Cesama opera no limite da capacidade técnica na cidade

Benfica, Fontesville e Recanto da Mata, na Zona Norte; Alto dos Passos, Previdenciários, Santa Cecília e São Mateus, na Zona Sul; e Granjas do Triunfo, na Zona Nordeste. Esses são alguns bairros de Juiz de Fora que a Tribuna acumulou pedidos de solução para a falta de abastecimento de água nos últimos dias. A situação, segundo a Cesama, tem ligação com o nível de reservação da capacidade da Represa de São Pedro, cerca de 16% mais baixo que o do mesmo período, em 2018, e com as altas temperaturas registradas na cidade e à baixa umidade relativa do ar. Tudo isso levou a um aumento no consumo de água, causando reflexos e desabastecimento em algumas regiões do município.

Essa situação é preocupante, admite o diretor técnico operacional da Cesama, Márcio Augusto Pessoa Azevedo. Em entrevista à Tribuna, nesta quarta-feira (18), ele afirmou que a companhia opera no limite de sua capacidade técnica, mas mantendo as condições de abastecimento sob controle. “Temos três mananciais de acumulação, que são as represas de São Pedro, Doutor João Penido e Chapéu D´Uvas. As duas maiores, Penido e Chapéu D´Uvas operaram, hoje, com nível considerado normal para esta época do ano. Entretanto, São Pedro está abaixo do que estava no mesmo período do ano passado e contribui para o abastecimento da Cidade Alta. Na semana passada, tivemos episódios de falta d´água em alguns bairros relacionados à necessidade que temos de mandar água do sistema central, na parte baixa do município, para a Cidade Alta, a fim de suprir a falta de vazão que lá se encontra”, explica Márcio.

Segundo ele, a falta de água observada, atualmente, em São Pedro, impacta toda a cidade. “Se fossemos manter o abastecimento da Cidade Alta só pela Represa de São Pedro, já estaríamos vivendo um caos. Hoje (dia 18), ela está com 22% da sua capacidade e, neste mesmo período do ano passado, neste mesmo dia, estava com 38% da capacidade. Ela está chegando ao seu limite, o que é preocupante”, avalia o diretor, lembrando que o manancial de São Pedro é menor que os outros e que sua recuperação, logo quando começar as chuvas, é rápido.

Foto: Olavo Prazeres

Altas temperaturas

As altas temperaturas acarretam elevado consumo de água. Devido ao calor, as pessoas têm necessidade de tomar mais banhos, como forma de amenizar o desconforto. Da mesma maneira, o consumo de água aumenta em função das atividades de lazer, como para o enchimento de piscinas. A baixa umidade relativa também requer maior manutenção de jardins e hortas, que precisam de irrigação para a sobrevivência das plantas. “Todas essas condições promovem maior consumo. Também é necessário falar que as pessoas gastam mais água por necessidade, pois o organismo necessita de mais líquido. Pode parecer piada, mas, por exemplo, se todo mundo beber um litro a mais de água por dia na cidade, serão 580 mil litros a mais de consumo. Tudo isso influencia na questão da elevação do consumo”, pondera Márcio Pessoa. “Estamos vivendo dias críticos. Apesar de estarmos no inverno, é comum haver períodos secos, mas não com temperaturas tão elevadas como as que tivemos, entre os dias 8 e 14 de setembro, e ainda teremos no resto desta semana que segue.”

Conforme Márcio Pessoa, estamos pior agora do que no verão, pois nele há a temperatura elevada, mas o clima é úmido. “Existe a precipitação de chuvas, o que afasta a necessidade de irrigação das plantas, de gramados. Esse calor de agora aliado à umidade relativa do ar, que está em nível alarmante de saúde, (é pior). É estabelecido que abaixo de 60%, (a umidade do ar) já afeta a saúde, e estamos abaixo de 20%. Já tem cidades no estado que o nível é 12%, e precisou decretar calamidade. Não é o caso de Juiz de Fora, mas não sabemos se iremos chegar nisso, porque, até semana que vem, já está certo, como apontam as previsões, que não haverá chuva. A chuva deverá vir a partir da próxima semana vem e poderá minimizar essa situação”.

