Dia das Mães com surpresa em dose tripla

Bebês nasceram no dia 27 de abril, no Hospital Dr. João Penido, onde devem ficar internados até atingirem 2kg; os pais Débora Coelho Matias e Magnum Roni Silva Ribeiro moram em Caiana, a 267 quilômetros de JF (Foto: Marcelo Ribeiro)

Descobrir uma gravidez pode levar a um misto de sensações: alegria, medo, apreensão, surpresa, euforia, entre outros inúmeros sentimentos. Imagine, então, a sensação de descobrir que se está esperando três bebês. Foi assim com a mamãe Débora Coelho Matias: emoção em dose tripla. Ao descobrir que estava grávida de trigêmeos, a moradora de Caiana, cidade com pouco mais de cinco mil habitantes próxima de Carangola, se assustou e se perguntou como seria a nova vida, já que ela e o marido, Magnum Roni Silva Ribeiro, têm outros dois filhos, de 3 e 6 anos. Depois do susto inicial e já na companhia dos três bebês, Débora vai passar esse Dia das Mães em Juiz de Fora – onde Mirella, Mariana e Rafael nasceram e estão internados – com o coração três vezes mais cheio de amor.

Débora já estava com 17 semanas de gravidez quando o médico que a acompanhava descobriu que ela teria três bebês, e não dois, como estavam pensando até aquele momento. “Foi um susto”, relembra a mãe. “No primeiro ultrassom o médico achou que eram gêmeos. Quando fomos fazer outro exame em Carangola, com 17 semanas, o médico viu o terceiro”, conta o pai, Magnum. Ainda na sala onde o exame estava sendo realizado, Débora se deixou levar pelas lágrimas. “Eu chorei muito, nem levantei da mesa do médico.” A surpresa foi tanta que nem o obstetra acreditou e repetiu o exame, constatando que eram mesmo três bebês. “Quando saímos da sala, todos no hospital já sabiam da novidade. Tenho na minha família o caso de primos gêmeos, mas trigêmeos é a primeira vez que acontece”, conta Débora.

O casal demorou a se acostumar com a chegada dos três bebês. A novidade, porém, emocionou e animou tanto familiares quanto moradores da região de Caiana. “Todo mundo está fazendo festa. Eles mandam mensagem e presentes lá pra casa. Nem está cabendo mais nada lá. Eu recebi muita ajuda, as pessoas doaram roupas, fraldas. Eles nos deram cerca de duas mil fraldas, ficamos muito felizes, porque já dá para começar. Meu marido não teria condições de comprar tudo para os três mexendo com roça de café. Quando as pessoas descobriram, todas quiseram ajudar, não só na cidade, mas na região também.”

Por enquanto, os trigêmeos, nascidos em 27 de abril, estão em Juiz de Fora, na UTI Neonatal da Maternidade Viva a Vida, esperando ganharem o peso necessário para receberem alta. Saudáveis, eles são acompanhados de perto pela mãe, que desde os 7 meses de gestação se hospedou na Casa da Gestante para esperar pelo parto. O trio, que vem encantando familiares e desconhecidos, nem imagina a surpresa e os cuidados da sua chegada.

Preparação para o parto em Juiz de Fora

Débora enfrentou percalços durante a gestação, por ser uma gravidez de risco e morar em uma região que não tinha estrutura para atendê-la. “Os hospitais perto de lá não queriam me atender. Eles diziam que até atenderiam, mas que não tinham estrutura para colocar os bebês quando nascessem.” Na tentativa de proporcionar a ela um final de gestação mais tranquila, a Prefeitura de Caiana optou por transferi-la para Juiz de Fora, onde haveria melhores condições para o nascimento do trio.

Ela, então, foi trazida para o Hospital Dr. João Penido, onde começou sua preparação para o parto, aos 7 meses de gestação, quando Débora se hospedou na Casa da Gestante para monitoramento. “Ela veio para cá gestante para ficar sendo observada, porque essas mães não chegam até o final da gestação, então é necessário acompanhar para monitorar e não acontecer nada de errado”, conta a Enfermeira e Coordenadora da Maternidade Vida a Vida, Dircilene Cardoso. “Geralmente (os bebês) nascem prematuros, mas ela chegou a 31 semanas de gestação”, explica.

Com cesária programada para a 32ª semana, o trabalho de parto começou antes. O esposo, porém, não pôde acompanhar o nascimento. Desde que Débora veio para Juiz de Fora, o cafeicultor tem visitado a esposa pelo menos uma vez por semana. No entanto, ele havia ido embora no dia anterior, levado pelo carro da Prefeitura de sua cidade. Com o parto adiantado, ele retornou depois da notícia do nascimento. Os filhos mais velhos estão passando os dias na casa da avó, no Espírito Santo, e ainda não puderam conhecer os irmãos.

