Especialistas apontam que é preciso avançar no cuidado com idosos

Juiz de Fora conta com alguns meios fundamentais de participação cidadã de idosos, como a Câmara Sênior e o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa. Há também instrumentos como a Comissão Permanente de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, nos quais ocorrem debates sobre os muitos assuntos que envolvem o envelhecimento. Ainda que se avance na temática, no entanto, ainda é preciso ter um maior envolvimento da sociedade, oportunidade proporcionada pela comemoração ao Dia Internacional da Pessoa Idosa, que tem atividades gratuitas e abertas ao público marcadas para essa terça-feira (1º de outubro), pela manhã, no Parque Halfeld.

Para o assistente social, gerontólogo e colunista da Tribuna de Minas, José Anísio (Pitico) da Silva, temos um importante avanço a considerar no que tange aos idosos, tanto no debate com a sociedade, de maneira mais ampla, como na formação dos profissionais cuidadores. É importante ter em mente, entretanto, que a velocidade desse desenvolvimento ainda é incompatível com as necessidades da população idosa. “O envelhecimento é uma realidade mundial, nacional e local. Temos um avanço significativo, até mesmo sob o ponto de vista da produção científica, que vem incluindo o envelhecimento em várias áreas do conhecimento, mas ainda falta.”

Para Pitico, também é preciso avançar do ponto de vista público e lançar olhar aos idosos mais dependentes, campo no qual inovar é uma urgência. “Temos uma estagnação de propostas nesse sentido, que vem de 20 anos, 30 anos. Nós conseguimos manter uma qualidade boa dos serviços que oferecemos. Mas a oferta de equipamentos que sejam voltados para esse grupo, especificamente, ainda precisa de um investimento maior, especialmente para os idosos dependentes, que estão sob os cuidados de suas famílias. Eles permanecem muito aquém de uma cobertura social pública. Há muitos idosos esquecidos em seus quartos, longe de um convívio familiar, que não contam com um trabalho robusto, que é muito necessário.”

A psicóloga pós-graduada em Desenvolvimento Humano, Gleisi Vellozo, que também é gestora de uma Instituição de Longa Duração para Idosos (ILDI), acrescenta que é necessário questionar se as pessoas estão preparadas para cuidar de idosos e também para receber cuidados, porque quando chega o momento dessa atenção acontecer, ela vem repleta de angústias, ansiedade e depressões. “Precisamos pensar no papel de cada um. Quem vai ser o cuidador? Como está essa relação familiar? Porque se já for uma relação familiar de conflito, ela tende a piorar. Os conflitos precisam ser resolvidos antes que isso aconteça, porque, com certeza, a pessoa idosa vai precisar de uma família estruturada, mesmo que precise de um cuidador ou que se decida por uma instituição de longa permanência. Não existe trabalho sozinho ou isolado.”

Como envolve um trabalho em conjunto, é necessário que todos os envolvidos conversem e afinem suas responsabilidades, falando abertamente sobre o tema. “As pessoas têm dificuldades, porque lidar com dependência é lidar com a finitude e ninguém quer falar sobre isso. Mas o diálogo evita o tumulto, o desconhecimento e o adoecimento mental. Chegam muitos casos para nós de cuidadores deprimidos, porque não estavam preparados, nem psicologicamente, nem financeiramente.”

Olhar para o cuidador

Diante de uma realidade que aponta para uma longevidade cada vez maior, olhar para a relação dos cuidadores e dos idosos mais dependentes é uma urgência, porque o número de pessoas capacitadas para trabalhar com o público na terceira idade ainda é muito pequeno, conforme Pitico. “Hoje as faculdades promovem esse debate e esse contato. Mas ainda precisamos conversar, escrever, debater e aprender muito sobre o envelhecimento, porque a realidade está dada e precisamos lidar com ela. Temos uma dívida social e pública com os mais velhos. Já melhoramos muito, mais ainda é preciso ir além”, reforça Pitico.

O gerontólogo ainda considera que o cuidado com quem promove essa assistência também precisa ganhar espaço. Os cuidadores também precisam de um ambiente em que possam compartilhar suas angústias, dificuldades e dores e receber acolhimento. Pitico reforça que a cidade já contou com um grupo voluntário, com reuniões mensais, dispersado com o tempo. “Principalmente quando esse cuidado é feito por familiares, é preciso ter um lugar em que se possa trocar experiências e vivências. Esse movimento é muito importante, porque essas pessoas também precisam ser confortadas. Faz muita falta.”

De acordo com Gleisi, ainda falta informação, porque é um tema muito complexo. “É preciso que o indivíduo tenha uma preparação psicológica e um planejamento até financeiro para pensar no cuidado com uma pessoa idosa, mesmo que seja por um curto período de tempo. Ao mesmo tempo, pensar na própria chegada à velhice, quando a dependência é natural. As pessoas também precisam se preparar para caso se tornem dependentes”, finaliza.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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