Estado vai retomar ensino integral em 11 escolas de Juiz de Fora

Escola Estadual Maria Ilydia irá retomar com o horário integral no próximo semestre. De 120 vagas disponibilizadas no ano passado, unidade terá apenas 35 (Foto: Fernando Priamo)

Após o Governo de Minas anunciar, em abril, redução do número de escolas que ofereciam ensino integral – medida que afetaria cerca de mil alunos e 70 profissionais em Juiz de Fora -, a gestão estadual voltou atrás e informou, na última quarta-feira (26), a retomada de 34 mil vagas em unidades de todas as regiões mineiras. A medida vai abranger Juiz de Fora e, com isso, 11 escolas da rede estadual retomarão as atividades do extraturno no próximo semestre. Segundo a Superintendência Regional de Ensino, nos municípios sob a jurisdição de Juiz de Fora – Santos Dumont, São João Nepomuceno, Lima Duarte, Mar de Espanha, Belmiro Braga, Goianá e Rio Novo – serão reintegradas 845 vagas em 22 escolas.

Não foi informado oficialmente, no entanto, o número exato de vagas por município ou escola. Contudo, a Tribuna entrou em contato com titulares destas escolas e, de acordo com eles, a expectativa é de que sejam contemplados cerca de 35 alunos e apenas uma turma por escola. As unidades de ensino, entretanto, também informaram que ainda estão analisando o total de estudantes interessados para, até o dia 11 de julho, disponibilizar um panorama exato da situação. Apesar disso, o número de alunos participantes é menor em relação ao ano passado.

“Nossa escola poderá retomar a educação em tempo integral, a partir de agosto, mas não da forma que a gente estava querendo. Nós tínhamos, no ano passado, quatro turmas e 120 crianças que participavam do programa. Agora teremos apenas uma turma com cerca de 35 alunos. Não é o ideal, mas pelo menos é alguma coisa, não queríamos perder esse projeto”, pontua a diretora da Escola Estadual Maria Ilydia Resende Andrade, Marinez Miranda Esteves. A escola fica no Bairro Furtado de Menezes, mas também atende alunos do Bairro Olavo Costa. A diretora afirma que, a partir do segundo semestre, portanto, será possível retomar o trabalho com a horta da unidade, projeto desenvolvido por meio do contraturno.

“A matriz pedagógica prevê a realização de oficinas, intervenções e aulas de cidadania e valorização da vida. Inclusive a oficina de meio ambiente vai fazer com que a gente retome o trabalho da horta escolar”. Hortaliças utilizadas nas merendas da unidade eram colhidas na horta pelos alunos do tempo integral. Atividades serão retomadas a partir do retorno do extraturno.

A diretora lamenta, entretanto, além da redução do número de vagas, a mudança em relação às turmas contempladas. Na nova diretriz da educação integral, a orientação é para que a turma cujo projeto será desenvolvido seja entre o 6° ao 9° ano. Anteriormente, o programa incluía turmas entre o 1° e 5° anos. “Além da limitação de alunos, o que eu lamento é não contemplar alunos dos anos iniciais, que, de certa forma, era uma proteção oferecida para os menores, além de estar educando a partir dos anos iniciais. É importante trabalhar com alunos de todas as séries, mas acredito que os pequenos também deveriam ter sido contemplados.”

Matriz pedagógica será desenvolvida de acordo com cada série de ensino

Outra mudança no modelo, conforme nota da Secretaria Estadual de Ensino (SEE), é que as turmas do ensino integral criadas para o segundo semestre não serão multisseriadas, ou seja, formadas por alunos de diferentes idades e níveis educacionais, como no modelo antigo. A partir de agora, as turmas serão únicas, “com progressão e trajetória regulares, acompanhamento de frequência também no contraturno e matriz curricular integrada”.

Para a seleção das escolas que reiniciarão as atividades, no próximo dia 29, foram considerados os seguintes critérios, de acordo com a SEE: ter ofertado o tempo integral no ano passado e solicitado continuidade no Plano de Atendimento para 2019; ter oferta de, ao menos, uma turma de educação básica; oferecer pelo menos uma turma regular com, no mínimo, 15 alunos para os anos de início da oferta e possuir sala ociosa no contraturno para atender o modelo proposto de oferta progressiva.

