Infectologista avalia regressão à onda vermelha em Juiz de Fora

Desde que Juiz de Fora entrou para a onda verde do Minas Consciente – a menos restritiva do programa -, em outubro, a evolução da situação epidemiológica da cidade acabou levando o Comitê Municipal de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19 a voltar atrás em suas decisões. No último dia 14 de novembro, o município regressou à onda amarela (intermediária). Entretanto, novas pioras levaram o colegiado a optar por voltar à onda vermelha. A decisão foi tomada nesta quinta (4 de dezembro) e deve permitir apenas o funcionamento de estabelecimentos classificados como essenciais. Entrevistado pela Tribuna, o médico infectologista Guilherme Côrtes acredita que a decisão foi “a medida mais acertada”, apesar de “tardia”.

Para o especialista, mesmo na onda vermelha, as restrições deveriam ser ainda mais severas. Isto porque, de acordo com o infectologista, as flexibilizações tiveram grande contribuição no aumento do número de casos em Juiz de Fora. Nos últimos dias, a cidade vem contando com recordes diários de diagnósticos. Ontem, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) divulgou que houve um aumento de 483 casos confirmados em 24 horas, elevando para 9.934 o total de infecções registradas no município. O número de vítimas fatais subiu para 336 na cidade. 

“Nós deveríamos ter um protocolo de lockdown, para maior controle de transmissão viral e para retomada de uma estratégia de onda vermelha”, defende Côrtes. Lembrando de uma das propostas da equipe do futuro governo norte-americano, o infectologista aponta que o controle da pandemia e as atividades econômicas são paralelas. “A economia não vai ser retomada se não houver controle da transmissão viral”, diz. “No final de outubro, tinha muito vírus circulando e foi quando foi feita a opção para ir para a onda verde. Com isso, houve a aceleração dos casos, porque já vínhamos de um platô com muitos casos.”

Ainda conforme o especialista, alguns estabelecimentos como bares, restaurantes e academias “são os principais locais de transmissão”. “A abertura desses locais, certamente, ajudou bastante a aumentar a aceleração de novos casos.” 

Cuidados básicos

De acordo com o infectologista, os protocolos sanitários básicos, como utilização de máscara, álcool gel e distanciamento, não seriam suficientes para barrar totalmente a transmissão do vírus. “Se fosse tão simples assim, o mundo não teria parado por conta da Covid-19. Nós temos que instituir ações para controle da transmissão viral para poder retomar a economia com segurança.”

Questionado sobre os embates com o setor econômico, Côrtes reforça a necessidade de uma estratégia unificada para o controle da pandemia. “Foi essa ‘queda de braço’ que, na verdade, não trouxe uma solução para o problema. Está no momento de todo mundo, junto, traçar a melhor estratégia para isso. Imagino que as vendas de Natal sejam urgentes agora porque foi ruim o ano todo, e foi ruim porque não conseguimos controlar a transmissão viral ao longo do ano todo”, exemplifica.

Processo eleitoral

No dia 27 de setembro, os candidatos à Prefeitura e à Câmara iniciaram suas campanhas para as eleições municipais de 2020. Durante todo o período, a região central da cidade, em especial, contou com grande movimentação de pessoas. De acordo com Guilherme Côrtes, este modo de se fazer campanha pode ter contribuído, também, para o crescimento nos casos de Covid-19 em Juiz de Fora. 

“A velha forma de se fazer campanha política, do chamado corpo a corpo, dos churrascos, dos encontros, das reuniões, foi realmente um grande motivo para a aceleração que estamos vendo”, explica. “A abertura econômica antes já estava permitindo essa aceleração. Depois, acelerou muito mais com essa onda verde no final de outubro/início de novembro”, afirma.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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