Curso popular da PJF garante 22 aprovados na UFJF

Mesmo com o foco no Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a estudante Jheniffer de Oliveira, 17 anos, fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e alcançou 960 pontos na redação. Ela é um dos 22 alunos do Curso Preparatório para Concursos (CPC), da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), que já obtiveram aprovação em diferentes cursos da UFJF.

Apesar de ter se dedicado aos estudos desde o primeiro ano do ensino médio, Jheniffer acredita que o CPC fez diferença em sua preparação. “O que eu fiz foi aplicar os conhecimentos que eu tinha do estudo do Pism na redação. Estudar para todas as outras matérias me ajudou muito, além de participar das aulas de redação e das oficinas extras que o CPC oferecia”, conta a estudante. Foi com um dos conteúdos trabalhados nas disciplinas de História e Geografia que ela fundamentou seus argumentos para escrever a dissertação sobre a democratização do acesso ao cinema. “Estudamos sobre o acesso e a democratização de outros aspectos sociais. Eu apliquei o conhecimento sobre o processo de urbanização desordenada, como a falta de acesso à mobilidade afeta a democratização do cinema e usei uma citação do filósofo Hegel.”

Jheniffer de Oliveira, 17 anos, vai cursar Arquitetura e Urbanismo no segundo semestre (Foto: Arquivo Pessoal)

Na avaliação de Jheniffer, o tema tem muita pertinência dentro do momento que vivemos. “Sempre deixamos a cultura de lado. Mas as artes, no geral, como o cinema, a música e as artes plásticas afetam diretamente a nossa construção. Os nossos preconceitos, as nossas vivências, tocam diretamente nessas manifestações.” Como proposta de intervenção, a jovem sugeriu a melhoria da mobilidade urbana, de modo a tornar o cinema mais acessível a toda a população. “Todos os cinemas da cidade ficam dentro de shoppings. Chegar lá ainda é um problema para muita gente. Então eu sugeri facilitar a chegada pelo transporte e também investir em eventos sociais, porque, muitas vezes, garantir a meia entrada não é suficiente.”

Ter a arte presente no tempo livre também foi importante para a discente, que participava de um projeto da Escola Estadual Francisco Bernardino, na qual estudou durante o ensino médio. “Fazia parte da oficina de artes, o Atelier aberto, onde eu esfriava a cabeça, especialmente no terceiro ano, que acumulava mais responsabilidades. A arte me deu espaço para respirar, para entender o que eu gosto e me conhecer melhor.” Entre as formas de arte, a que ela mais praticou foi o desenho, em especial, o grafite.

Jheniffer se prepara para começar a cursar Arquitetura e Urbanismo na UFJF no segundo semestre. Segundo a caloura, é a primeira pessoa da família dela a chegar a uma universidade federal. “Muita gente ainda não se reconhece na universidade. É importante mostrar que as pessoas, assim como eu, podem chegar lá, porque esse lugar também é nosso. Eu aconselho a todos a aproveitarem todas as oportunidades que surgirem e a procurarem cursos populares como o CPC e o Garra da UFJF, usando todos os recursos que eles disponibilizarem.”

Aprovações

Além de Jheniffer, os últimos resultados do CPC incluem as aprovações de Elisiele Eduarda da Silva, 18 anos, primeira colocada no curso de Rádio, TV e Internet; Laura Lamego Santos, primeiro lugar no curso de Serviço Social; e de Meir de Jesus Gomes, 17 anos. Outros 18 estudantes do CPC conseguiram aprovação na UFJF. Ao todo, são 27, e alguns deles ainda aguardam os resultados. “Estamos muito felizes, porque esses meninos mudam a vida deles e o entorno. Temos cinco primeiros lugares até agora. É importante marcar que mesmo sendo popular, o curso tem qualidade e eles podem competir igualmente com os outros. Esse resultado é excelente”, avalia a coordenadora do CPC, Jaqueline Trovato.

As inscrições para os cursos do CPC em 2020 serão realizadas entre 3 e 7 de fevereiro, das 8h às 11h30 ou das 14h às 17h30, na sede do curso, na Rua Marechal Deodoro 230, terceiro andar. Quem é cadastrado no Bolsa Família ou no Benefício de Prestação Continuada (BPC) tem direito à isenção da taxa. Não há mensalidade.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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