Família pede ajuda para cozinheira de JF infectada por malária na África

Therezinha com as crianças que assistiu na África (Fotos: Arquivo pessoal)

No dia 28 de outubro, a recepcionista Natália Carolina Silva Souza, 32 anos, recebeu a última mensagem de sua mãe. Ela avisava que já estava no aeroporto, prestes a voltar ao Brasil, após ficar quase um mês em missão voluntária na África. As horas passavam, e a filha de Therezinha Regina da Silva Souza acreditava que ela estava voando para casa, após realizar seu sonho de ajudar a construir a primeira escola do Grupo Esperança Viva (GEV) no vilarejo de Dombe, em Moçambique, devastado por um ciclone em março. Mas não foi isso que aconteceu. Pouco tempo antes de embarcar em Joanesburgo, na África do Sul, a cozinheira de Juiz de Fora começou a sentir fortes sintomas de malária cerebral, uma forma mais grave da doença transmitida pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, contaminada pelo parasita Plasmodium falciparum. “Ela começou a se sentir mal no aeroporto, pouquíssimo tempo antes de entrar no avião. Os sintomas começaram rápidos, porque ela não deve ter dado importância à enxaqueca, que sempre tinha. A caminho do hospital perdeu todos os sentidos: os movimentos dos braços e das pernas, do pescoço e a própria consciência. Foi levada para um hospital particular mais próximo e direto para a UTI”, contou Natália.

Therezinha, 52 anos, havia corrido atrás, fazendo bingos, almoços e vendendo pastéis nas ruas para conseguir custear a sua primeira viagem internacional, após ter sido selecionada para o trabalho voluntário. Há anos ela participa das ações sociais católicas vinculadas à Fazenda da Esperança. Para poder viajar, ela também passou a ir a pé para o serviço, a fim de guardar o dinheiro da passagem. Sem seguro saúde, ela não imagina que, agora, sua família e seus amigos estão fazendo de tudo para trazê-la de volta ao Brasil. Como os custos finais com o tratamento estão estimados em R$ 80 mil, eles criaram uma vaquinha na internet para receber contribuições de quem se solidarizar com a causa da cozinheira, que viajou exatamente por se preocupar com o próximo. “Essa ajuda é primordial, porque, infelizmente, não temos condições de arcar com esse valor exorbitante. Não esperávamos passar por isso. Era uma viagem programada para dar tudo certo. Qualquer ajuda, qualquer valor será bem-vindo”, disse Natália.

Therezinha está internada no Arwyp Medical Centre, em Kempton Park, Joanesburgo. “Foi primordial ela não ter embarcado. Se entra no avião, não teriam conseguido salvar a vida dela”, avaliou a filha. “Como ela apresentou sintomas já muito graves, levaram-na para o hospital mais próximo, que é particular. Um padre pagou a entrada dela e os primeiros dias. A vaquinha é para podermos conseguir pagar o restante.” Apesar do enorme susto, a recepcionista está otimista. “Eu e meu irmão de 28 anos, que trabalha no Rio, ficamos desesperados sem poder fazer nada daqui e pedindo a Deus para salvar a vida dela.” O chamado parece ter sido atendido na última sexta. “Ela acordou, mas continua na UTI. A estimativa é que fique até o final desta semana. Aparentemente, a doença não deixou sequelas.”

Embaixada

Missionários de todo o país e outras três voluntárias de Juiz de Fora acompanhavam Therezinha na viagem. Uma delas também deixou de embarcar para ficar com a companheira. “Os voluntários que estavam lá nos passavam as informações do boletim médico. Na quarta-feira, a Embaixada assumiu o caso e falava diretamente com o médico. Assim conseguimos notícias mais concretas”, conta Natália. A cozinheira parece lutar contra a doença sem medir esforços, assim como não se importou com a longa viagem. “Eles saíram daqui dia 3 de outubro e chegaram dia 5. Além das escalas, em Joanesburgo ainda pegaram mais 15 horas de ônibus até chegar à fazenda onde ficaram hospedados. Nos comunicamos o tempo todo pelo WhatsApp, e estava tudo correndo superbem”, lembrou a filha. Ela só descobriu o que havia sucedido após uma amiga em comum dela e da mãe mandar mensagem questionando por que estavam pedindo orações para Therezinha.

Segundo o Médico Sem Fronteiras (MSF), a malária é a doença mais frequente nos hospitais e centros de saúde da organização humanitária. “É uma infecção parasitária que afeta os glóbulos vermelhos do sangue. É uma doença evitável, detectável e tratável, que se apresenta mais comumente em regiões pobres.” Ainda segundo o MSF, o Plasmodium falciparum, responsável por transmitir a chamada malária cerebral, é a principal causa dos casos graves e das mortes.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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