Detentos soltam a voz no Festival da Canção Prisional

Sete candidatos da Zona da Mata se apresentaram, na terça-feira (9), no Teatro Pascoal Carlos Magno, que abrigou a etapa regional do Festival da Canção Prisional em Juiz de Fora. Alexander José do Nascimento (Presídio de São João Del Rei) foi o vencedor, seguido pelo segundo colocado, Alessandro Nascimento Paes (Penitenciária José Edson Cavalieri). O terceiro lugar ficou com a dupla MC Davi e MC Hudson, representando o Ceresp de Juiz de Fora. Familiares e amigos puderam prestigiar o evento.

O evento, realizado pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP), por meio da Diretoria de Ensino e Profissionalização, contou com apresentações solo e em dupla de candidatos das unidades prisionais onde cumprem pena nos municípios de Juiz de Fora, Visconde do Rio Branco e São João Del Rei. Juiz de Fora teve representantes da Penitenciária José Edson Cavalieri, Ceresp e Anexo Feminino.

Candidatos apresentaram gêneros musicais como gospel e funk (Foto: Fernando Priamo)

O show do Grupo Hiphopologia encerrou a edição do evento, que ainda homenageou a Banda Patrulha 66, responsável por organizar a primeira apresentação de rock em uma unidade prisional de Juiz de Fora, nos anos 80, no extinto Presídio de Santa Terezinha.

O festival acontece desde 2009, começou no Sul de Minas Gerais, em São Lourenço, com o nome de Festipen. O sucesso do projeto o levou a ganhar âmbito estadual em 2015, com o novo nome de Festipri, com seis etapas regionais. “Todo projeto de cultura e ressocialização que vemos que dá certo, replicamos de uma unidade para outras unidades, seja esportivo ou sociocultural. Esse projeto tinha dado muito certo no Sul de Minas e foi expandido por ter uma boa adesão. Dentro da unidade, os presos demonstram interesse e se reúnem para ensaiar. Alguns cantam, tocam instrumento e compõem a letra para a apresentação. Os jurados levam em consideração letra, interpretação, originalidade e canção”, explica a Diretora de Ensino e Profissionalização, Bruna Aguiar. A mesa de jurados é composta por 16 representantes de diferentes setores da sociedade.

Projeto visa à autoestima dos detentos e tem a cultura como meio de ressocialização (Foto: Fernando Priamo)

Resgate da autoestima

O Festival da Canção Prisional tem como objetivo o resgate da autoestima do detento e a valorização pessoal através do incentivo a habilidades artísticas. “Muitas vezes, os presos saem da cela para ensaiar, participar e assistir. É muito bom poderem enxergar possibilidades fora do cárcere, para além daquele vida que tinham antes”, comenta Bruna Aguiar. Segundo a diretora, a SEJUSP também incentiva projetos de nível estadual como o Miss Prisional e campeonatos locais de futebol e dama, além de apresentações teatrais e outras ações culturais.

Para a analista Executiva de Defesa Social e pedagoga, Viviane Freitas, que atua na Penitenciária José Edson Cavaliri há 11 anos, o trabalho sociocultural nos presídios é fundamental também para a ressocialização daqueles que estão privados de liberdade. “Temos dois alicerces para o processo de ressocialização, que são o trabalho e o estudo, que promovem a cidadania e o protagonismo do indivíduo. A arte humaniza o ser humano. Todos nós podemos fazer música, fazer arte. Acredito que ela também pode refinar o sentimento, a maneira de enxergar o outro.”

Segundo a pedagoga, os projetos socioculturais são realizados com frequência nas penitenciárias de Juiz de Fora em diferentes áreas artísticas, além de projetos profissionalizantes. “No Anexo Feminino temos um projeto de cerâmica em parceria com a ONG Aban, em que as meninas são profissionalizadas para trabalhar com o artesanato e fazer exposições. A atriz Sandra Almeida, nossa bibliotecária, trabalha o viés do teatro com os alunos da escola. E temos vários trabalhos artísticos que acontecem por meio das escolas estaduais que funcionam no interior das Penitenciarias José Edson Cavalieri e Penitenciária Professor Ariovaldo Campos Pires, vinculadas à Secretaria de Educação. Além de projetos de marcenaria, confecção de contos e sarau de poesia, estamos preparando um festival de talentos para o fim do ano”, destaca Viviane.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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