Cervejaria diz que substância não faz parte da produção

Após a Polícia Civil divulgar laudo, na quinta-feira (9), informando que a substância tóxica dietilenoglicol foi identificada em duas amostras da cerveja Belorizontina, recolhidas nas casas de alguns dos oito pacientes que foram internados com a “síndrome nefroneural”, a Cervejaria Backer publicou nota na sua página na internet. A empresa afirma que a substância citada não faz parte do processo de produção da cerveja investigada, fabricada pela Backer. “Por precaução, os lotes em questão – L1 1348 e L2 1348 – citados pela Polícia Civil, e recolhidos na residência dos consumidores, serão retirados imediatamente de circulação, caso ainda haja algum remanescente no mercado. A Cervejaria Backer continua à disposição das autoridades para auxiliar no que for necessário até a conclusão das investigações.”

A Polícia Civil, no entanto, que instaurou inquérito para apurar a relação do consumo da cerveja com os casos da doença desconhecida, que causou a morte de um homem internado em Juiz de Fora e deixou outros sete hospitalizados em Belo Horizonte, afirmou que o dietilenoglicol encontrado nas bebidas costuma ser utilizado no processo de refrigeração em serpentinas. As amostras foram periciadas no Instituto de Criminalística da capital mineira. O resultado positivo é considerado preliminar. No mesmo dia da divulgação do laudo, na quinta, policiais civis estiveram na fábrica da Backer para realizar levantamentos e recolher outras amostras. A cervejaria também informou, em nota, que os órgãos públicos de saúde estão realizando perícias em todo o seu processo de produção. Na terça, agentes do Ministério da Agricultura fizeram uma inspeção completa na empresa.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) comunicou, nesta sexta, ter convocado os profissionais da força-tarefa que investiga os casos da doença misteriosa “para definição dos encaminhamentos médicos, epidemiológicos e da Vigilância Sanitária”. A medida foi tomada “diante do laudo apresentado pela Polícia Civil, que comprova a presença de substância tóxica em cerveja consumida por pacientes internados em estado grave, em Belo Horizonte”.

A partir da próxima segunda, a Secretaria Municipal de Saúde da capital mineira receberá cervejas da marca Belorizontina, de qualquer lote, de moradores de Belo Horizonte que possuam a bebida para consumo próprio. Não serão aceitos, no entanto, produtos de bares, restaurantes e supermercados. O material ficará sob custódia para encaminhamento das investigações necessárias. A entrega poderá ser feita pela população de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Os endereços onde serão recebidos os produtos podem ser conferidos no site da SES.

Sepultamento

Nesta sexta, o corpo do bancário aposentado Paschoal Dermatini Filho, 55 anos, foi sepultado em Ubá, onde ele morava com a família. Ele foi transferido do hospital do município para a Santa Casa de Juiz de Fora no dia 31 de dezembro, já com insuficiência renal aguda. O quadro evoluiu para complicações neurológicas, conforme os demais casos relatados da “síndrome nefroneural”, assim denominada pelas autoridades de Saúde devido aos principais sintomas. Paschoal faleceu na noite da última terça-feira após uma parada cardiorrespiratória. O corpo dele foi necropsiado no Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte por mais de seis horas. A análise dos fragmentos coletados durante o exame será auxiliada por um médico-legista da Universidade de São Paulo (USP), e o laudo fica pronto em até 30 dias.

Após a divulgação da presença de dietilenoglicol nas amostras da cerveja, um representante da Agência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) da capital classificou o episódio como grave, por expor os consumidores a riscos. Ele destacou que as pessoas hospitalizadas têm, em comum, o consumo da cerveja Belorizontina. Além disso, a maioria teria adquirido ou consumido a bebida no Bairro Buritis, na Zona Oeste, considerado de classe média alta e alta. Inclusive Paschoal havia sentido mal após passar o período de Natal na casa da filha no Buritis. O marido dela está entre os sete homens que continuam internados.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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