Banda Daki chega trazendo alegria para o carnaval de JF

Patrimônio cultural desde 2002, o bloco mais tradicional da cidade, a Banda Daki, espalhou foliões, alegria, confete e serpentina pela Avenida Rio Branco, na região central de Juiz de Fora, neste sábado (22). A festa, comandada pelo general da banda, Zé Kodak, completa 48 anos em 2020, e, apesar de quase cinquentona, mostrou que ainda tem muito fôlego. Como novidade, para a concentração, que teve início por volta das 10h, a animação ficou por conta da bateria do bloco Só Love.

“A banda é a alegria da população. E não precisa de dinheiro para sair na banda, tudo aquilo que a mulher não usa mais em casa serve de fantasia para sair na banda. Um sapato alto, um vestido velho, uma peruca, batom. Tudo vira fantasia”, afirmou Zé Kodak, acrescentando que essa festa é uma necessidade do povo. “Nós precisamos disso, precisamos dessa alegria, dessa descontração. São 48 anos de banda e representa muito para o carnaval de Juiz de Fora, que é a maior festa popular que a cidade tem. Então, é uma explosão, que é o verdadeiro carnaval de rua, com confete, serpentinas, Pierrô e Colombina”, ressaltou o general.

Zé Kodak festeja o bloco com a chave de Juiz de Fora (Foto: Leticya Bernadete)

A saída da banda do Largo do Riachuelo aconteceu logo após a tradicional cerimônia de entrega da chave de Juiz de Fora pelo diretor-geral da Funalfa, Zezinho Mancini, ao general da banda, por volta de 13h. Em seguida, os foliões ocuparam a pista central da Avenida Barão do Rio Branco. Para o diretor-geral da Funalfa, a Banda Daki é considerada um dos principais símbolos do carnaval juiz-forano. “O trabalho que o Zé Kodak faz, ano a ano, junto com a equipe e todas as outras pessoas da banda, consegue arrastar tantas pessoas para a rua, nesse evento que é familiar. Temos várias histórias de casamentos e de amizades que começaram aqui. É, de fato, um símbolo da cultura de Juiz de Fora.”

Marca de irreverência, a banda sempre conta com personagens alegres, como a Gabryellah Brasil, de 33 anos. Fantasiada de noiva estilizada, ela fez uma homenagem a todas as mulheres que sonham com casamento. “Toda noiva é digna de respeito. Além disso, é também meu sonho me casar e tenho diversos vestidos de noiva, cada um de uma cor e são usados em festas diferentes”, disse ela, que é de São Paulo, mas mora em Juiz de Fora há dez e desfilou na Banda Daki pela primeira vez. “Estou amando essa banda”, comemorou.

Tradição também da banda é a presença de famílias inteiras com pessoas de várias gerações. A família Fagundes estava unida para brincar o carnaval na avenida. “A banda é família e sempre foi família e, de uns anos para cá, melhorou demais, porque as pessoas que gostam de confusão já entenderam que a banda é de família”, disse o patriarca, que se identificou como Tião, de 53 anos, e estava acompanhado da Rosângela, 53, da Franciane, 26, Emily, 8 e Aquiles, 5.

A imprensa também não podia deixar de ser reverenciada nesta festa, a dupla de cinegrafista e repórter, Totonho e Paulo, respectivamente, alegraram os foliões com entrevistas inusitadas. “Essa é uma fantasia antiga. Já tem quase 25 anos que viemos brincar na banda, e o objetivo da nossa brincadeira é mostrar para o público a alegria do carnaval juiz-forano”, disse Totonho.

A foliã Sandra Moreira, estava de Carmem Miranda, e acompanhada da tia Ana Banda, que é a madrinha da Banda Daki. Essa já é a décima vez que ela sai no bloco. “Eu tenho paixão pelo carnaval de rua. Considero que é preciso resgatar o carnaval de rua, porque as crianças precisam voltar a participar e desfrutar dessa alegria e é preciso ter segurança. O Zé Kodak faz um carnaval que é para a gente de Juiz de Fora e precisa ser valorizado”, afirmou Sandra, lembrando que escolheu se fantasiar de Carmem Miranda por representar a brasilidade. Já a tia dela, dona Ana Banda, ressaltou que também se sente patrimônio da cidade assim com a banda do general Zé Kodak. “Quando a banda foi tombada, eu tombei junto. Já desfilo há 21 anos e mantenho a mesma alegria e a mesma determinação, porque é uma paixão”, disse ela com olhos cheio d’água no auge dos seus 75 anos.

Os personagens míticos também não faltaram. Os irmãos Jorge, de 63 anos, e Brooke, que brincou que tinha 23, disseram que fazem questão de estar na banda todos os anos. Respectivamente, eles estavam fantasiados de gladiador e Mulher Maravilha. “O sonho de toda a mulher é ser uma Mulher Maravilha e ter o poder na mão”, disparou Brooke, que era disputado entre os foliões para fazer foto. Jorge contou que, a cada ano, escolhe produzir um personagem diferente e, este ano, se inspirou nas histórias dos gladiadores. “É uma tradição, e estou aqui curtindo essa alegria deste 1980. Não existe carnaval em Juiz de Fora sem a Banda Daki.”

Um dos ícones do carnaval do município Carlos Guedes, eterno Rei Momo, era o Papeleiro Maluco. “Isso aqui é sempre uma emoção”, disse. Ele estava acompanhado da Rainha de Copas, a foliã Lili Gonzaga. “Participo da banda há mais de 20 anos, e essa é uma festa do povo e sempre traz muita alegria e muita paz para que pessoas possam se divertir.”

Segurança

Para garantir a segurança em meio à folia, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros marcaram presença. “A PM estará presente em todos os eventos do carnaval, reforçando o policiamento tanto com os policiais do serviço operacional quanto o pessoal do serviço administrativo, que estarão nesses locais para intensificar o policiamento a fim de promover um carnaval de paz”, afirmou a tenente Sandra Jabour, assessora de comunicação organizacional da 4ª Região de Polícia Militar (4ªRPM). Ela ainda orientou que a população não saia para brincar no carnaval com assessórios que chamem atenção, aparelhos de celular e sempre com identificação das crianças. “É preciso lembrar da campanha ‘Não é não’, para que haja respeito às pessoas, para evitar problemas, pois os casos de importunação sexual irão resultar em prisão em flagrante, que é um crime que tem pena que varia de um a cinco anos de prisão.”

Trânsito alterado

Devido ao desfile da Banda Daki, a Settra realiza alterações no trânsito na região central da cidade. Os pontos de táxi da Rua Roberto de Barros e o de ônibus da Rua Doutor Jarbas de Lery Santos de Lery Santos estão desativados durante todo o desfile do bloco. O estacionamento está proibido desde as 22h, de sexta, até o término do evento, nas ruas Doutor Jarbas de Lery Santos e Roberto de Barros. A liberação da Avenida Barão do Rio Branco está prevista para as 16h, podendo evoluir de acordo com a avaliação do responsável pelo policiamento do trânsito. Os moradores das áreas interditadas terão acesso liberado. Os principais cruzamentos receberão apoio dos agentes e ou da Polícia Militar.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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