Cabeleireiro que atende em JF vai disputar Mundial em Paris

(Foto: Arquivo pessoal)

O hair stylist Deivide Medeiros, natural de Mar de Espanha, vai disputar o Mundial de Cabeleireiros, que acontece em 15 e 16 de setembro em Paris, na França. A competição é organizada pela Organization Mondiale Coiffeur (OMC). O profissional faz parte de uma equipe com dez brasileiros, que disputam com representantes de mais de 50 países. Com destaque na agilidade e precisão, Deivide será o único da delegação que irá competir em duas modalidades de corte masculino, “Comercial Salon Cut” e “Style Cut”. Atualmente, o cabeleireiro atende quatro vezes por mês em um salão de Juiz de Fora.

Em 2017, Deivide competiu pela primeira vez, no mesmo ano em que o Brasil estreou na competição e ficou em 8º lugar na disputa por equipes. No ano seguinte, o cabeleireiro foi novamente classificado, mas não conseguiu patrocínio para competir. A terceira classificação veio depois de vencer o Campeonato Sulamericano, em São Paulo. Este ano, ele é patrocinado pela Ekoosnative e sua meta pessoal é ficar entre os três primeiros colocados, enquanto a delegação brasileira almeja subir ao pódio entre as cinco melhores do mundo.

Apesar do destaque que o Brasil ganhou em suas primeiras participações, a concorrência não é fácil. “Nós somos treinados pelos italianos, que são referência, mas a França vem muito bem, assim como Japão e China. Estamos evoluindo muito desses três anos para cá. Em 2017, quando fomos selecionados, não tínhamos tanta bagagem e treino. Pelo fato de o Brasil não ter essa cultura de campeonatos, acabamos indo um pouco imaturos para a primeira competição, e mesmo assim ficamos entre os dez melhores. Essa competição já existe há mais de 70 anos, são 56 países, sendo a terceira vez do Brasil, somos novos ainda. A Argentina, por exemplo, demorou 30 anos para subir no pódio”, comenta.

No campeonato, porém, há espaço para todos os estilos, e os brasileiros se destacam pela criatividade. “A gente está se destacando em alguns aspectos, como cabelos mais desconexos, curvos, nas cores mais vibrantes… Acho que isso já está sendo uma característica nossa. Lá (na Europa) eles são muito sérios e a gente (os brasileiros) tem esse clima mais tropical, então até as roupas dos nossos bonecos são mais ousadas. Mas também não podemos sair da linha de cada categoria, das regras colocadas.” Segundo ele, os juízes avaliam a característica, harmonia e desenvoltura do profissional. As roupas e maquiagens dos manequins também são levadas em consideração.

Preparação

Os cortes e penteados de cada categoria são pensados em equipe e repassados para avaliação dos treinadores, que fazem recomendações de mudanças. São exigidos detalhes de cores e tamanhos e, a partir dos desenhos elaborados (croquis), os cabeleireiros têm até setembro para cumprirem o objetivo no menor tempo possível. “Na última semana de treinamento ficamos confinados na academia Unione Artistica Acconciatori Misti Italiani, na Itália, 12 horas por dia durante cinco dias, só treinando agilidade e aperfeiçoando, porque o mundial se ganha pelo detalhe, sincronizando o movimento do cabelo com o relógio.”

Atualmente, Deivide treina duas horas por dia, sempre depois do expediente. “Tento criar na linha da categoria o que uso no dia a dia. Conforme vou treinando, vou alinhando a criatividade”, comenta. Para ele, participar do mundial tem o gosto de dever cumprido depois de 14 anos de dedicação à profissão. “Acho que, para mim, o mais difícil será controlar o psicológico, porque quando vamos para lá e ficamos confinados, é muita pressão. Porque tem que mandar muito bem, sua cidade e seus clientes estão vendo, além de estar carregando a bandeira de Minas Gerais e do Brasil.”

Tendências brasileiras

Mechas coloridas são uma das especialidades de Deivide, que vê a procura por cortes diferentes crescer (Foto: Arquivo pessoal)

Desde 2016, Deivide integra a Organização Brasileira de Cabeleireiros (OBC), sendo responsável por trazer eventos e cursos de corte, cor e mechas para os profissionais da Zona da Mata mineira. “Vêm treinadores da Itália que dão suporte, como o Antônio Messina, que é quatro vezes campeão mundial e traz as novidades, o que será tendência no mundo”, explica Deivide.

Para ele, os brasileiros são apaixonados por cabelos estilosos e os modelos mais ousados são cada vez mais procurados. “Só vejo crescendo (a procura por) cortes mais desconexos e cores mais vibrantes, inclusive mechas coloridas, que antes eram coisa de outro mundo. Acho que hoje, tanto os homens quanto as mulheres não estão querendo ficar mais iguais, seguindo o tradicional. As pessoas estão se preocupando mais em buscar o próprio estilo, com o belo interior, do que com o bonito considerado pelas outras pessoas. Antigamente as pessoas chegavam no salão e pediam para fazer o que combinava com o rosto, hoje elas querem alguma coisa que combine com o estilo dela de se vestir, de andar, de viver”, finaliza.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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