‘Eles são raros’

Em contato com a família, os pais dizem que os parentes não vêem a hora de conhecer os novos membros. “Estão muito felizes, mexeu com a família e as pessoas mais próximas.” Não é para menos. Os pequenos encantam até mesmo os funcionários de outros setores do hospital. “Todo mundo vem ver, enfermeiras, médicos. Eles perguntaram se foi por inseminação artificial, mas não. Foi natural mesmo. Eles são raros!”, diz a mãe. Embora o susto inicial tenha passado, ela ainda não consegue mensurar o quanto sua rotina será impactada por ter três bebês, ao mesmo tempo, para cuidar. “Estou me acostumando com tudo ainda. Quero ver como vai ser quando chegar em casa.”

Para a mãe, os bebês puxaram muito as características do pai pela pele clara. Apesar de serem muito parecidos, aos poucos, o casal já percebe as diferenças entre os três. Rafael, o único menino do trio, nasceu o maior de todos, mas se mostra bastante tranquilo. Agitada mesmo é a Mirella, de tamanho intermediário, que também é a que tem mais cabelo e já está começando a aprender a mamar no peito. A menor de todas é a Mariana, que se esticou toda para se espreguiçar diante da reportagem e deu um bocejo gostoso de quem ainda não tem muito o que fazer, além de dormir.
De acordo com a mãe, os bebês não precisaram de aparelho nenhum ao nascer, só estão com sonda porque não aprenderam a sugar o peito ainda.

Segundo a Coordenadora da UTI Neonatal, Sônia de Araújo, se a gestação múltipla não for associada a complicações, os bebês podem nascer saudáveis. “Por ela ter ficado em observação, isso ajuda também, temos um melhor controle no momento do nascimento”, explica.

“Todo mundo vem ver, enfermeiras, médicos. Eles perguntaram se foi por inseminação artificial, mas não. Foi natural mesmo. Eles são raros!”

No caso dos trigêmeos, eles devem receber alta da UTI após atingirem o peso de 1,8kg. “Eles têm o peso um pouquinho diferente um do outro. Vamos corrigindo também a idade gestacional, contando os dias a partir do nascimento até atingir 35 semanas de gestação. Obedecendo esses critérios e não tendo complicações, são encaminhados para a pediatria e vão para a casa com 2kg. Eles têm algumas semanas pela frente, mas estão com o ganho de peso adequado.”

Para o pai, as tantas viagens que já foram feitas e as que estão por vir são apenas um detalhe perto de tamanha alegria. E para ele, a mãe “é uma guerreira, companheira. A nossa felicidade triplicou”, diz o cafeicultor.

João Penido é referência em gravidez de alto risco

O hospital Dr. João Penido, que é referência no atendimento de casos de alto risco em Juiz de Fora e região, é considerado um dos mais preparados para atender a esse tipo de situação, porque conta com a Casa da Gestante e a UTI Neonatal da Maternidade Viva a Vida. Enquanto os bebês precisam ficar internados, as mães são hospedadas na Casa da Gestante, para ficarem próximas dos filhos. No hospital já foram realizados vários partos de gêmeos, mas os partos de trigêmeos não são tão comuns.

“Aqui temos a porta aberta para urgência e emergência, onde temos toda a estrutura tanto na maternidade quanto para a gestante que precisar aguardar até o momento do parto. A Casa da Gestante tem capacidade para dez mães, onde elas podem permanecer enquanto os bebês estão internados na UTI.”, explica o diretor do hospital, Daniel Miotto. “Essa questão de fortalecer o vínculo entre a mãe e a criança é o mais importante, logo no início desse processo, deixando a mãe amamentar no peito e mantendo-a em contato com a criança o maior tempo possível”, comenta o diretor do hospital, Daniel Miotto.

“Me senti muito feliz. Eu pensei: será que tem três meninos na minha barriga mesmo? A ficha foi cair depois que vi eles no ultrassom e quando nasceram”

Longe da família, a atenção dada pela equipe médica e o acolhimento recebido foi essencial para manter a gravidez de Débora saudável, segundo a assistente social Heloisa Helena do Vale. “Tivemos muita atenção também com os familiares dela, já que na Casa da Gestante as visitas podiam vir de manhã e ficar até a noite. Isso é importante, porque às vezes ela (a mãe) fica insegura, mas com o familiar sempre perto, incentivou a ficar aqui.”

Para Débora, a emoção do primeiro encontro e o sentimento de ter três filhos é algo que não cabe no peito da mãe. “Me senti muito feliz. Eu pensei: será que tem três meninos na minha barriga mesmo? A ficha foi cair depois que vi eles no ultrassom e quando nasceram”, comenta, emocionada. A sensação que fica agora é de gratidão. “Tenho que agradecer ao hospital, porque se não fosse por eles, meus filhos não teriam nascido”, se emociona.

 

* estagiária sob a supervisão da editora Rafaela Carvalho

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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