Criação de pombos incomoda vizinhança no Esplanada

Com a presença constante de pombos franqueada pela vizinha, uma moradora do Bairro Esplanada, Zona Norte da cidade, convive com o medo de ter a família acometida por alguma doença, por conta desse contato. A mulher conta que todo o grupo familiar dela apresenta imunidade baixa, causada por diferentes razões, e que a ameaça causada pelo grupo de aves é ignorada pela dona do imóvel ao lado, que insiste em alimentar e dar água aos animais regularmente, ignorando completamente qualquer risco. “Todos nós temos problemas de saúde, e a presença dos pombos causa muita perturbação. Pedimos para que não criasse os pombos. Quando acontecem aquelas revoadas, há um poeirão muito grande dentro da minha casa, que fica a poucos metros de onde eles ficam. Os nossos problemas geram muitos gastos com remédio. Somos assalariados, não temos como absorver mais gastos com doenças que podem ser adquiridas por causa dos pombos.”

Segundo a moradora, que tem entre seus familiares crianças e idosos, houve uma tentativa de sensibilizar a criadora de pombos, mas ela não se mostrou aberta ao diálogo. “Ela compra ração para as aves, coloca potes de água em horários específicos todos os dias. Um agente de endemias esteve aqui, mas ela guardou tudo e espantou os bichos. No dia seguinte, eles estavam todos lá, novamente. Minha casa tem grade e tela de mosquiteiro, mas não adianta, porque a quantidade de pombos é muito grande, e eles acabam trazendo a poeira para dentro de casa. Fora que minha irmã já perdeu um sofá, porque ele estava infestado de piolhos. Já acionamos a Prefeitura, mas o problema persiste.”

Desde 2015, Juiz de Fora conta com a Lei Municipal 13.155, que define sanções, como multa de R$ 200, para quem seja pego reincidindo na alimentação de pombos em locais públicos. Já na época, a norma previa o combate à proliferação do animal, por uma questão de saúde pública, já que eles podem transmitir várias doenças. A fiscalização é feita pela Secretaria de Atividades Urbanas (SAU). O problema é que a lei não versa sobre ambientes privados. De acordo com o médico veterinário responsável pelo Setor de Zoonoses, José Geraldo de Castro Júnior, uma equipe deve ir até o local para verificar qual é o estado desse imóvel.

Maior risco está nas fezes do animal

Segundo o médico veterinário responsável pelo Setor de Zoonoses, José Geraldo de Castro Júnior, o maior risco desse contato entre as pessoas e os pombos são as fezes dos animais, que, em ambientes fechados, se tornam ainda mais perigosas. “A maioria dos agentes de transmissão de doenças estão nas fezes que ficam em suspensão no ar. Se a pessoa cria pombos e aspira aquelas partículas, pode ter salmonela, ornitose, criptococose ou histoplasmose. Por isso, as pessoas que estão expostas ao contato com esses animais precisam usar equipamentos de proteção, como máscara, óculos de proteção e botas. Também é importante destacar que as doenças também podem ser adquiridas por meio da contaminação da água ou de alimentos”, explica.

Foto: Marcelo Ribeiro/Arquivo TM

O veterinário explica que é preciso tomar muito cuidado com o contato das aves com as caixas d’água. “Se o recipiente estiver corretamente tampado, o risco está eliminado. Mas se ele estiver destampado ou quebrado, vira um risco. Os animais todos se refrescam na água, independente do grupo ao qual pertencem. Se os pombos encontram uma caixa de água aberta, vão nadar e vão defecar ali. Se eles tiverem contaminados, vão passar esses agentes para água.” O mais comum, segundo ele, é a transmissão que se dá pelo contato com as mucosas, que são tecidos muito adaptados à absorção de microorganismos, patogênicos ou não.

“É um risco maior. Recomendamos que as pessoas apliquem produtos específicos antes da limpeza e façam a desinfecção com água sanitária ou cloro”, recomenda Geraldo. Dependendo da imunidade da pessoa e da carga infectante, os riscos podem ser maiores ou menores, embora em ambientes mais abertos, esse risco seja menor. Outro agente transmissor de doenças que são carregados pelos pombos é o piolho, um parasita, que pode carregar um protozoário, que pode desencadear uma dermatite, inflamações na pele.

Nós já acompanhamos casos de ocorrência da doença causado por um piolho de pombo. A ave não é diretamente responsável pela transmissão da dermatite alérgica, mas elas carregam o parasita. Como os pombos costumam se alojar em telhados, ou até mesmo entre a laje e o telhado, os piolhos podem descer pelas paredes e chegar até as pessoas.

José Geraldo de Castro Júnior, médico veterinário responsável pelo Setor de Zoonoses da PJF 

Ainda de acordo com o veterinário, os pombos também podem carregar o toxoplasma, causador da toxoplasmose. Mas nesse caso, o protozoário que causa a doença se instala nos músculos do animal, de modo que só há risco se a pessoa fizer a ingestão da carne das aves crua. “Não recomendamos que as pessoas alimentem os pombos. Toda praga urbana só fica em locais em que há alimento e abrigo. Nesses pontos, eles fazem seus ninhos e seus ciclos de reprodução. Esses animais costumam retirar seus alimentos do lixo, mas também há pessoas que dão comida, tanto em locais públicos, quanto em espaços privados.”

Foto: Marcelo Ribeiro/Arquivo TM

 

(Correção: no título desta matéria, equivocadamente informamos que o bairro afetado seria o Eldorado. Na verdade, trata-se de um problema identificado no Bairro Esplanada)

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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