Sinal de alerta ligado e prudência

Caso a estiagem se estenda por mais dias, a situação pode se agravar. Como aponta o diretor técnico operacional da Cesama, a companhia está trabalhando com o sinal de alerta ligado. “Se, por ventura, a situação se estender, teremos que tomar outras providências, mas no momento ainda não há razão para alarme. É preciso prudência para que não se encare uma situação muito complicada, mas essa prudência já existe, pois estamos nos valendo de algumas medidas para minimizar a situação.”

Márcio Pessoa ressalta que, entre 40 e 60 dias, será aumentada a capacidade de produção da Estação de Tratamento de Água Walfrido Machado Mendonça (ETA-CDI), localizada no Bairro Distrito Industrial, Zona Norte, que é responsável por cerca de 40% do abastecimento da cidade. “Nossa expectativa é de que consigamos, através dela, 12% de acréscimo no volume produzido, o que irá garantir uma tranquilidade para o verão”.

Segundo o diretor-presidente da Cesama, André Borges de Souza, no momento, não há necessidade de um rodízio no abastecimento, mas a situação é monitorada neste período, com uma avaliação semanal. “Tudo irá depender do início do período chuvoso e, ainda, de como será o desempenho do sistema de abastecimento com as melhorias que estamos implementando. Essa é uma questão de estratégia operacional, que deverá ser avaliada mais à frente pela Cesama.”

Problemas pontuais

A Estação de Tratamento Marechal Castelo Branco, na Represa Doutor João Penido, na semana passada, operava com um filtro a menos em razão que uma reforma. A estimativa é de conclusão do serviço até início da chegada do verão. Contudo, de acordo com Márcio Pessoa, a situação é de tranquilidade, uma vez que já está em fase de término a reforma do segundo filtro. “O primeiro já foi reformado, e o resultado que tivemos foi o incremento de cerca de 50% na vazão. Quando tivermos com os quatro filtros reformados, que acredito que seja daqui a 40 ou 50 dias, a produção será maior do que ela produzia com seis filtros. Depois de tudo que passamos no verão passado, estamos aumentando a capacidade de produção dessa ETA, que hoje responde praticamente por cerca de 50% do sistema de produção de água potável da Cesama”.

Também, na semana passada, a Cesama enfrentou problema na captação da água em Chapéu D´uvas, o que ocasionou, juntamente com a condição da Represa de São Pedro, uma situação generalizada de desabastecimento, na cidade. “Existem problemas pontuais que são importantes destacar, como os que aconteceram nos bairros Fontesville e Previdenciários. O que aconteceu nesses locais não tinha a ver com essa questão de desabastecimento, pois contatamos redes quebradas. Assim, temos que lembrar que problemas de manutenção também afetam o sistema de abastecimento. Tivemos o problema de uma válvula que quebrou na entrada do Reservatório Henrique de Novaes, em Santa Terezinha, Zona Nordeste. Ele abastece uma área grande, envolvendo os bairros Bairu, Santa Paula, Marumbi, Bom Clima, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora das Graças, Eldorado e Centenário. Tivemos um prejuízo grande para a população dessas áreas no fim de semana por conta disso. Essa válvula é grande e trabalhamos muito tempo nela para restabelecê-la. Isso acontece e está sujeito a acontecer a todo o momento.”

Uso consciente e racional

“O ideal seria que tivéssemos a condição de oferecer toda água que a população precisa, mas não temos essa condição. Em função de tudo que vivemos em relação ao meio ambiente, a água não pode ser desperdiçada”, enfatiza o diretor técnico operacional da Cesama. Segundo Márcio Pessoa, o momento atual requer uso racional. “Isso vai fazer bem ao meio ambiente, ao futuro e ao bolso. É preciso evitar lavar calçada e carro com mangueira. Na hora de escovar os dentes, torneira deve ser mantida fechada, assim como torneira da pia enquanto se ensaboa a louça. São coisas do dia a dia que esquecemos, mas fazem a diferença e economia. É preciso fazer o uso de forma consciente e racional”, adverte.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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