idosos com idade avançada que ainda dirigem e vão na rua sozinhos”, diz. “Com esse aumento da qualidade de vida, eles se tornam pessoas mais ativas e ficam mais expostos, junto com a falta de acessibilidade e de políticas para proteção do idoso, para reconhecer que a população idosa é uma população específica.”

Prevenção

Devido as suas particularidades, a população idosa deveria ser alvo de maior sensibilização por parte da sociedade, de maneira geral, e gestores públicos, segundo Danielle. “Às vezes, nós reclamamos do trânsito, e ele está cada vez pior porque a população está cada vez maior. A cidade está se desenvolvendo, mas a cidade não pode ter um crescimento sem se preocupar com essa população e a questão de acessibilidade. Acredito que o estudo mostra que esses mecanismos de trauma que afetaram os idosos são mecanismos de prevenção, pois assim conseguiríamos reduzir esses números”, defende.

Condições de saúde podem influenciar acidentes, segundo especialista

Como apontado pela PM à reportagem sobre atropelamentos em Juiz de Fora, publicada pela Tribuna nesta quarta-feira (17), os idosos estão mais sujeitos a estas ocorrências por falta de atenção ou por diminuição no reflexo para mobilidade. O gerontólogo José Anísio da Silva (Pitico) reforça que tais fatores contribuem para os acidentes de trânsito envolvendo pessoas acima de 60 anos. “Nós temos presenciado (acidentes com idosos), infelizmente, por conta de condições de saúde ou desatenção. Também porque tomam vários medicamentos que interferem na capacidade funcional orgânica dos seus sentidos, como visão e audição”, explica.

Segundo Pitico, há uma complexidade em relação às causas de acidentes, considerando que, por mais que existam questões biológicas, pode ocorrer, também, um descuido por parte dos idosos ao se locomoverem. “O trânsito pede de nós uma autonomia que muitas pessoas idosas não têm, não por negligência ou incapacidade, mas por uma questão biológica da fase do envelhecimento que faz com que tenhamos uma diminuição da nossa capacidade de autonomia e independência”, diz. “Nós temos feito trabalhos educativos pela Comissão do Idoso da Câmara Municipal, que reúne vários profissionais da área, tentando exatamente fazer o enfrentamento para que haja uma diminuição de idosos vítimas de acidentes fatais no trânsito da nossa cidade.”

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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