Bolsonaro assina decreto e confirma Marcus David por mais 4 anos na UFJF

Decreto publicado no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (6), com assinatura do presidente Jair Bolsonaro, assegurou a renovação do mandato de Marcus Vinicius David à frente da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O professor encabeçava a lista tríplice enviada pelo Conselho Superior (Consu), mas dependia da decisão do Governo federal. Com a recondução, o reitor irá exercer a função por mais quatro anos. A vice permanece sendo a professora Girlene Silva. Em entrevista coletiva na manhã desta segunda, David informou que, por conta do cenário atual em que as ações da Universidade estão voltadas ao enfrentamento do coronavírus, os desdobramentos do novo mandato, como reestruturações administrativas, vão ser adiados.

“Uma estrutura como essa da nossa Universidade pública, com esse grande contingente de pesquisadores e de técnicos altamente competentes e preparados, tinha que se colocar à disposição desse esforço de enfrentamento”, explicou o reitor. “Neste momento, mobilizamos a equipe que trabalha com a gente, pedimos a eles que continuem trabalhando até superarmos essa crise para, aí sim, em um segundo momento, podermos pensar em ajustes e melhorias que possam ser feitos na nossa gestão.”

Como destacou a vice-reitora Girlene Silva, a renovação do mandato da chapa veio em um momento necessário para fortalecer a instituição frente aos diversos desafios, inclusive, da epidemia do coronavírus. “Certamente, essa nomeação nos dá uma tranquilidade necessária para que a gente continue diante desse problema que é muito grave e do qual a gente precisa unir forças”, diz.  “Nós recebemos [a notícia] com muita alegria e também com a certeza que nosso compromisso e nosso trabalho deverá ser intensificado.”

Propostas do segundo mandato

Mesmo diante do cenário de enfrentamento à Covid-19, conforme Marcus David, durante o processo eleitoral, a proposta de um segundo mandato foi desenvolvida com a comunidade acadêmica contendo determinados eixos, como de esforço na área acadêmica “para que a Universidade continue dando saltos em termos de excelência”. Dentro disto, juntamente com o ensino e a pesquisa, a ideia é intensificar a atuação na inovação, gerando ciência e tecnologia. Além disso, o reitor aponta a utilização mais intensiva de tecnologias de informação no processo de gestão da instituição, bem como uma linha voltada à sustentabilidade. “A crise que estamos vivendo nos permite profundas reflexões sobre a relação do homem com a nossa casa, com o nosso planeta. Esse era um eixo importante no qual a gente pretende caminhar nesse segundo mandato.”

No campo cultural, o reitor também destacou as possíveis ações da Universidade, visando os diversos equipamentos como o Cine-Theatro Central, Museu de Arte Murilo Mendes, Fórum da Cultura e a Casa de Cultura, além do Centro de Ciências e do Jardim Botânico, que também trabalham com arte e cultura. “A Universidade é, sem dúvida nenhuma, um dos principais agentes da nossa cidade e região para promover cultura, para possibilitar acesso democrático da população às artes, então isso também é uma vocação da UFJF”, aponta.

Para os servidores, a proposta engloba ampliar capacitação dos mesmos, e para os estudantes, trabalho buscará se voltar em termos de política de permanência, assistência e ações afirmativas.

Calendário acadêmico

Na semana passada, a UFJF anunciou a suspensão das atividades presenciais por mais 30 dias, sugerida pelo Comitê de Monitoramento e Orientação de Conduta sobre o Covid-19, abrangendo os campi de Juiz de Fora e de Governador Valadares. Em 24 de março, a instituição já havia suspendido o calendário acadêmico do ano letivo de 2020 por tempo indeterminado. Durante a coletiva, o reitor Marcus David disse que ainda não é possível fazer uma previsão de retorno das atividades da UFJF. “As pessoas tendem a fazer uma comparação, por exemplo, com uma greve. Não é a mesma coisa. Uma greve é uma paralisação de trabalhadores, quando é feito o acordo da retomada, os trabalhadores se propõem a fazer todas as reposições. Agora é uma necessidade. Isso foi interrompido, não apenas na Universidade, mas em todo o sistema educacional, então estamos frente a uma situação que é absolutamente nova. Nós ainda não temos a menor capacidade de projetar o desfecho, mas estamos trabalhando na tentativa de buscar soluções para os vários cenários possíveis.”

Conforme a vice-reitora Girlene Silva, a instituição tem buscado trabalhar junto ao poder municipal no enfrentamento à Covid-19. “Desde o primeiro momento, a Universidade entendeu que precisava fazer essa articulação com a Prefeitura, e desde a primeira sinalização da Prefeitura conosco, nós sentamos para trabalharmos juntos. As ações de fabricação de álcool, sabonete, montagem de laboratórios para testagem, estudos de impacto da epidemia no município e produção de máscara, tudo isso foi pensado para atender ao município”, diz. “É o cenário vivo de atividade de ensino, de pesquisa, e nesse momento, o que a gente está fazendo é reafirmando esse papel e a importância dessa parceria [com a Prefeitura de Juiz de Fora].”

Recondução da reitoria aguardava decisão de Governo federal

Ainda na última sexta-feira (3), não havia definição explícita sobre a nomeação ou não da atual reitoria para a extensão do mandato, uma vez que o anterior encerrava no domingo (5). Além de Marcus Vinicius David, o pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças, Eduardo Salomão Condé, e o secretário geral da UFJF, Rodrigo de Souza Filho, integravam a lista tríplice enviada pelo Consu ao Ministério da Educação (MEC). Apesar de ter sido candidato único na consulta pública realizada em 2019 – na qual a chapa de David foi aprovada por 94% dos votantes -, a indicação de outros dois nomes era obrigatória.

Conforme o regulamento do processo, o Presidente da República necessariamente escolhe entre um dos três indicados pela lista tríplice, mas não há obrigatoriedade de optar pelo mais votado. Em algumas instituições federais, como a Universidade Federal da Fronteira do Sul (UFFS) e a Universidade Federal do Ceará (UFC), por exemplo, Jair Bolsonaro optou pelo segundo ou terceiro colocados da lista. Na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e no Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (Cefet), foram nomeados reitores temporários (‘pro tempore’), por “inconsistências ou vícios no processo que a Universidade envia ao MEC”. Apenas em quatro instituições o primeiro nome da lista foi respeitado.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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