Evento da Embrapa reúne estudantes em visita técnica ao Cândido Tostes

Participantes podem entender, de forma geral, como é a rotina de um laticínio (Foto: Fernando Priamo)

Os mais de cem estudantes e professores que participam, até a próxima sexta-feira (1° de novembro), do Ideas For Milk – evento promovido pela Embrapa Gado de Leite e que tem por objetivo estimular e promover projetos e soluções digitais voltadas à produção leiteira -, visitaram, nesta terça-feira (29), o Instituto de Laticínios Cândido Tostes. Após conhecerem o processo produtivo de leite, nesta segunda, em visita à fazenda experimental da Embrapa, em Coronel Pacheco, os participantes puderam entender como funciona, em linhas gerais, a cadeia produtiva e o processo de fabricação dos derivados do leite.

A intenção, comenta o chefe adjunto de transferência de tecnologia da Embrapa, Bruno Campos de Carvalho, é proporcionar a oportunidade de as equipes conhecerem duas instituições de referência na cadeia produtiva de leite no Brasil: a Embrapa Gado de Leite, focada na fazenda e na produção de matéria-prima e nos desafios do produtor, e o Instituto Cândido Tostes, na produção de laticínios.

“Estamos recebendo estudantes de diversas instituições, de diferentes cursos e de oito estados brasileiros, para conhecerem o que é feito em pesquisa em leite em Juiz de Fora. Com isso, temos participantes de diversas áreas do conhecimento e com diferentes interesses. Na parte da fazenda, geralmente é mostrado coisas relacionadas aos cursos das ciências agrárias (Veterinária, Zootecnia, Agronomia). Na parte da indústria, os procedimentos são afins às áreas de Engenharia, Design e Administração. Esse convívio, a partir das premissas do evento, leva os estudantes a compararem as diferenças e semelhanças entre as suas regiões, gera discussão e estimula os participantes a pensarem soluções viáveis para serem aplicadas na cadeia do leite”, explica Bruno.

Simulação

Na ocasião, além de observarem os procedimentos desde a recepção da matéria-prima, os participantes puderam acompanhar a simulação da produção do queijo minas padrão e de doce de leite, além de acompanharem os processos de análises de controle de qualidade e particularidades da produção, como corte do derivado, pasteurização e ponto ideal do laticínio. “Tem estudantes que não têm contato exatamente com essa área de produção. Então, nós simulamos a produção destes dois derivados para que eles possam entender, de forma geral, como é a rotina de um laticínio e quais são os gargalos que temos dentro da indústria de leite”, conta a supervisora de núcleo industrial do Instituto Cândido Tostes, Valdeane Dias.

Vacathon: conhecimento colocado em prática

Foto: Fernando Priamo

A maioria dos estudantes participa pela primeira vez do Vacathon, o hackathon do movimento Ideas For Milk. Para alguns, inclusive, a oportunidade é o primeiro contato empírico com o que aprendem em seus cursos. É o caso da estudante do 8° período do curso de Engenharia Agronômica da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP), Caroline Freire, 22. Apesar da empolgação em propor uma solução viável – Caroline garante que ela e seu grupo já estruturaram a ideia a ser apresentada na sexta -, a universitária frisa a importância da participação no evento. “É curioso porque, mesmo eu estando em uma faculdade que é referência na parte de Agronomia (…), não temos tanta proximidade com a prática, então não sabemos exatamente como funciona. Aprendemos a teoria e a experiência a gente vai ter depois, no mercado de trabalho, na empresa. O evento nos proporciona sair dessa lógica e ter a experiência mais cedo. Isso é o mais importante, (porque) estamos conhecendo desde genética e nutrição (animal) até a parte industrial. Isso é essencial para entendermos os problemas e propor soluções eficientes. Nada adianta, por exemplo, propor tecnologias que o produtor não irá usar ou que não sejam eficientes para o processo da produção.”

Por contar com alunos de diferentes cursos, a competição tecnológica, estimulada pela dinâmica do evento, tende a apresentar soluções multidisciplinares. “Em cada área visitada (pelos participantes), cada pesquisador ou técnico expõe aos alunos quais são os desafios e problemas a serem superados. Por isso, a integração de estudantes de diferentes áreas do conhecimento é importante para gerar soluções inovadoras. Nós que somos das ciências agrárias não sabemos, por exemplo, que um smartphone tem sensores diferentes e que eu poderia usar um deles para monitorar uma vaca ou um processo industrial. Por isso a gente pega estudantes com diferentes conhecimentos, põe eles para discutir um problema em comum e gera soluções inovadoras”, afirma Bruno Carvalho.

Fazer com que essa integração entre as áreas seja assertiva é um dos principais desafios do Vacathon. “Minha equipe e eu já tivemos muitas ideias entre ontem e hoje (segunda e terça), porque observamos muitos problemas a partir do momento que entramos em contato, na prática, com a cadeia produtiva do leite. E, por isso, a maior dificuldade, não só para mim, mas para a maioria dos participantes, é filtrar essas ideias e entender qual é realmente o problema que pode ser solucionado de uma forma acessível e que tenha uma relevância considerável”, relata Ellen Guerra, 27, estudante do 8ª período de Engenharia de Produção da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), em Mossoró, Rio Grande do Norte.

Foto: Fernando Priamo

Estímulo

De acordo com Bruno Carvalho, as ideias campeãs (serão cinco propostas premiadas) poderão ser estimuladas para serem, de fato, viabilizadas. Ele explica que, no evento, o intuito é a concepção e o desenvolvimento inicial da solução. Após essa etapa, é necessário que as equipes executem a prova conceito e desenvolvam um produto mínimo viável (MVP). A partir disso, pode ser feito um protótipo do produto ou solução a ser levado a campo e testado. Nesse sentido, segundo o chefe adjunto de transferência de tecnologia da Embrapa, a empresa procura, atualmente, estruturar e fortalecer o ecossistema da inovação no leite. “A Embrapa está estruturando apoio a estudantes que nos procuram e querem ajuda na prova conceito. A gente quer trazer empresas de insumos e laticínios que possam investir nas ideias e, também, nas startups que podem vir a surgir a partir desse encontro de estudantes”.

Durante o Vacathon, os participantes têm palestras sobre inovação, empreendedorismo e Design Thinking para que possam ser estimulados a continuarem os projetos em suas universidades, viabilizar startups e entrarem no mercado de trabalho. “É uma experiência que faz com que os alunos conheçam a realidade de um negócio, de duas instituições grandes da região (Embrapa e Cândido Tostes) e, a partir daí, tenham a oportunidade de criar soluções ou, quem sabe, até startups. O evento é um grande encontro de oportunidades”, comenta o professor do Curso de Sistemas de Informação do IF Sudeste – Campus Juiz de Fora, Emerson Augusto Priamo Moraes.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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