Hospitais de Juiz de Fora recebem apoio da iniciativa privada

Ninguém estava preparado para a pandemia da Covid-19. Quando o novo coronavírus se espalhou pelo mundo, os países se viram em combate a um inimigo desconhecido, invisível e com riscos reais de mortalidade. No Brasil, o enfrentamento começou em março, quando o país convivia com outros problemas decorrentes da crise econômica. Com estados e municípios comprometidos financeiramente, a situação se tornou ainda mais desafiadora. Neste contexto, o apoio da iniciativa privada tem sido muito importante. Em Juiz de Fora, hospitais e unidades de saúde receberam doações de empresas para melhorias na infraestrutura necessária para a luta contra a doença.

O Moinho, empreendimento imobiliário com foco no compartilhamento de espaços, doou quatro respiradores para dois hospitais da cidade. “Fomos movidos pelo forte desejo de contribuir para a superação deste momento tão delicado, doando os ventiladores pulmonares que são o principal equipamento para tratar as formas mais graves da doença”, explica a assessora de comunicação Carmen Calheiros.

“O compromisso é de todos os cidadãos, sem exceção. Vivemos um momento no qual ser colaborativo é questão de sobrevivência. Cada um fazendo a sua parte para a autoproteção e contribuindo para a proteção da coletividade”, assessora de comunicação Carmen Calheiros
(Foto: Dr. João Penido/Divulgação)

Os aparelhos foram entregues, em março, para o Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e o Hospital Regional João Penido. “Os dois hospitais são públicos e, à época, já havia a indicação de que seriam referência no atendimento a pacientes com a Covid-19 na cidade e região”, diz, sobre a escolha das unidades.

Para ela, a situação pede o envolvimento de toda a sociedade. “O compromisso é de todos os cidadãos, sem exceção. Vivemos um momento no qual ser colaborativo é questão de sobrevivência. Cada um fazendo a sua parte para a autoproteção e contribuindo para a proteção da coletividade”, afirma. “Cabe ao Poder Público liderar o processo de enfrentamento da pandemia, de maneira estruturada, mas os problemas são complexos e exigem a mobilização de todas as forças sociais na busca de soluções efetivas.”

Outras ações
Além da entrega dos respiradores, o Moinho tem preparado a infraestrutura do seu espaço, no Bairro Francisco Bernardino, na Região Norte, para funcionar como apoio ao atendimento à saúde, caso seja necessário. Os profissionais do empreendimento também têm atuado em grupos de trabalho, mobilizados pela sociedade civil, para a produção de máscaras que são destinadas às unidades de saúde e a população vulnerável.

‘Contribuir é uma forma de retribuir’

Na visão das empresas envolvidas em ações solidárias durante a pandemia, ajudar a reduzir as dificuldades da situação é reconhecer o papel social que possuem. “É importante contribuir nesse momento de incerteza, que precisamos cuidar um do outro. E contribuir é uma forma de retribuir tudo o que a cidade e os clientes têm feito pelas empresas. Recebemos muito apoio das prefeituras para a nossa instalação nos municípios”, analisa o relações públicas do Grupo Bahamas, Álvaro Pereira Lage Filho.

A rede doou 12 mil litros de álcool 70% para a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). Conforme o Município, o material tem sido redirecionado às unidades de saúde, como Hospital de Pronto Socorro (HPS), Unidade de Urgência Regional Leste, Pronto Atendimento Infantil (PAI) e Unidades Básicas de Saúde (UBS).

O Grupo Bahamas também ampliou a campanha Troco Solidário para contribuir no combate à Covid- 19. Além do dinheiro arrecadado junto aos clientes, que é destinado para entidades filantrópicas da cidade, o supermercado irá doar o valor equivalente ao obtido na campanha para instituições municipais ligadas ao enfrentamento da doença, como hospitais e unidades de saúde. A iniciativa será realizada nos meses de maio, junho e julho. Na sexta-feira, o grupo iniciou a distribuição de 80 mil máscaras para os 16 municípios onde possui unidades.

