Ensino remoto na onda roxa é feito por meio de plataformas digitais

Após a adoção do ensino remoto como alternativa ao modelo presencial desde o início da pandemia, há um ano, pais e alunos estão tendo que se adaptar a uma nova realidade trazida pelo recente agravamento da situação sanitária logo no começo do ano letivo 2021, em março. As apostilas e outros materiais que costumavam ser distribuídos pelas escolas municipais deixaram de ser entregues, para evitar a circulação de professores e dos próprios alunos e responsáveis, e todo o conteúdo passou a ser disponibilizado por meio de plataformas digitais.

A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) reforça que, atualmente, o município, assim como todo o estado de Minas, está na onda roxa do programa estadual Minas Consciente, que propõe mais rigor no isolamento social diante do grave cenário epidemiológico. Por isso, as tecnologias disponíveis estariam sendo mais utilizadas neste momento, já que a viabilização de materiais de estudo impressos implicariam na quebra das medidas mais restritivas.

O lockdown foi iniciado no dia 7 pelo programa municipal Juiz de Fora Pela Vida e, uma semana depois, foi imposto pelo Estado na onda roxa do programa estadual Minas Consciente. Nesta quinta-feira (8), o Governo anunciou que esta fase deve permanecer, pelo menos, até o próximo dia 18 de abril.

Professores criam Grupos de WhatsApp para se comunicar com alunos e pais, mas muitos ainda têm dificuldade (Foto: Fernando Priamo)

Pai aponta barreiras de aprendizagem

A tentativa de dar prosseguimento à educação mesmo com o lockdown, no entanto, encontra barreiras, já que muitas famílias não conseguem fácil acesso aos meios digitais. Com duas filhas matriculadas no sétimo e oitavo anos do ensino fundamental da rede municipal, um pai questiona o envio de conteúdos por meio do aplicativo WhatsApp e a eficiência do aprendizado.

“No ano passado (ano também de pandemia), os alunos receberam materiais impressos da rede municipal de educação. Isso facilitava na hora de ensinar nossos filhos. Este ano, as aulas estão sendo exclusivamente por meio de grupo de WhatsApp. Isso gera um transtorno, já que as crianças da minha casa não possuem o aplicativo”, diz o responsável, que preferiu não se identificar na reportagem, para evitar que suas filhas sofram qualquer tipo de retaliação.

Ainda segundo ele, em uma turma com cerca de 25 alunos, somente cinco estariam participando e interagindo no grupo. “As matérias são retiradas de sites sem nenhum preparo dos professores e sem nenhuma atenção com os alunos, se eles estão ou não aprendendo. A pergunta que fica é: esse método é o recomendado pelo Ministério da Educação? Todos os alunos estão sendo alcançados? Quais os critérios que os professores estão usando?”

Apostilas

Por meio de nota, a Prefeitura garantiu que não existe a obrigatoriedade da compra de nenhum equipamento específico, embora todas as escolas municipais e creches parceiras estejam adotando o sistema de ensino remoto com a utilização de ferramentas tecnológicas para auxiliar o ensino dos alunos em diversas plataformas digitais, redes sociais e afins.

“Hoje as instituições encontram-se fechadas e sem a circulação de profissionais para que o distanciamento social seja mais efetivo no combate ao coronavírus na cidade, que já passou de mais de mil vítimas fatais, e, por isso, neste momento, não estão sendo utilizados materiais impressos para atividades dos estudantes.” A expectativa é que as apostilas voltem a ser entregues quando a situação sanitária permitir.

O responsável por duas estudantes do ensino fundamental, entretanto, acredita que suas filhas não estariam aprendendo com essa forma de ensino remoto, que ele classifica como uma espécie de “gambiarra”. “Minhas filhas, por exemplo, não possuem o aplicativo e dependem de mim e da minha esposa quando chegamos (em casa) ao fim do dia.”

Diretrizes do CNE

A Secretaria de Educação (SE) assegurou que mantém o seu compromisso com o ensino no município e informou que todas as questões pedagógicas adotadas na rede durante a pandemia da Covid-19 seguem as diretrizes do Conselho Nacional de Educação (CNE), “órgão que se manifestou orientando os sistemas de ensino do país perante este momento tão delicado”. Ainda conforme a PJF, em caso de dúvidas, os pais devem entrar em contato com as próprias escolas via WhatsApp, e-mail ou redes sociais.

A SE também informou que, preocupada com uma melhor organização das escolas e creches, está realizando uma capacitação, por meio do “I Seminário de Formação: Proposta Curricular 2021”, com o objetivo de desenvolver um currículo escolar pensado também para a realidade atual.

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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