O novo modelo, ainda segundo a pasta, traz uma matriz curricular articulada entre as áreas de conhecimento, além das matérias regulares da base comum. Os alunos terão aulas de projeto de vida, cultura e saberes em arte, educação para cidadania, laboratório de matemática, ciências e tecnologia, entre outras disciplinas que passam a fazer parte da matriz pedagógica, informou o Estado.

Quatro escolas continuam de fora do contraturno

Em abril, a Tribuna mostrou que das 16 instituições que tinham o programa na cidade em 2018, apenas uma o manteve no primeiro semestre deste ano – a Escola Estadual Clorindo Burnier, no Barbosa Lage, Zona Norte. Portanto, a partir de agosto, a medida prevê que, ao todo,12 escolas ofereçam o ensino em tempo integral no município (ver quadro). Apesar disso, as outras quatro unidades escolares, que faziam parte do programa em 2018, continuarão sem o contraturno neste ano – Escolas Estaduais Professor Lopes, Doutor Clemente Mariani, Nyrce Vila Verde Coelho de Magalhães e Presidente Costa e Silva.

O anúncio da redução do número de escolas participantes do programa foi feito, também em abril, pela atual secretária estadual de Educação, Julia Sant’Anna, em reunião na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Na ocasião, a titular da pasta justificou que a intenção do Governo não era acabar com a escola integral, mas “trabalhar de forma mais responsável”. A secretária ainda argumentou que a medida visava contornar as dificuldades financeiras e evitar problemas ocorridos no ano passado por falta de repasses para custeio da merenda escolar para as unidades da rede estadual.

No entanto, após sofrer pressão dos deputados, a gestão estadual adiantou a retomada das vagas que estavam previstas para o próximo ano. A decisão prevê a retomada de mais nove mil vagas, em todo estado, em relação ao acordo anteriormente feito entre o governo e a ALMG, que previa apenas 25 mil vagas em agosto próximo. No primeiro semestre, foram criadas 30 mil vagas em 500 escolas. Com a ampliação, a rede estadual chegará, ao fim de 2019, com 64 mil vagas para o ensino integral, em 1.395 escolas. Em dezembro do ano passado eram 1.640 escolas e mais de cem mil alunos atendidos em todo o estado.

Hortaliças utilizadas nas merendas da Escola Estadual Maria Ilydia Resende Andrade, no Bairro Furtado de Menezes, zona Sudeste, eram colhidas na horta pelos alunos do tempo integral. Atividades serão retomadas a partir do retorno do extraturno (Foto: Marinez Miranda Esteves)

‘Meus filhos aprendem e realizam mais atividades’

O anúncio da retomada de vagas também foi recebido com expectativa por Andreia do Nascimento de Oliveira, mãe de um casal de alunos, de 10 e 11 anos, que frequentava a quarta série no extraturno, no ano passado, e de um terceiro estudante, 8, que começaria no ensino integral este ano. Em relato anterior à Tribuna, ela lamentou a decisão tomada em abril pelo Governo do Estado. Entretanto, agora, sua expectativa é de que os filhos sejam contemplados, para estenderem o tempo de aprendizagem dentro da unidade que estudam. Na medida anterior, a unidade foi uma das escolas que deixou de oferecer o contraturno, porém, a partir de agosto, poderá retomar as atividades extracurriculares.

“Eu estou esperando ser divulgada a relação de vagas. Meus filhos aprendem e realizam muito mais atividades quando estão dentro da escola. Sem o tempo integral, [o aprendizado] ficou muito prejudicado. No início do ano, fui até a escola em que eles estudam para conversar com a diretora sobre a situação, mas não tinha oferta. Agora, espero que meus filhos consigam as vagas”, relatou Andreia.

Em relação ao aprendizado dos filhos, durante o primeiro semestre, ela acredita que também houve prejuízo, já que ” vieram mais reclamações das professoras. Na época, que eles tinham aulas de reforço, isso não acontecia com frequência”. Pessoalmente, a possibilidade de deixar seus filhos na escola também será uma oportunidade para Andreia. Desempregada atualmente, ela pretende aproveitar novamente a circunstância para poder voltar a trabalhar.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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