GPS aponta que ex-marido esteve onde corpo de Claudia foi encontrado

Corpo foi encontrado em local ermo, já esquelético da cintura para cima (Foto: Polícia Civil)

A Polícia Civil informou nesta quarta-feira (10) que o ex-marido de Claudia de Paiva Rezende Alves, 47 anos, esteve na mesma área onde o corpo dela foi encontrado na última terça. Segundo as investigações, o GPS do celular de Jaime Tristão Alves, 41, apontou a presença dele naquela região da Barreira do Triunfo, Zona Norte, no dia 6 de julho, quando a vítima desapareceu, há mais de cinco meses. O corpo foi achado em avançado estado de decomposição, em uma mata fechada às margens de uma estrada vicinal, a cerca de 400 metros da BR-040, na altura do km 773. Devido ao estado do cadáver, que já estava esquelético da cintura para cima, não foi possível detectar a causa da morte da moradora do Bairro Nova Era. A polícia ainda aguarda o resultado do exame para saber se os vestígios de sangue no carro de Jaime e na jaqueta que ele estaria usando no dia do sumiço eram da mulher. O material foi encaminhado a Belo Horizonte para ser confrontado com o DNA de familiares de Claudia.

O delegado responsável pelo caso, Rafael Gomes, acompanhou o exame de necropsia. “O crânio não apresentava qualquer tipo de lesão. O laudo vai ser confeccionado com causa de morte indeterminada.” Para ele, a materialidade do crime, obtida com a localização do corpo da vítima, reforça ainda mais as suspeitas em torno de Jaime, preso no Ceresp desde 8 de agosto e denunciado pelo Ministério Público, no início de novembro, por feminicídio e ocultação de cadáver. Após a localização do corpo na terça, o acusado foi levado da unidade prisional para prestar novo depoimento na 1ª Delegacia Regional, em Santa Terezinha. Acompanhado do advogado, ele se reservou ao direito de só prestar declarações em juízo. “Ele é uma pessoa extremamente fria. Ao mostrarmos as imagens do corpo, não se manifestou nem esbouçou qualquer tipo de reação. Após ceifar a vida da Claudia, fez de tudo para encobrir o crime e não ser punido. Porém, não contava com a investigação da Polícia Civil”, avaliou o delegado.

A denúncia que colocou fim ao enigma sobre o paradeiro da mulher havia chegado à equipe das 1ª e 2ª Delegacias, responsáveis pela Zona Sul e Cidade Alta. “Cuidamos de uma área enorme, inclusive aquela da BR-040. Sempre estamos fazendo investigações e levantando coisas suspeitas. Ontem tivemos a informação de que um corpo teria sido localizado naquela região. Fomos para o local e entrei em contato com o delegado Rafael, uma vez que se tratava de uma mulher. Ele perguntou se ela estava com uma roupa rosa, e houve a confirmação. Já havia fortes indícios de ser a Claudia. O delegado se deslocou com sua equipe, onde verificou-se que realmente era a vítima desaparecida desde julho”, contou o delegado Eurico Cunha Neto. Segundo ele, o local era de difícil acesso. “Quem a deixou, saiu da BR-040, entrou na estrada vicinal e deixou o corpo debaixo de árvores, em local úmido, onde a putrefação é mais lenta e inibe a presença de urubus. Por isso foi tão difícil a localização.”

Durante as duas horas em que os policiais estiveram no local, não houve qualquer aproximação de veículos ou pessoas, confirmando se tratar de uma região erma. Entretanto, conforme a polícia, Jaime poderia conhecer a área, porque costumava fazer trilhas de moto. O delegado Rafael disse não descartar a hipótese de premeditação. “Fomos até a mata fechada e, de imediato, avistamos o cadáver. Para quem participou das investigações, sem dúvida nenhuma tratava-se da Claudia. Estava com as mesmas vestes usadas no dia do desaparecimento: body rosa, calça jeans e botas marrom. São as roupas com as quais ela aparece na última imagem (de câmera de segurança do Nova Era), quando ela entra no carro do Jaime.”

O delegado informou que os novos elementos, como a localização do cadáver e o resultado do exame de DNA, vão ser anexados ao processo, que já corre na Justiça. A audiência de instrução do caso inclusive está marcada para esta sexta-feira (13), às 13h30, no Tribunal do Júri do Fórum Benjamin Colucci. Além da Promotoria e defesa apresentarem as alegações finais, testemunhas também serão ouvidas pelo juiz Paulo Tristão nesta fase de coleta de provas orais. “A investigação é robusta e contundente. Todos os elementos apontam o Jaime como autor do crime. Conseguimos levantar a localização do celular dele no dia do desaparecimento, onde comprova-se que ele esteve naquela região. Já tínhamos essa informação, porém, devido à extensa área territorial, aliada ao fato de como o corpo estava, seria impossível, por intermédio de uma varredura, conseguir localizar o cadáver.”

Rafael reforçou que o corpo é mais um elemento de prova contra Jaime, “uma vez que foi encontrado exatamente onde o celular dele apontava a localização”. O delegado acredita que o acusado possa ter carregado Claudia sobre o ombro esquerdo, lado onde havia vestígios de sangue na jaqueta dele, e caminhado do veículo até onde ela foi deixada em mata fechada. “Não podemos afirmar se ele a matou no interior do carro e a desovou. Seria apenas suposição. O fato é que o casaco dele apresentava manchas de sangue apenas do lado esquerdo, o que faz crer que ele possa ter carregado a Claudia e a deixado na mata, pois foi achada de barriga para cima. O cadáver foi coberto com folhas para dificultar a localização. Porém, com as chuvas, foi ficando descoberto.” Claudia foi reconhecida formalmente por um familiar pelas roupas, por um implante dentário e uma cicatriz abaixo de um dos joelhos. As pernas da vítima teriam continuado preservadas pela calça jeans, mesmo cinco meses depois da possível data da morte.

Relacionamento ia de um extremo ao outro

No decorrer das investigações também foram recuperadas as conversas de WhatsApp entre Claudia e o ex-marido. “Comprovam uma relação extremamente conturbada. Iam dos extremos de ódio e amor em um prazo muito rápido. Temos diversos áudios do Jaime, nos quais ele diz que já não aguentava mais o ciúme da Cláudia. É possível se falar em premeditação? Naquele dia não há dúvida nenhuma que ele marca um encontro com ela. Agora se seria para ceifar a vida da Claudia ou se seria um encontro amoroso, que acabou em homicídio, não podemos afirmar”, pontuou o delegado Rafael Gomes.

Uma amiga de Claudia, Eliana de Freitas, 51, esteve na delegacia nesta quarta. “Foi um alívio terem encontrado o corpo dela, porque todo mundo estava muito sentido. Era uma pessoa maravilhosa com os filhos, os vizinhos. Eu a amava muito.” As duas se aproximaram há cerca de três anos, quando Eliane mudou-se para o Nova Era. “A relação deles não era boa, mas ela só contava que havia se separado. Não comentava sobre ameaças, só sofria e chorava porque gostava muito dele.” A amiga também tinha contato com os dois adolescentes filhos do casal. “A mãe era muito presente em tudo. Foi muito difícil para eles. Ela vai fazer falta para todos nós.”

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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