Para Álvaro, a responsabilidade social deve fazer parte da rotina empresarial. “O Bahamas tem o conceito de empresa cidadã por atuar de forma bastante próxima às prefeituras e comunidades onde está presente. Não poderia ser diferente neste momento”, pontua. “Este compromisso tem sido levado também para as nossas lojas para garantir a segurança dos nossos colaboradores e clientes.”

‘É preciso incentivar ações solidárias’

A Drogaria Souza também sempre atuou em causas sociais na cidade. “Este princípio de solidariedade vem desde antes da pandemia. Mas nesse momento, entendo que é fundamental quem pode, ajudar”, afirma o proprietário Bruno Souza. Ele conta que sempre preferiu a discrição com relação ao envolvimento do estabelecimento em projetos sociais, mas compreende que agora a divulgação exerce um papel importante. “É preciso incentivar ações solidárias, a multiplicação dessas ajudas.”

O estabelecimento integra um grupo que também inclui pessoas físicas e promoveu a doação de termômetros e oxímetros para unidades de saúde. Além da ajuda para auxiliar na infraestrutura destes locais, eles foram responsáveis pela doação de 37 mil máscaras para profissionais da saúde e a população vulnerável.

Bruno acredita que toda ajuda é bem-vinda neste momento. “A nossa loja está aberta e funcionando com todos os cuidados. Tivemos queda de 50% do movimento, pois a drogaria estava sempre muito cheia e agora limitamos a entrada das pessoas. Mas enquanto tivermos condições, entendemos que é nossa obrigação contribuir com a sociedade.”

Campanhas seguem abertas nas unidades de saúde

Após a entrega dos respiradores ao HU-UFJF, o superintendente da instituição, Dimas Augusto Carvalho de Araújo, enviou uma nota de agradecimento aos representantes do Moinho. A mesma atitude foi feita pelo diretor do Hospital Regional João Penido, Daniel Ortiz Miotto. A gratidão e a relevância das contribuições, de pessoas físicas e jurídicas, também são mencionadas pela Prefeitura de Juiz de Fora.

Em depoimento à Tribuna, a coordenadora do grupo de trabalho das doações do HU-UFJF, Érika Maria Henrique Monteiro, destacou que a instituição segue realizando campanha para o recebimento de equipamento de proteção individual (EPI) e insumos.

“Considerando a imprevisibilidade da extensão e duração desta pandemia, o HU elaborou a campanha como uma medida de precaução e prevenção, para evitar o desabastecimento neste período. Até o momento, recebemos várias doações, as quais vêm somando esforços para desenvolvermos soluções que contribuem de maneira estruturada nessa batalha contra o novo coronavírus.”

A assessoria da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), responsável pela administração do Hospital Regional João Penido, também continua recebendo doações, principalmente para a compra de EPIs. A rede afirma que “possui estoque suficiente”, mas está atenta “às dificuldades enfrentadas em outros estados e países na aquisição desses materiais” e, por isso, tem uma equipe dedicada exclusivamente à gestão desses insumos, monitorando diariamente os estoques de cada hospital. Quem quiser contribuir deve acessar o site da Fhemig.

A PJF informou que dentre as doações feitas pela iniciativa privada para contribuição com a infraestrutura das unidades de saúde, está o recebimento 200 testes rápidos para Covid-19. Os artigos foram encaminhados para o uso dos profissionais da saúde. Em nota, o Município ressaltou que “considera essas doações de extrema importância, haja vista todo esforço que está sendo necessário no enfrentamento ao novo coronavírus, por todos os setores da Administração.”.

O texto relembra que o Município abriu dois chamamentos públicos (editais 412 e 413), disponíveis no site para o recebimento de materiais, insumos e equipamentos. “A Administração possibilita que pessoas físicas e jurídicas possam colaborar neste desafio e exercer a solidariedade em benefício daqueles que necessitarem do sistema público durante a pandemia.”

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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